Eternos é diferente de tudo que a Marvel já fez
Com direção de Chloé Zhao, primeira diretora asiática a receber o prêmio de Melhor Direção no Oscar por “Nomadland” (2020) - que também ganhou Melhor Filme na mesma edição - “Eternos” entrega ao público uma belíssima fotografia e um roteiro sensível e cheio de nuances.
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Com cena não-explícita de sexo, uma personagem muda e primeiro herói gay (com direito a beijo), "Eternos" é um projeto ambicioso até mesmo para o UCM.
Ainda com o humor típico das produções da Marvel, o filme não se assemelha aos seus antecessores e pode causar estranheza à alguns fãs. A trama é lenta e, por vezes, cansativa, e – talvez – faria mais sentido se tivesse sido transformada em uma série.
Enquanto alguns personagens são cativantes e despertam interesse – Kingo (Kumail Nanjiani), Sprite (Lia McHugh) e Thena (Angelina Jolie) -, outros acabam se perdendo na narrativa – Ajak (Salma Hayek), Sersi (Gemma Chan) e Ikaris (Richard Madden).
Quanto à Kit Harrington, eterno Jon Snow, que interpreta Dane Whitman, ou Cavaleiro Negro, não há muita informação certa sobre o seu futuro no UCM. Mas, seu reencontro com Richard Madden, também de Game of Thrones, certamente foi um belo momento para os fãs da série.
Inclusive, em certas partes do filme os personagens falam sobre Clark Kent, da DC Comics, comparando Ikaris – que é o celestial mais poderoso do grupo, que lança fogo dos olhos e voa – ao famoso super-herói da concorrente – o Superman. E, como se não bastasse, a Marvel presenteia os fãs com uma breve menção à Star Wars.
É, de fato, uma nova era.
“Eternos” é cheio de reviravoltas. O que você imagina ser no início é completamente diferente no final. E isso, se sobrepõe a qualquer crítica que você possa ter sobre o filme. Queira você goste ou não, a obra de Zhao impõe um novo formato de narrativa sobre os super-heróis da Marvel.
Heróis, vilões ou simplesmente humanos? Eis a grande questão.
Os eternos, assim como os nossos queridos heróis da Marvel que acompanhamos nos últimos anos, lidam com seus dilemas e dúvidas sobre seus reais objetivos na terra. Em alguns momentos, me lembrei das “brigas entre irmãos” de Capitão América: Guerra Civil (2016). Não foi nada inovador, mas, por fim, serviu seu propósito.
Afinal, quem são esses Eternos?
Seres perfeitos e sem defeitos? É, basicamente, a ideia por trás dos Eternos. Com Angelina Jolie no elenco, não era de se esperar nada menos do que isso.
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Os eternos são, basicamente, seres que vivem na Terra em segredo há milénios e protegem a humanidade contra os Deviantes, criaturas mais assustadoras que os Chitauri. Porém, tanto os eternos quanto os Deviantes, foram criados pelos celestiais - uma espécie de seres cósmicos extraterrestres extremamente poderosos.
Em outros termos, os celestiais são a raça mais poderosa e antiga do universo.
Eles foram responsáveis pelos maiores eventos evolutivos da humanidade, e por criar outras raças – entre elas, os Eternos.
Mas por que esses seres não interferiram quando Thanos estalou os dedos?
Eu sei que você estava se perguntando sobre isso. Se os celestiais têm tamanho poder e soberania, por que, então, eles não interviram nos planos de Thanos?
A resposta simples, mas não tão satisfatória. Os Eternos têm como missão proteger a Terra contra os Deviantes, mas não interferir nos conflitos dos humanos. A lógica é que, entre paz e conflitos, existe uma evolução humana que não pode sofrer interferência dos celestiais.
Não há barreias para o amor. Imagem: Divulgação
Se você gostou da série de “Loki”, provavelmente vai compreender e gostar de “Eternos” também. Existe uma forma muito delicada de demonstrar a dualidade do ser humano – mesmo quando se trata de seres que não são humanos.
Enquanto "Vingadores" nos apresentou heróis extremamente “na linha”, como o Capitão América, e outros fora da curva, como Tony Stark, “Eternos” nos mostra personagens extremamente próximos à humanidade. Tão próximos que se tornam – quase - humanos.
Além das cenas de ação, “Eternos” entrega poesia em diversos momentos. O filme não é sobre salvar a Terra, é sobre amar a humanidade.
Eternos é, acima de tudo, um filme sobre amor.
Se você está se perguntando se vale a pena assistir, se é um filme bom ou ruim, eu digo: assista. Sem pensar nas outras produções da Marvel. Assista com os olhos de quem está vendo algo pela primeira vez.
Vale a pena.