Fórum Econômico mundial: veja um panorama do evento
Perspectiva de alta inflação na América Latina
Segundo dados de pesquisa do Fórum Econômico Mundial feita com 24 economistas-chefes dos maiores bancos e multinacionais do planeta, para 41% dos ouvidos, a inflação será “muito alta” na América Latina. Para esses economistas, essa região será a que amargará os piores índices inflacionários durante este ano.
Os economistas também apontam possibilidades de que os salários não acompanhem os preços e haja perda real da renda e do poder de compra entre os países de menor renda no continente.
Isso se deve à interrupção nas cadeias de produção em todo o planeta como consequência da guerra na Ucrânia. A julgar pela alta da inflação no Brasil nos primeiros meses do ano, as previsões parecem se concretizar nos dias de hoje.
Maior risco de insegurança alimentar no mundo
Outro alerta feito pelos economistas no Fórum Mundial é o aumento do risco da escassez de alimentos no mundo, gerado, sobretudo, pela Guerra da Ucrânia.
Os economistas apontam que o conflito desestabilizou a cadeia de fornecimento de vários alimentos importantes, especialmente o trigo, já que a Ucrânia é uma nação exportadora desse item. Vale ressaltar que a falta de alimentos possivelmente fará com que os preços deles fiquem mais elevados para o consumidor.
Outro agravante nesse cenário é que existe uma redução mundial da disponibilidade de fertilizantes, que também são produzidos na Rússia e Ucrânia. Segundo o relatório, isso pode afetar a produção de soja no Brasil e, por consequência, a produção de carne da China, que depende da soja para alimentar animais.
Fragilidade no processo de globalização
Outra pauta colocada no Fórum Mundial foi a questão da globalização, já que especialistas sinalizam um colapso no sistema de comércio global e nos investimentos livres que ultrapassam fronteiras. Foi utilizada a palavra “fragmentação” para tratar desse panorama, que prevê economias mais fechadas a fim de lidar internamente com problemas como inflação e distribuição de alimentos.
Para os economistas do Fórum, isso pode encarecer ainda mais itens como os alimentos. Exemplo disso é a recente decisão do governo indiano de interromper as exportações de trigo em meio a um temor de desabastecimento interno.
Mesmo que a globalização tenha suas desvantagens, após o seu advento triplicou o tamanho da economia global e 1,3 bilhão de pessoas deixaram a pobreza extrema, segundo o Fundo Monetário Internacional.
Guerra entre Rússia e Ucrânia
O presidente ucraniano Volodymyr Zelensky fez um discurso em vídeo no Fórum Mundial conclamando a comunidade global a impor sanções “máximas” contra a Rússia. O conflito entre os dois países já dura três meses e não tem perspectivas de um cessar-fogo.
Como consequência direta da guerra, foi registrado um deslocamento de refugiados ucranianos dentro e fora do país que representa o maior movimento migratório na região nas últimas décadas, segundo dados da Agência da ONU para Refugiados (ACNUR). Como já dito anteriormente, o conflito bélico já ameaça a cadeia global de alimentos e fez com que países como EUA e nações da Europa ocidental decretassem diversas sanções contra a Rússia.
Participação do Brasil no Fórum Mundial
O ministro da economia Paulo Guedes participou do Fórum Mundial em Davos e citou que, diante da situação econômica gerada pela pandemia e guerra na Ucrânia, é comum ocorrer perdas de renda no Brasil.
Na ocasião, o ministro foi questionado pela imprensa acerca de um possível aumento para os servidores federais, tendo em vista que algumas categorias estão atualmente em greve no país, como os servidores do Banco Central. O ministro então se pronunciou afirmando que a legislação e o ano eleitoral restringem o espaço para atualizar salários de servidores públicos a um aumento linear de 5%.
O ministro brasileiro também participou de debates e reuniões sobre crescimento sustentável e perspectivas da conjuntura econômica global, representando o Brasil. O ministério da economia divulgou nota informando que “Guedes vai apresentar o Brasil como destino privilegiado para investimentos e como um país destacado para soluções de segurança energética e alimentar internacional”.
Este artigo foi escrito por Caroline Brito e publicado originalmente em Prensa.li.