Faltam mulheres nos livros didáticos
Faltam mulheres nos livros didáticos
Sou professor de língua portuguesa e me irrita ver apenas no terceiro ano do Ensino Médio as mulheres serem mencionadas. Cecília Meireles, Rachel de Queiroz, Clarice, poucas mais.
Já no século 19, a poetisa Nísia Floresta, que dá nome a uma cidade do Rio Grande do Norte, defendia uma educação igualitária para homens e mulheres. Ela, que traduziu Mary Wolstonecraft para o Português, foi amiga pessoa do filósofo Augusto Comte, o positivista que fez a cabeça dos republicanos.
Maria Firmina dos Reis foi a primeira brasileira a publicar um romance, “Úrsula”, de viés abolicionista.
Júlia Lopes de Almeida, que dá nome a uma escola no bairro de Santa Teresa, na capital carioca, tinha mais leitores que Machado de Assis e seu nome foi lembrado para o primeiro elenco da Academia Brasileira de Letras, que preferiu imitar o modelo francês e não admitir mulheres. Para que ela não protestasse, seu marido foi admitido como membro.
E em 15 anos de magistério, nunca vi Carolina Maria de Jesus ser mencionada em livros didáticos.
Se é objetivo da República, como diz a Constituição no artigo terceiro, construir uma sociedade sem preconceitos, a escola tem que fazer a sua parte e falar mais das contribuições das mulheres para a arte, a ciência e a política.
Publicado originalmente aqui.
Este artigo foi escrito por Edson Amaro de Souza e publicado originalmente em Prensa.li.