Filosofatos de um artista que perdeu!
As filosofias e fatos, ou por licença poética, FILOSOFATOS. De um lugar pouco visto e contemplado da figura do que você pode conhecer por nome, ARTISTAS. Sendo amigo, aviso, tome um DRAMIM, ou se não se sentir pronto, pare por aqui, pois não é flashs e glamours, o que virá na posteriores. FOI AVISADO.
Numa escrita futura, o poeta que há em mim, pode aflorar. Você poderá rir, ou se emocionar, e refletir diante de questionamentos filosóficos.
Então, se estiver lendo isso e já tiver outros relatos deste, e estiver em busca disso que citei acima, pule para o próximo, pode dar sorte.
Neste primeiro vou colocar os leitores a par, do que é a vida e dia a dia de um artista, que é artista, me ofenderei se dizer que não. Mas que não está estourando nas plataformas, ou requisitado nos protagonismos, ou até mesmo, ainda não adquiriu bagagem para rolar aquelas PUBLIS nas redes para salvar o ordenado do mês.
Entendam meus amores, não é fala de julgamento acima de quem chegou lá, é localização e amostra da vida de quem não ainda, ou nem vai.
Em primeiro, esse artista ainda não existe. Pois ele pode criar o que for, ser um cantor dos melhores, compositor incrível, ator sensacional, multiartista.
Se ainda não bombou nas telas, vai ser nomeado por desempregado, vagabundo, ou por outra profissão que esteja tocando junto. E se não estiver batendo ponto numa empresa no horário comercial, mesmo que tenha outra profissão conjuminada, não vai ser reconhecido.
Mas o pior não é a moral de ser reconhecido como artista, tiramos de letra isso, o pior é correr atrás. Eu sou designer, formado. E abri minha empresa para trabalhar ao mesmo tempo que tenho uma banda de música autoral, Candieiro veio de longe, onde canto e componho. E também sou artista numa Cia. De Palhaçaria com circo e teatro de rua. Nem vou falar sobre ser artista de rua e/ou de circo agora, merece um artigo só pra falar disso, falarei em breve.
Voltando, nessa Cia. Sou palhaço/produtor/autor e músico. Eu tenho tentado trabalhar Freelancer Home office em designer, para poder tocar meus projetos artísticos, mas você sabia que por vezes, eu estava quase fechado com JOB em designer e quando o cliente observou que eu sou artista, desistiu?
Se eu fosse um artista da televisão, será que teria desistido?
Eu não vou e nem preciso me aprofundar nessa questão moral do artista que não bombou nas mídias. Para encerrar esse assunto, vou te perguntar algo que talvez nunca perguntaram.
Sabia que tem artistas, que nem sequer querem ir para TV, que gostariam apenas de serem valorizados, apenas fazendo a arte que já fazem?
E valorizados eu quero dizer apenas que possam viver dignamente.
E aí entra o lugar onde queria FILOSOFACTUAR.
Os artistas do submundo, que você, raramente ouviu falar, são sortudos, quando já possuem, pelo menos um teto, onde morar, por qualquer razão individual, não pagam aluguel, ou tem suporte familiar, mesmo que estes o julguem. Estes engolem os sapos diários, pois devem se sentir sortudos, segundo a cartilha.
Artista que não é famoso, é gente como você e eu. Precisa ter onde morar. Pagam aluguel. Se alimentam da mesma comida que você.
Vou contar um segredo! Artista não come arte e caga poesia não. O que você faz no seu íntimo, com sorte em um banheiro limpinho, em uma casa que você chama de sua, ele também precisa fazer.
O artista que não vingou, é soberbo em ter essas regalias de se alimentar todo dia, poder cuidar da sua higiene e ter um teto para dormir.
Que soberbo né, nem exerce uma profissão essencial e quer ficar aí, vivendo disso. Vai estudar poxa! Como se para ser esse artista não tivesse que estudar muito, e a arte é uma das profissões que exige que não pare de estudar nunca.
Enfim, minha cueca furada, pois cada uma que jogo fora, tá chegando a hora de ver de onde vai tirar dinheiro pra comprar novas. meu medo de ter dor de dente, pois dentista particular está para hora da morte e público, você vai aguentar 4 meses de dor na espera do dia que conseguiu marcar.
E estou expondo problemas de alguém que não tem filhos, e nem posso sonhar em tê-los. Os artistas que têm filhos e/ou filhas, vivem o triplo de ruínas.
Fazemos mais de 1 hora de espetáculo e passamos chapéu, se der mais de 100 reais, comemoramos. Se conseguimos vender para centros culturais, ou SESCS, ou se passamos em editais, choramos como se fosse a Anitta no topo do Spotify. Nesses períodos podemos pelo menos sonhar que as contas serão pagas sem atrasos. Os heróis do nosso meio, são os que não estão com o nome no SERASA E SPC. Lutamos, para não estarmos em condições de rua.
Muitos, muitas vezes passam a estar, e de maneira geral, estamos à margem.
Ensinamos nossos filhos e filhas a não sonhar com ovo da páscoa e presente de natal, nem percebemos quando é feriado. Descansamos preocupados por estarmos parados. E se você nos olha e tantas vezes nos entende vagabundos, nos sentimos assim, por tantas também. Mesmo que gastemos o que não temos para construir cenários, figurinos, gravar uma música, clipe, comprar telas e tintas, ou materiais de artesanato, seja qual for.
Mas olha, só escrevi tudo isso, para ver se consigo, uma ou outra pessoa, duas tá bom. Ao passar na rua e ver qualquer arte apresentada, ou ver um cartaz de espetáculo e/ou show de artistas que não são famosos ainda, ingresso até barato, ou grátis, irem contemplar. Já ganhamos. Aprendemos a sonhar baixo,
É assim que sobrevivemos, 1 real é melhor que zero reais.
Essa foi só a situação, se for aprovada, cena dos próximos capítulos, mas lembrem-se, qualquer coisa, eu nem existo.
Este artigo foi escrito por Eduardo Balança a Joeira e publicado originalmente em Prensa.li.