Para Carlos de Oliveira já é de conhecimento geral que o mercado financeiro usa APIs a tempos para acelerar integrações, mas é a chegada do Open Banking que irá potencializar esse processo. Afinal de contas não podemos pensar em transformação digital sem APIs, mas isso não significa que devemos nos ater simplesmente a tecnologia envolvida.
“É mais uma questão de estratégia de negócio do que um desafio tecnológico”, afirma Carlos. Para o diretor do ABBC, é preciso pensar mais em fazer parcerias e assim conseguir atender novos clientes e atingir outros mercados. “Estamos falando de uma tendência irreversível e mundial”.
Reconhecendo essa mudança de cenário, as novas exigências de mercado, assim como as oportunidades, José Moreira conta a trajetória vivida no PAN. “No início nossa API era subutilizada, sendo apenas um complemento para nossa arquitetura. O que nós fizemos foi começar com implantando nossa primeira integração com uma startup e hoje expandimos isso para o setor de veículos”.
O banco PAN apostou em APIs proprietárias e agora possui um Portal de Desenvolvedores em evolução. Outra estratégia adotada pela instituição foi montar um time multidisciplinar, a fim de mostrar como o Open Banking representa uma série de benefícios que vão além da questão tecnológica. “Nossa intenção é não nos ater apenas a regulamentação. É saber aproveitar e transmitir como tirar benefícios dos dados”.
Assim como o banco PAN usou APIs para alcançar e agilizar novos negócios, o banco BV também adotou APIs em seus processos. Em meio a necessidade de fornecer uma integração rápida para troca de informações foi realizada parceria com a fintech GuiaBolso. “Contamos atualmente com dois modelos de negócios hoje, Credit-as-a-service, no qual temos muitas parcerias com fintechs e Bank-as-a-service. E quando falamos de APIs expostas, no momento são 420”, conta Wallace Jagiello.
Para o Head Software Engineer do Banco BV, trata-se de aproveitar as oportunidades e se posicionar visando o ganho de valor para o consumidor. Cada instituição apresenta um processo muito específico em seu modelo de negócio, ou seja, cada uma delas conduzirá de um modo.
Algumas farão apenas o básico por questões obrigatórias, outras tentarão monetizar alguns dados, mas há aquelas que veem o Open Banking como uma grande vantagem de prover novos negócios e produtos. Segundo Wallace “O segredo que quem vai conseguir garantir que o maior beneficiado seja o cliente”.
O Open Banking apresenta um grande fator de inclusão: o aumento da oferta de produtos e serviços financeiros a quem antes não tinha acesso. Para José Moreira esse modelo ainda inclui alguns desafios como o fato do Open Banking não estar claro para muitos consumidores. Se o cliente não sabe para que serve o Open Banking, não haverá compartilhamento de dados.
A questão da segurança também é um desafio mencionado por Wallace, mas para ele tais barreiras apenas implicam que tais assuntos sejam mais discutidos nas instituições e que estratégias sejam elaboradas em cima desses pontos. “As oportunidades são maiores que as ameaças, mas vejo como um futuro promissor para o mercado brasileiro”.
O Open Banking vem para empoderar o consumidor, dando ele o controle de seus dados e a oportunidade de comparar serviços e produtos. Isso implica em mais integrações e oportunidades como experiência digital mais evoluída.
Este artigo foi escrito por Carlos de Oliveira e publicado originalmente em Prensa.li.