Eu desconectado
O Eu representa um conjunto de modelos naturais que nos torna singular, o desenvolvimento do Eu surge como consequência da imersão direta que temos com um meio existencial e cada meio existencial apresenta diferentes linhagens de pensamentos , essas linhagens de pensamentos fazem brotar padrões comportamentais que vão acabar por definir o tipo de meio.
Os nossos princípios e crenças são os maiores responsáveis pela definição da nossa maneira de Pensar, Ser, e Viver ou simplesmente PSV. O nosso PSV é um simples espelho que reflete a cultura educacional que acarretamos, essa mesma cultura educacional, representa o pilar do nosso Eu, a qualidade da mesma, desenrola um papel fundamental na definição da integridade e do carácter do Eu…
Andamos em ambiente altamente flutuante, onde as influências vagueiam a quase todo espaço que nos encontramos, por essa razão nós somos escravos contínuos das influências, é quase impossível estarmos livre dela, visto que onde há socialização sempre há de existir influências.
As influências desta feita, têm sido os grandes responsáveis na mudança dos modelos que compõem os nossos princípios e crenças, ela é um fator que pode arrancar o Eu da sua "realidade original" e o levar até a uma "realidade comparativa".
Uma realidade onde o Eu vive à base de comparações, onde o Eu procura igualdade na desigualdade, Onde o Eu é obrigado a sacrificar os seus princípios e integridade simplesmente para ser "Ele" ou "Ela", e tudo isso representa uma grande traição para com a natureza, pois segundo a natureza, o que define um ser, é a sua singularidade e não a sua pluralidade.
O meio externo sempre foi um dos maiores responsáveis pela definição do Eu, pelo facto de que todo meio carrega um grau acentuado de influências, cada Eu quando exposto em um meio deve obrigatoriamente adaptar-se as condições impostas pelo meio, a fim de poder ser aceite por esse mesmo meio.
Cada meio como já fora dito, apresenta um modelo de pensamento, que com base nesse modelo de pensamento, o meio vai possuir uma forma de viver; é a partir desses aspectos que surgem "indivíduos esponjas🧽" e "indivíduos peneiras⚖️", os indivíduos esponjas são aqueles que absorvem tudo quanto existe no meio sem fazer uma avaliação integral daquilo que está absorver.
São indivíduos que facilmente deixam-se levar pelas energias incorretas do meio, tudo isso ocorre porque, os seus princípios são facilmente corrompidos; e no outro lado temos os indivíduos peneiras, que agem de maneira contrária, são aqueles que filtram tudo aquilo quanto é benéfico para o seu Eu.
São indivíduos que mantêm firme os seus princípios, ou seja, são indivíduos que agem como garrafas térmicas, mantém constante o seu conteúdo interno, evitando uma troca de calor com meio externo, pois eles estão conscientes que essa troca pode causar alterações no conteúdo interno.
Desta feita, a desconexão do Eu surge por meio dessa perspectiva abordada; deixamos de viver com base os nossos princípios e crenças, e passamos a viver com base nos princípios e crenças de outrem, não podemos permitir que as influências nos levem até a realidade comparativa, pois é aí onde a gravidade da situação ganha poder.
Ficamos tão preso a essa realidade comparativa e esquecemos da realidade que nos torna singular; a realidade que nos torna singular, apenas quer tornar-nos melhor do que nós mesmo, quer fazer de nós o nosso próprio espelho, criando assim um maior grau de satisfação.
Já a realidade comparativa quer apenas tornar-nos melhor ou igual a outra pessoa, quando na verdade, pessoas nunca serão melhores do que pessoas, e pessoas nunca serão iguais à pessoas, cada um apresenta aptidões e características específicas que vão definir a unicidade do Ser.
Este artigo foi escrito por Rafael Fernandes e publicado originalmente em Prensa.li.