Esperança como traço cultural
Durante o último setembro as ruas de São Paulo ficaram mais coloridas por conta de uma exposição, onde dezenas de esculturas em forma de corações buscaram através da arte, aquecer o sentimento de amor nessa fase de retomada que vivemos.
Em cada coração havia uma história real, mas uma dúvida ficou no ar: Quem eram os autores daquelas histórias que tanto emocionaram o sempre apressado cidadão paulista?
Encontrei uma das autoras, ela prefere se manter anônima, mas me contou o que sentiu quando viu a escultura pronta e viu a reação das pessoas ao ler sua história.
“Alguns meses atrás, escrevi uma história, ela contava sobre a rotina num ambiente hospitalar, onde eu trabalhava. A intenção era satisfazer a curiosidade de alguns, mas principalmente destacar os profissionais de saúde que sempre estiveram cuidando de todos e que continuarão com essa assistência após o fim da pandemia.
A escultura que minha história inspirou foi intitulada “Sua generosidade, minha gratidão” pelo artista Gusta Vicentini, que retratou a confiança existente entre quem cuida e quem recebe esse cuidado.
Tive a oportunidade de observar alguns desses profissionais da área da saúde lendo a história enquanto passavam pelo local onde a escultura ficou e registrei em minhas memórias cada gesto de orgulho por se sentirem representados, misturado com o sentimento de valorização da luta que travamos todos os dias pela vida, nesse momento tão desafiador, num país sobrecarregado de problemas.
Alguns seguiam para o trabalho mais confiantes de sua escolha profissional, outros iam pra casa, fortalecidos pela mensagem de que não estão sozinhos nessa batalha. Toda ação importante, seja ela positiva ou não, tem o poder de nos afetar, mas sabendo que boas ações podem reduzir o estresse, por que não usar essa ferramenta a nosso favor?
Valorizar e reconhecer gestos pequenos, elogiar a educação e o respeito, em qualquer área, em qualquer idade, poderiam se tornar hábitos comuns. A empatia deveria ser cotidiana, pois ajudar a melhorar o dia de alguém faz com que o nosso dia se torne melhor também.
Viajei por muitos lugares no mundo, mas o único onde vi pessoas com poucas condições serem solidárias em todos os momentos, até nas situações mais extremas, foi em solo brasileiro, o orgulho de pertencer a esse cantinho do mundo me faz reconhecer a mensagem que nosso povo transmite, do quanto é importante não desanimar e continuar, cada um da sua forma, contribuindo para a construção de tempos melhores.”
Esse foi o relato que me foi presenteado e que gostaria de compartilhar com vocês. A história que inspirou essa escultura e todas as outras ainda estão disponíveis no site dos responsáveis pela exposição: artoflove.art
Até a próxima.
Este artigo foi escrito por Juliana Lima e publicado originalmente em Prensa.li.