A estranha doença da ricaça
Uma mulher de Pouso Alegre tinha dinheiro que não acabava mais. Viajava pelo mundo todo, sempre de primeira classe. E o planeta era pequeno para ela. Tirava foto em tudo quanto é lugar famoso - Coliseu em Roma, Estátua da Liberdade em Nova York, pirâmides do Egito, Museu do Louvre em Paris etc etc etc.
Joia ela comprava era de turma. Pendurava tanto brinco e colar que ficava com cãibra no pescoço. Tinha tanto empregado que nem conseguia guardar o nome de todo mundo.
Mas o que ela gostava mesmo era de fazer plástica. Diminuiu as orelhas, empinou o nariz, fez lipo na barriga, no forévis, nas coxas, na papada, arrancou as bochechas, tirou costelas, levantou os peitos etc etc etc. A mulher parecia carro de competição: nada mais era original.
Então de repente começou a acontecer uma coisa estranha. Sem mais nem menos a mulher começou a soltar pum. Se levantasse muito os braços, queimava a pórva. Se abrisse muito a boca, queimava a pórva. Se fechasse o olho com força, queimava a pórva.
Era um tormento. Então ela procurou os ufólogos caipiras Tonho e Zé, dois especialistas nos mais diversos tipos de fenômenos inexplicáveis.
Depois de examinarem a mulher de cima até embaixo, Tonho deu o diagnóstico:
— Minha senhora, nunca vi nada igual. A senhora fez tanta plástica que deve ter tirado, ao todo, uns 25 quilos de pelanca. O resultado é lógico: a senhora ficou com o couro curto. Qualquer movimento de seu corpo que estica muito a pele, reflete lá na região onde não bate sol e a senhora queima a pórva, ou seja, abre o registro...
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.