FEBRABAN e Fintechs no ringue
Imagem: Freepik
Geralmente, estamos acostumados a ver discussões na internet entre celebridades e pessoas públicas. Mas, recentemente, uma disputa chamou a atenção do público e viralizou nas redes sociais: a FEBRABAN se posicionou contra uma crítica da Zetta no Linkedin.
A Federação Brasileira de Bancos (FEBRABAN) acusou fintechs de operarem com juros mais altos que os bancos tradicionais no rotativo do cartão de crédito.
Tudo começou com uma publicação da Zetta, associação fundada pelo Nubank, Mercado Pago e Google sobre, com trechos de uma matéria do Valor Investe sobre "Tarifas dos grandes bancos saltam acima da inflação durante a pandemia".
A matéria usa como fonte o estudo do Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) que foi realizada com os maiores bancos do Brasil: Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú, Santander e Safra; e com os digitais: Nubank, Agibank, Neon, Original, Superdigital, Inter e Next.
Sobre o aumento das tarifas, segundo o estudo, o único banco a não elevar acima da inflação foi o Safra. Já os bancos digitais teriam mantido os preços.
“Quer falar mesmo a verdade?”
Assim que a Zetta citou a matéria no Linkedin, a Febraban rebateu. "Na última semana de agosto, a taxa média do juro do cartão rotativo do Nubank era de 291,67% ao ano, maior que a média dos 5 grandes bancos, de 271,68%", disse citando dados do Banco Central.
A Febraban chamou o Nubank para o ringue. “A Zetta não contou que o Nubank, que tem cara, porte, produtos e até nome de banco, prefere não se dizer banco, mas cobra juros mais altos dos seus clientes do que a média dos cinco ou 10 grandes bancos brasileiros. Olhe bem!”, disse em seu comunicado no Linkedin.
"No crédito pessoal não consignado, a taxa média cobrada pelo Nubank foi de 62,86% no final de agosto, enquanto a média dos 10 grandes bancos era de 54,54% ao ano. E dos cinco grandes foi 60,65% ao ano", continua a publicação da Febraban.
Para Bruno Loiola, co-fundador da Pluggy, a competição está cada vez mais acentuada, gera oportunidades inesperadas.
Ele diz: “Discussões como essa, com destaque na mídia, chamam a atenção dos brasileiros e os tornam mais exigentes na busca por melhores produtos. São debates de extrema relevância para que ambos os lados tomem medidas em favor dos consumidores. As grandes instituições, saindo da zona de conforto ao perder o share em concentração bancária e, para as fintechs, não apenas se adequarem à regulação para que o cliente não seja prejudicado, mas também desafiar o regulador para que a flexibilização regulatória aconteça.”
Loiola conclui: “No fim, como a proposta do próprio Open Finance, a decisão está nas mãos do consumidor, agora mais que nunca, então sai na frente quem proporcionar a melhor experiência, com as melhores taxas e total transparência ao consumidor."
“Febraban quer confundir opinião pública”
A Zetta disse ser uma pena que "a Febraban evite a discussão sobre a elevação das tarifas bancárias acima da inflação (vide estudo do Idec) e tente confundir a opinião pública".
Na nota, a Zetta argumenta que “a assimetria regulatória favorece os bancos tradicionais com vantagens competitivas e econômicas, e não as fintechs, que têm maiores exigências financeiras e mais requisitos legais.”
A empresa reforça o compromisso com debates sérios e construtivos sobre o futuro do setor financeiro, com informações transparentes, serviço de qualidade para o cliente, e foco na democratização e inclusão financeira.
E afirma: “As taxas de juros das três maiores associadas são menores que as dos cinco maiores bancos tradicionais, com base nos dados divulgados pelo Banco Central. Enquanto a média das taxas de juro do cartão rotativo dos membros da Zetta é de 10,66% a.m., a média dos cinco maiores bancos é de 12,86%, quando consideradas todas as empresas dos conglomerados.”
Ao longo do comunicado, a Zetta ainda esclarece que as fintechs pagam mais tributos que os bancos tradicionais e não podem usar os valores depositados em suas contas para gerar empréstimos, mas os bancos podem.
Carlos Oliveira, CEO da Certdox, acredita que “os embates entre as associações representativas, na verdade é resultado e consequência das ações de modernização da regulação e ampliação da competição através dos diferentes tipos de instituições. Apesar do tom acima do esperado, isto ajuda a expor para os consumidores às diferenças e vantagens de cada modelo de negócio, favorecendo as escolhas.”.
Por fim, a empresa conclui dizendo que Bancos tradicionais ainda concentram 68,5% de todo o mercado de crédito, o que prejudica a competição e as fintechs.
“Apesar do sucesso das fintechs estar descentralizando pouco a pouco este cenário, os maiores bancos ainda concentram imensa parte do estoque de crédito [...] Essa concentração prejudica a competição e a democratização do crédito, pois concentra recursos, informações e poder de mercado em poucas instituições, que usam todas essas armas para manter a sua hegemonia e evitar a concorrência.”, conclui.
Você também se perguntou quem está com a razão? Vamos acompanhar o desenrolar desse debate e lembrar que o maior interessado é o consumidor.
Leia o comunicado da FEBRABAN na íntegra clicando aqui e da Zetta clicando aqui.