Expectativas para a sexta temporada de Black Mirror
Doze anos após o lançamento do seu primeiro episódio, Black Mirror está às vésperas de estrear a sua sexta temporada. A série com ar futurista, que conquistou o público com diversos questionamentos a respeito do destino da humanidade atrelado aos avanços da tecnologia, dá indícios de retorno.
Após mudanças de direção e produção os criadores da série e a Netflix chegaram a um acordo e, apesar de não termos data certa para lançamento oficial, já existe sinal verde para a sequência.
Desde intrigas familiares, passando por contratempos amorosos, e chegando a problemas de caos público, a série deixa claro como os avanços (a passos largos) da tecnologia podem desencadear problemas de diversas naturezas e em diversos campos da sociedade.
Por mais que os fãs já estejam contando os dias para o lançamento dos novos episódios, o fato de tratar cada capítulo como uma história completamente independente das demais, faz com que Black Mirror conquiste novos fãs a cada lançamento, entretanto na última temporada não foi bem assim.
A quinta temporada, lançada em 2019, não só trouxe menos episódios do que o habitual, como também deixou a desejar no quesito roteiro. Mesmo contando com participações como Miley Cyrus, Anthony Mackie e Yahya Abdul-Mateen II, os contos resumidos a três capítulos ficaram abaixo do esperado em sua maioria.
Portanto, para você que ainda não conhece a obra, ou para você que pretende se aquecer para os capítulos novos, segue abaixo os melhores episódios da série, de acordo com o jornalista que vos fala.
Cinco estrelas - Quatro episódios
Por mais que o viés principal da série seja a ambientalização futurista e os acessórios com visual De Volta Para o Futuro, os capítulos onde a tecnologia é apenas coadjuvante de uma problematização humana ainda maior, são os mais cativantes e intrigantes.
4 – Black Museum – 4ª temporada
Em meio a uma Roadtrip, Nish, interpretada por Letitia Wright, precisa parar em um posto à beira da estrada para recarregar a bateria solar de seu carro, e enquanto espera decide visitar um museu próximo ao posto. Entretanto, o que parecia ser somente um passeio para gastar tempo, torna-se algo macabro e desumano.
Logo ao chegar ao museu, Nish se depara com o próprio dono do lugar, Rolo Haynes, interpretado por Douglas Hodge, que prontamente se propõe a comandar o tour pelo museu assustador.
Ao invés de obras de arte, o museu de Haynes é repleto de artefatos que ele mesmo havia coletado de seu antigo emprego.
Rolo trabalhava buscando “soluções tecnológicas" para problemas de diversas naturezas.
Com muita frieza e sem um pingo de compaixão, o proprietário do museu mostra à jovem garota equipamentos e artefatos que havia construído, contudo, ao invés ajudar as pessoas, acabou levando-as à ruína.
Desde aparelhagem utilizada para fins nada medicinais, passando por experiências imersivas de caráter extremamente preconceituoso, até mesmo maneiras de driblar a morte tornando pessoas em meros objetos com consciência.
Por fim, o episódio, nessa altura já impactante, consegue arrancar ainda mais suspiros e surpresas aos espectadores, com a última “atração” do museu e com um final espantador, porém com um plot twist nota dez.
Dessa forma, com um discurso social importantíssimo, Black Museum encerrou muito bem a quarta temporada da série.
3 – San Junipero – 3ª temporada
Sem sombra de dúvidas, San Junipero é o episódio mais romântico de toda a série. Com ares de anos 80 (na maior parte do tempo), muito glitter, gel fixador e laquê, o terceiro episódio da terceira temporada tem potencial de sobra para te emocionar.
Yorkie, interpretada por Mackenzie Davis, visita uma discoteca em uma noite chuvosa, e apesar de não se familiarizar com o ambiente, conhece Kelly, vivida por Gugu Mbatha-Raw.
Mesmo não se enturmando muito com o local, Yorkie e Kelly se aproximam, e logo fica claro que algo muito mais profundo que uma amizade de balada nascia ali.
Em pouco tempo um amor nasce, contudo, Kelly insiste em não levar aquilo adiante e seguir com a vida de farra e noitada, optando por se afastar de Yorkie.
