A força do povo brasileiro, o touro e o churrasquinho
Desde a instalação do touro de ouro, uma referência ao monumento da Wall Street em Nova York, uma série de manifestações surgem em protesto contra a fome.
Um touro de ouro em meio ao centro de São Paulo. Uma cidade que convive com cerca de 66 mil pessoas em situação de rua, um país com mais de 19 milhões de pessoas que não se alimentam corretamente. Situação contrária ao crescimento percebido pelo Ibovespa com o aumento da vacinação contra a covid-19.
No início do mês de outubro, a presença do touro de ouro em frente a B3 - bolsa de valores em São Paulo - tem provocado críticas e protestos por movimentos sociais, como o Movimento Juntos. Por trás de toda manifestação há razões profundas: é evidente que o Brasil tem enfrentado uma grave crise econômica e política nos últimos dois anos. A presença de pessoas em situação de vulnerabilidade social, sem moradia e alimentação suficiente é uma das causas apontadas para os consecutivos protestos ocorridos nos dias 17 e 18 de novembro. Cartazes foram colocados no monumento do touro com palavras de ordem para redução da desigualdade social.
Quem inventou a fome são os que comem
A frase é da escritora Carolina Maria de Jesus, em 1960. Já se passaram mais de 60 anos e a realidade ainda tem a mesma cor: a fome amarela que a artista narra é a mesma cor do touro. O touro que em outra realidade representa o otimismo e a força do povo brasileiro, segundo a bolsa de valores, é um contraste aos diversos moradores de rua que adormecem nas calçadas de São Paulo.
Em resposta a imagem otimista do touro, um churrasco foi promovido em frente a Bolsa de Valores como forma de revolta. A desigualdade social é real, embora o crescimento do PIB - de aproximadamente 5% - soe como o contrário. A prosperidade deve ser geral, é para isso que aponta os protestos ocorridos na cidade.
Fontes:
Touro de ouro da B3 amanhece vandalizado pelo segundo dia seguido
Mais de 66.000 vivem nas ruas de São Paulo, calcula ONG
Banco Mundial eleva expectativa de crescimento econômico do Brasil
Este artigo foi escrito por Amanda Casado e publicado originalmente em Prensa.li.