Facebook, um dos grandes vilões da internet atual.
O Facebook possui um duro histórico de escândalos acerca da integridade da rede social. Criado em 2004 pelo jovem gênio da computação, Mark Zuckerberg, a plataforma nasceu com o propósito de ser apenas uma rede social utilizada para conectar colegas de campus da Universidade de Harvard, Massachusetts. Com o tempo, o Facebook se expandiu para outras universidades como Columbia e Stanford. Graças a essa rápida popularização, não demorou para que o projeto recebesse seus primeiros investimentos e decolar de vez.
Em seus anos dourados a rede social evoluiu a ponto de se tornar um império em meio a diversas startups da época, entretanto, recentemente esse império tem sacudido em meio a diversas acusações de negligência, promoção de discursos extremistas e má gestão de dados.
• Por que os botões de like e compartilhar arruinaram as redes sociais
Conteúdo do artigo:
• Vazamento de dados
• Notícias Falsas
• Facebook e a Extrema-Direita
Vazamento de dados
Em 2018 houve um grande escândalo envolvendo o gigante Facebook e a empresa americana Cambridge Analytics. Devido às repercussões geradas pela denúncia efetuada pelos jornais New York Times e The Guardian, juntamente ao jugamento de Mark Zuckerberg, esse caso rapidamente tomou escalas globais, entretanto, o que repercutiu na mídia foi apenas a “ponta do iceberg”.
Partindo do princípio, em 2014 foi lançado na rede social um aplicativo chamado "this is your digital life" ( “Essa é Sua Vida Digital” em português). Criado pelo pesquisador acadêmico Aleksander Kogan, a ferramenta se tratava de uma espécie de quiz onde os usuários eram incentivados a responder perguntas e fornecer acesso à algumas informações pessoais.
A situação começou a desandar quando foi descoberto que a aplicação não tinha acesso apenas às informações de quem utilizou o app, mas também — graças à falha nas restrições do próprio Facebook — informações de amigos e familiares que sequer haviam acessado o aplicativo. Cerca de 270 milhões de pessoas acessaram o quiz, mas estima-se que o número de pessoas com seus dados violados tenha sido ainda maior.
Os dados coletados pelo software foram combinados e por fim cedidos à Cambridge Analytics, empresa que havia inicialmente encomendado o aplicativo. A organização atuava como cargo chefe na campanha presidencial de Donald Trump em 2016 e foi acusada de utilizar os dados coletados para traçar perfis de possíveis eleitores do candidato e enviar propagandas específicas e fake news a esses usuários.
O ocorrido e as denúncias ocasionaram uma série de mudanças nos termos de privacidade na plataforma, além de ter manchado ainda mais a imagem do CEO Mark Zuckerberg e de sua empresa
Notícias falsas
Desde a grande onda de fake news que ocorreu em 2016 durante as eleições presidenciais dos Estados Unidos, o Facebook tem sido apontado como um dos maiores disseminadores de notícias falsas entre as redes sociais.
Segundo informações divulgadas pelo instituto Reuters em seu Relatório de Notícias Digitais de 2020, na opinião popular o Facebook liderou o ranking das plataformas de maior compartilhamento de fake news em países como Filipinas (47%), Estados Unidos (35%) e Quênia (29%), entre outros. O Whatsapp também liderou o ranking em outros países, incluindo o Brasil, que classificou o Facebook como o segundo no ranking.
O problema com as notícias falsas se agravou durante a pandemia de Covid-19, A desinformação sobre a pandêmia deixou de ser um problema interno das redes sociais e se tornou um risco à saúde pública. Postagens que negavam a doença ou continham falsos tratamentos e medicamentos foram compartilhados em larga escala entre os anos de 2020 e 2021, o que causou inúmeros casos de mortes por falta de um tratamento adequado para a doença.
Em novembro de 2021 o Facebook, já renomeado para Meta, divulgou uma nota informando que no Instagram e no Facebook foram derrubadas cerca de 1 milhão de postagens falsas sobre a pandemia. Postagens que continham alegações como morte ou autismo causadas por vacinas foram consideradas desinformações graves e estavam no radar das redes sociais.
As informações eram divulgadas principalmente por grupos de extremistas, negacionistas e grupos antivacina.
Facebook e a extrema-direita
Alavancados pela banalidade das fake news na rede social de Zuckerberg, grupos radicais como os de extrema-direita encontraram um terreno fértil no Facebook. As eleições americanas de 2016 foram por muito tempo o principal objeto de estudo acerca dos comportamentos políticos do Facebook, além das denúncias por conta das notícias falsas, a empresa também foi apontada por facilitar a disseminação de grupos extremistas.
Das diversas denúncias realizadas nos últimos tempos contra o Facebook, podemos destacar o livro escrito pelas jornalistas Sheera Frenkel e Cecília Kang e publicado em 2021, nomeado de “An Ugly Truth: Inside Facebook’s Battle for Domination" (Em português: uma verdade feia: dentro da batalha do Facebook pela dominação), tem seu foco no período entre as eleições de 2016 e janeiro de 2021 e aponta as diversas violações cometidas pela empresa durante este período.
As jornalistas evidenciam as interferências causadas pelas ações e negligências de Mark Zuckerberg em sua plataforma. A rede social impactou diretamente as eleições de 2016, durante o período eleitoral, a plataforma foi utilizada para o compartilhamento ilegal de material para prejudicar a candidata Hillary Clinton. Na ocasião, Zuckerberg havia optado por encobrir o acontecimento para não provocar represálias de Donald Trump.
O livro é uma leitura quase que obrigatória para quem busca estudar mais sobre as possíveis ameaças representadas pela rede social para a democracia americana — e talvez até mesmo internacional.
Apesar do Facebook ainda ser uma das redes sociais mais utilizadas no mundo, é inegável o fato de que , à medida que o tempo passa, a aprovação pública e a confiança da mídia se tornam cada vez mais escassas para o império de Zuckerberg. Apesar da Meta não ter se envolvido em nenhum grande escândalo até o momento, o histórico da empresa pode acarretar em problemas para o seu mais ambicioso projeto, o metaverso.
O que achou deste conteúdo? Apesar de estarmos acostumados com a comodidade das redes sociais, essas plataformas também possuem seu lado obscuro e cheio de problemas. se quiser saber mais sobre o lado sombrio das redes sociais, leia este artigo sobre o problema dos botões de like e compartilhar!
Referências:
Exame, Instituto Reuters, CNN, Folha de São Paulo, An Ugly Truth: Inside Facebook's Battle for Domination, The New York Times, The Guardian
Este artigo foi escrito por Gabriel Pereira e publicado originalmente em Prensa.li.