Fintechs ou Bancos: para onde vai o brasileiro?
Imagem: Freepik
Você lembra da primeira conta bancária que fez? Dependendo da sua idade, provavelmente foi em um banco tradicional como Itaú, Santander ou Bradesco.
A minha experiência bancária começou na faculdade, com uma conta universitária em um grande banco. Ainda lembro do dia que abri a conta. Depois de esperar na fila, uma das gerentes me atendeu e começamos o processo longo e com muitos papéis para assinar.
Bastante diferente de quando iniciei meu relacionamento com o meu atual banco: eu apenas baixei o app, enviei minhas informações e aguardei a confirmação da abertura de conta.
Preciso dizer que esse banco é digital?
As startups do mundo financeiro
A necessidade de ter serviços e produtos práticos, menos burocráticos e mais acessíveis se tornou, ao longo do tempo, mais imperativa que nunca. O mercado financeiro precisava acompanhar a transformação digital, e esse foi o momento perfeito para que as fintechs crescessem no Brasil.
Hoje, temos quase 600 bancos digitais, de acordo com a Associação Brasileira de Startups (Abstartups). O Instituto Locomotiva, em parceria com a TecBan, diz que 42% dos brasileiros possuem contas em bancos digitais. A demanda é grande!
Com a pandemia, até os brasileiros mais resistentes recorreram à facilidade que os bancos digitais proporcionam. Serviços mais rápidos, sem taxas, sem dinheiro em espécie.
Imagine ter que ficar na fila, dentro de um banco, para resolver alguma questão bancária – enquanto estamos evitando justamente as aglomerações em espaços fechados.
Eu lembro de ir à uma agência física com a minha mãe, quando era pequena, para que ela fizesse pagamentos, depósitos etc. O tempo que passávamos lá dentro era absurdo, e inimaginável para quem só conhece os bancos digitais.
O fim do dinheiro físico?
A tendência, não só no Brasil, mas no mundo inteiro, não é uma surpresa: os consumidores vão passar a usar cada vez mais outros métodos de pagamento que não incluem as notas de papel.
A PwC e a consultoria estratégica Strategy&, fizeram um estudo que reforça exatamente isso. O número de transações sem dinheiro em espécie na América Latina deve aumentar em 52% até 2025 e, depois, em 48% até 2030.
No mundo inteiro, a expectativa é de que os pagamentos feitos por meios digitais aumentem em 80% até 2025, de acordo com a análise. E, até 2030, o número de transações deve triplicar em comparação ao número atual.
Só com o Pix, já foram mais de 50 milhões de transações por dia no primeiro ano do iniciador de pagamentos instantâneos.
Os grandes bancos sobrevivem
Engana-se quem pensa que os bancos convencionais estão em desfalque no mercado. A pesquisa do Instituto Locomotiva em parceria com a TecBan diz que, dentre as pessoas que possuem contas em bancos digitais, 31% possuem conta também em um banco tradicional — só 11% possuem apenas em bancos digitais.
Já o levantamento feito pela Quanto em parceria com a Constellation Asset Management, mostra que 62% das pessoas que possuem conta em uma fintech preferem o banco digital, mas seguem com contas nos bancos tradicionais para contribuir com o histórico financeiro.
A fidelidade dos usuários com mais de 50 anos também é uma questão a se considerar. A pesquisa diz que 67% das pessoas dessa geração mantiveram a mesma conta bancária principal por mais de três anos. No caso do público com menos de 30 anos, a porcentagem é de 27% na mesma situação.
A pesquisa foi realizada em dezembro de 2020, com cerca de 2 mil pessoas, e constatou que, mesmo com a abertura de novas contas, metade dos entrevistados nunca fechou uma conta em banco tradicional pensando nas oportunidades de crédito e financiamento.
As grandes instituições financeiras também estão investindo bastante em tecnologia para ampliar os serviços. De acordo com a Federação Brasileira de Bancos (Febraban), os bancos (incluindo digitais) investiram R$ 8,9 bilhões em tecnologia em 2020 — um aumento de 7%), em relação a 2019.
Geraldo Rodrigues Neto, diretor de negócios digitais do Santander, disse ao portal G1 que cerca de 500 mil contas são abertas por mês, sendo que metade são digitais. "Deixamos de pedir documentos para quase 90% dos clientes. Em quatro meses, multiplicamos por quatro a quantidade de contas abertas", afirmou.
Mesmo avançando nos meios digitais, os bancos tradicionais não querem perder suas “raízes físicas”. Fica a dúvida se as agências vão continuar sendo necessárias para esses bancos com o crescimento das novas gerações no mercado financeiro.
Na disputa das fintechs com os “bancões” pelo papel principal na vida financeira dos brasileiros, quem sai ganhando somos nós, consumidores - com mais opções e vantagens de qualidade.