Furacão Nuland Passa pelo Brasil e deixa um cenário de caos
O discurso lindo e comovente é totalmente desmascarado quando o pragmatismo e a análise crítica são exercidos de forma plena e se descobre as atrocidades cometidas pela política externa americana.
Guerra no Iraque em 2003 e Primavera Árabe em 2011 são dois entre vários exemplos de como a perniciosidade Yankee não possui nenhum escrúpulo. Mas um evento em particular superou todos os limites éticos e morais e foi o estopim para que a geopolítica europeia e global mudasse completamente.
Em 2013, na Ucrânia, uma série de manifestações populares que ficou conhecida como Euromaidan, defendia o acordo de cooperação econômica com a União Europeia fazendo com que a nação pudesse entrar — segundo os participantes — no ocidente e pudesse, de uma vez por todas, abandonar o jugo da Rússia a qual tem ligações culturais e históricas com país.
As manifestações deixaram de ser pacíficas e ganharam uma tonalidade muito violenta por parte do então Presidente do país, Viktor Yanukovich, que tinha uma relação híbrida com a Rússia de Vladimir Putin e a União Europeia.
Sucumbindo aos desejos de Moscou, milhares de Ucranianos tiveram as suas vidas ceifadas e outros foram feridos neste conturbado episódio iniciado em 21 de novembro de 2013 e com o seu término no dia 22 de fevereiro de 2014.
Além da sua coragem para enfrentar a repressão da polícia, os ucranianos contaram com ajuda externa, mais precisamente do departamento de Estado Americano que teve como principal figura Victoria Nuland, subsecretária do departamento, na qual a sua articulação foi fundamental para as pretensões do país em solo ucraniano.
Ela aparecia na imprensa americana e internacional distribuindo biscoitos para os manifestantes, mas na verdade o seu papel era fazer com que os recursos tanto financeiros quanto militares — que incluía treinamento aos manifestantes, construção de barricadas, distribuição de água, alimentos, cobertores, remédios, assistência médica etc. — chegassem às sedes das instituições de direitos humanos — que são, na verdade, marionetes do Ocidente e querem causar a desestabilização de diversos países que atendam aos interesses dos Estados Unidos.
Hoje, em 2022, a Ucrânia vive, talvez, a maior tragédia na sua história. Ela está sendo causada tanto pela investida russa quanto pela insistência da Europa em combater seu inimigo histórico e pela postura de Kiev em fazer com que a OTAN aceite o país no bloco, mesmo sabendo de todo o trâmite burocrático no qual se leva anos para que todos os países aceitem a inserção de um novo membro.
O Brasil vive uma crise institucional desde 2020 graças aos arroubos autoritários do Supremo Tribunal Federal. São 11 ministros que compõem, cada um com sua visão subjetiva dos escritos da lei, bem como o executivo e o Presidente da República que não exerce o autocontrole, dando declarações tóxicas e também sendo incoerente nas suas posturas. Com isso, a partir das eleições deste ano o país corre o risco de sofrer uma interferência estrangeira jamais vista em sua história.
Durante a sua visita ao Brasil, Victoria Nuland em entrevista à CNN Brasil, disse com todas as letras que o sistema eleitoral brasileiro é confiável e a população pode confiar no processo.
Após essa visita, situações bem esquisitas aconteceram em relação à diplomacia brasileira. Primeiro, o ex-embaixador dos Estados Unidos no Brasil ameaça de forma direta o atual presidente a não questionar as eleições. Depois, o chefe da CIA reitera o que foi dito pelo diplomata.
Na mesma semana, um grupo de senadores capitaneados por Renan Calheiros prepara um pedido convidando a União Europeia para acompanhar as eleições, enquanto o ator Leonardo DiCaprio incentiva os jovens entre 16 e 17 anos a tirarem o seu título de eleitor.
Os últimos acontecimentos em território nacional mostram bem como o sistema democrático no Brasil está frágil e de que forma países como Estados Unidos podem se aproveitar desse cenário tenebroso. Uma dessas maneiras é causar movimentos de desestabilização que induzem a população a ir contra os interesses nacionais. Essas ações são conhecidas como guerras híbridas e foram muito bem-sucedidas na Primavera Árabe em 2011 e na Ucrânia em 2013.
No caso brasileiro, o interesse estrangeiro mais precisamente americano, são os recursos naturais em abundância que o Brasil possui. Toda a mobilização oriunda da mídia em criticar o atual governo na preservação ambiental bem como denegrir a imagem das forças armadas dando a entender que elas são responsáveis por toda a crise na qual o país está passando. Dessa forma, a sociedade civil se divide cada vez mais não levando em conta os riscos desse processo que a longo prazo é muito caro.
A Victoria Nuland é especialista em desestabilização de sistemas democráticos e quando não existe é quando a sociedade está dividida ideologicamente, esse é o momento ideal para agentes externos executarem os seus planos. É necessário que haja uma unidade nacional em todos os espectros políticos uma vez que as próximas gerações poderão pagar um preço muito alto pela omissão de quem pode evitar isso, mas por ego e falta de senso crítico se deixa levar pelo ódio. Fiquemos atentos aos próximos passos pois o cenário não é nada favorável para o país.
Este artigo foi escrito por Jones Júnior e publicado originalmente em Prensa.li.