Exploração interna da Amazônia: motivações e consequências
A floresta tropical Amazônica figura em todo discurso contemporâneo de ecologia e sustentabilidade no mundo. A sua biodiversidade rica enche os olhos dos estrangeiros e estudiosos, pessoas sabidas sobre a magnitude de todo complexo verde. A natureza é cobiçada, invadida e patenteada por marcas forasteiras, usurpadoras dos recursos naturais amazônicos.
O poeta Thiago de Mello em sua obra Amazonas pátria da água, cita como estes homens de línguas estranhas a nossa, sabem mais que nós moradores das margens do Rio Amazonas sobre os bens e recursos possíveis de serem extraídos da floresta. Isso gera uma disparidade abissal em relação aos conhecimentos das populações das cidades situadas no meio da selva.
Os únicos filhos da mata entendidos são os povos indígenas e povos tradicionais, por sua vivência de muitos anos e dependência diretamente do meio ambiente. É curioso como aqui, cercado por árvores, rios, igarapés, comendo produtos naturais, peixes e caças, a maioria dos moradores pouco se preocupam em compreender o elo umbilical de nós com o meio natural.
Afinal, sem os rios, nada chegaria aqui, são as estradas, as vias trafegadas pelos barcos carregados de mercadorias para os comércios, movimentando a economia e abastecendo as mesas de alimentos não produzidos pelos agricultores da região. Mesmo com essa escancarada dependência, muitos empresários derrubam as matas ciliares, desmatam sem autorização dos órgãos ambientais para criar gado.
Em muitos casos, como no garimpo, um dos meios de exploração mais predatórios e nocivos, é apoiado e até pessoas das localidades trabalham nas dragas extraindo ouro. O cenário exposto resulta de uma gestão dos governantes ignorante do ponto de vista de políticas ambientais, produzindo modelos econômicos que esquecem de enquadrar além dos indígenas e dos povos tradicionais, o povo das cidades.
É crucial intervir pela educação e informação, educando-os e integrar-nos com recursos financeiros, não só para os grandes pecuaristas, empresas, mas também gerar um meios de ajudar o povo a ganhar dinheiro sem destruir o meio ambiente.
Isso pode ser possível se se investisse na agricultura familiar, comprando essa produção e ajudando estas famílias ( isso já acontece, mas é preciso expandir e intensificar). Enfim, só pela destruição da desinformação sobre os impactos ambientais e em incentivos financeiro é que os povos terão interesse em conhecer a Amazônia, cuidá-la.
Este artigo foi escrito por Manoel Roberto de Lima e publicado originalmente em Prensa.li.