Por sua vez, a jovem recatada não desiste do que considera ser algo real e verdadeiro, e passa a procurar Kelly noites e décadas adentro.
Neste momento o fator tecnologia ganha mais destaque e mostra como a cidade praiana de San Junipero funciona.
O local não passa de um ambiente completamente digital, onde pessoas que estão prestes a morrer na vida real podem desfrutar de emoções semelhantes às da sua juventude.
Sendo assim, sem dar muitos spoilers, Yorkie reencontra Kelly, e o que parece caminhar para um final feliz e calmo, guarda surpresas e suspiros para o fechamento de seu arco.
2 – Toda a sua história – 1ª temporada
Este episódio, certamente é o capítulo desta lista em que a presença da tecnologia é mais crucial e marcante, mas ainda assim as relações pessoais são o destaque da história.
Liam, interpretado por Tobby Kebbell, é par romântico de Ffion, interpretada por Jodie Whittaker, um casal aparentemente padrão, que no decorrer da trama literalmente assiste o próprio casamento desmoronar aos poucos.
Liam e Ffion, decidem fazer um jantar para amigos em casa, e após a recepção, o marido se sentiu curioso a respeito do comportamento de um dos presentes, e opta por rebobinar a noite, e aos poucos monta um quebra-cabeças triste e dolorido.
De fato, o modo como o dispositivo denominado como grão permite seu usuário reproduzir cenas vistas e vividas em seus próprios olhos, ou telas, é realmente deslumbrante, mas a maneira como tal recurso pode ser utilizado realmente espanta.
O episódio mostra como as relações interpessoais caminham na direção de ser cada vez mais rasas e frias, enquanto indivíduos que optam por não implantar o grão em sua cabeça, são vistos praticamente como hippies e antiquados.
De fato, o terceiro e último episódio da temporada inicial já mostrou aos fãs à que veio a série, gerando assim muitas expectativas para a sequência.
1 – Natal Branco – 2ª temporada
Em formato promocional para fechamento de temporada, e lançado às vésperas das festas de fim de ano, Natal Branco concluiu com chave de ouro a segunda temporada da série britânica.
De maneira geral, o episódio relata a história de dois supostos colegas de profissão que dividem um chalé de madeira e um emprego ruim. E apesar da chegada do Natal, ainda trabalham em meio ao inverno gelado em uma convivência pouco amigável.
A princípio, Matt Trent, interpretado por Jonathan Daniel Hamm, prepara a ceia de Natal para ele e para seu colega, Joe Potter, vivido por Rafe Spall, e por insistência de Matt, uma conversa se inicia.
Com muita dificuldade, um diálogo se estabelece, e ambos relatam o motivo de estar trabalhando a cinco anos na mesma empresa e isolados em uma cabana de madeira em pleno Natal.
Com intuito de quebrar o gelo, Matt convence Joe, ainda relutante, a revelar o real motivo de estar naquela situação reclusa. Logo, decidem abrir detalhes de seus respectivos passados, e expor o porquê de estarem em tal situação.
Somente após Trent dizer a verdade sobre o seu passado, e relatar como assistiu e transmitiu ao vivo uma tragédia vivida em primeira pessoa, e como ganhava a vida criando versões humanizadas das consciências de seus clientes, com o intuito de serem escravos de suas versões reais, consegue fazer com que Joe fale.
Em contrapartida, Potter também se abre, e detalha como o término de seu relacionamento, e a obsessão pela sua ex-mulher e filha o levaram à ruína ao longo de alguns anos.
Por fim, o episódio Natal Branco eleva os níveis de pressão psicológica ao máximo, e demonstra o que pode ser o futuro do “Block” que estamos habituados a utilizar nas redes sociais.
Expectativas para a nova temporada.
Apesar de contar com o surpreendente episódio Striking Vipers, a quinta temporada não agradou o tanto que era esperado. Contudo, com a confirmação de Aaron Paul, Kate Mara, Paapa Essiedu dentre outros nomes de peso, a expectativa dos fãs segue alta.
A grande questão é, será que teremos mais capítulos impactantes e chocantes como Urso branco e Hino Nacional?
Ou talvez outros eletrizantes e assustadores como USS Callister e Versão de testes?
Este artigo foi escrito por Filipe Mello e publicado originalmente em Prensa.li.