Geração Beat
Envenenados pelas loucuras criadas por suas mentes.Tentando criar uma cura para se libertarem totalmente de todos os paradigmas e preceitos.
De todas as regras e mentiras impostas pela sociedade.
Vomitavam tudo o que tinha preso dentro do estômago que ruava como um mostro.Rangendo seus dentes com a raiva descontrolada como carros velozes sem freio.
Deliravam se com as histórias escritas por seus poetas velhos e favoritos.
Tendo pesadelos com fantasmas, lágrimas e sangue. Ossos e carnes queimadas.
Fumaças de cigarros de morte
Queimando seus pulmões e fritando seus cérebros.
Se debatendo sobre as camas frias e vazias.
Agoniados e famintos.Usavam o que tinham. A escrita, as drogas, as palavras, os livros, as dores, os sonhos, os pesadelos, a fome, as companhias de amantes perdidos sem rumo para ir.
Sem nenhuma mala! Apenas vestindo suas peles e arrastando seus sonhos carregados na cachola chamada vitrola. Tocando discos de blues, de almas mortas perdidas.
Vislumbrando vaga-lumes e lagartixas. Borboletas e camaleões dourados. Dragões vermelhos no poder. Incendiários queimando seus sonhos, suas esperanças, e suas almas.
Seus olhos de vidro vendo coisas de outro mundo. Assistindo o mundo se queimar, todos numa grande frigideira presos nos feixes de luzes amargas, frias, e doces.
Macacos loucos pulando pelas ruas no meio da noite.
Se arrastando com um, dois, três ou até mesmo uma gangue de viciados, drogados, mendigos com uma alma rasgada, com suas roupas sujas e velhas de corações amargurados.
Espíritos solitários, apaixonados, aventureiros que perambulando pelos becos mais escuros achavam se entre os lixos, os ratos, as comidas estragadas.
Estrelas do rock na lama sem suas guitarras.
Colocando suas máscaras de gás.
Fãs de venenos violentos, injetados direto na veia.
Faziam uma transfusão de ideias, de palavras, de fogos, de violências, de raiva, de prazer, de sexo e amor.
Criando textos horríveis, se expressando através de letras pegadas no vento, no espaço do tempo.
Prisioneiros da suas próprias mentes. Enjaulados nessa prisão louca chamada de vida!
Sem sentido, sem razão, sem sentimento.
Rejeitados como cães sardentos cheios de pulgas e feridas que lambiam com salivas infectadas por vampiros com sede de sangue.
Gritando de dor enquanto cantavam e uivavam olhando para as diversas luas
Babalove,Babalu,babalost,baba!!!!
Milhões de visões perdidas jogadas no chão. Escorrendo pelos bueiros cheios de merdas defecados pelos donos de ouro que mijavam nas casas de aluguel. De almas, de corpos vazios, de espíritos quebrados, de corações apodrecidos, petrificados pela violência cometida pelos bárbaros violentos homens da lei. Espancando os garotos da cidade do México, sem nenhum motivo, sem nenhuma razão, apenas pelo prazer do poder. Urubus em cima das carnes podres, fedorentas, roubando as comidas das crianças, às deixado sem nada!
Apenas mentiras engolidas a marra para encherem o buxo vazio.
E filmes de Ets, sugando seus cérebros.
Uma abdução sem permissão, sem dizer. Intoxicados pelo ar jogados no cemitério perto da igreja.
Procurando por anjos com asas, com milagres encapsulados numa pílula de graça para curar o interior amargo e envenenado, saboreando as sobras dos alimentos dos poderosos de terra perdida.
Chorando lágrimas de sangue, gritando no vácuo como loucos solitários. Alimentado as maluquices de suas mães tristonhas.
Cantando uma canção de ninar, velha esperando que seus filhos dormissem e sonhassem com chaves para esta prisão
Abrindo suas portas para a tristeza entrar, invadir e tomar conta do ser.
Enquanto cobriam seus bebês com o último manto de esperança.
Os protegendo e os deixando invisíveis até eles acordarem.
Dobravam seus joelhos no chão frio úmidos e sujos esperando por algo por um anjo batendo na porta.
Abriam as janelas para os ventos gelados para que queimassem seus ossos e choravam enquanto suas crianças respiravam em paz por um segundo.
Escritores do futuro, viajantes do tempo. Palavras de ouros e amargas esculpidas em suas lápides. Sortudos que fugiram do abismo infernal, levando por aí suas máscaras de gás venenoso, segurando-se a suas linhas de amizade costuradas por almas, por bebidas e drogas que os fazia delirar.
Amigos e irmãos, amantes e namorados unidos por um laço forte, laços de poetas se cortando por uma adaga mortal e fazendo pactos de sangue.
Caiam na estrada com seus carros velhos e caindo aos pedaços. Procurando, explorando cidades, desconhecidos amantes de uma boa aventura se amando na aurora da imortalidade.
Nascendo e morrendo no nascer e por do sol.
Brilhando como se fossem anjos irradiando juventude.
Com seus óculos quebrados, com seus jeans rasgados e sujos.
Com roupas de flanelas e saias curtas e floridas.
Com suas cantadas velhas do norte e do sul, do leste e do oeste.
Afogados e embriagados.
Desacostumados com os pássaros cantando no amanhecer.
Ultraviolentados pelo paraíso do jazz. Dos cantores envenenados. Fantasmas carregando seus instrumentos de ouro partes destruídas deles.
Bares vazios, cidades perdidas.
Caminhos curtos, estradas cheias de buracos, criadores de caos!
Viajando por aí e roubando arco-íris e batendo em potes de ouro.
Principiantes no deserto da vida.
Cambaleando e camaleando-se.
Pelas ruelas, violentados por palavras do paraíso. Palavras nunca antes ouvidas.
Encontrando pelo caminho almas perdidas, almas solitárias, almas queimadas, almas sem amor, almas sem pais, almas perigosas, almas destruídas, dilaceradas, corrompidas. Almas abandonadas, almas órfãs!
Almas, almas, almas, almas, almas.
Ouvindo histórias delirantes de partes desconhecidas.
Saboreando sabores de todos os tipos.
Assistindo shows de rock.
Espetáculos do circo de horrores!
Viajantes do futuro, amantes solitários.
Mutantes, mulatos e mestiços.
Ciganos, vagabundos e ladrões.
Vendedores de sonhos, peregrinos
Brilhantes e apagados
Diamantes e cristais.
Heróis de uma geração destruída. Corrompida! Bandidos livres, sonhadores produzindo sonhos a todo vapor em suas máquinas.
Olhos de gatos assustados, pelos de cachorros dourados brilhantes no sol queimados pelo fogo da loucura, da paixão, do prazer da vida!
Nascidos para a estrada, fugitivos da lei!
Fazendo contato com anjos terrestres
Esperando pelo chamado da liberdade
Abençoando suas almas perdidas em las vegas.
Amaldiçoado as nuvens para que elas se abrissem e chovessem.
Para esfriar a temperatura de seus corpos queimados, envenenados pelas flores do deserto.
Belladonna,Aconitum,Estramonio,Digitalis,lírio-do-vale, e ópio.
Toda a beleza tem um pouco de veneno no fundo do doce prazer.
Sonâmbulos se alimentando por líquidos pretos e gostosos.
Viciados em morfina, cheios de buracos pelo corpo. Injeções letais, agulhas quebradas dentro da veia.
Compulsivos por palavras, escritores vorazes.
Vento no cabelo, olhos encantadores, charmosos enfeitiçados por canções de sereias drogadas.
Pelados dirigindo a mil por hora
Tocando gaitas vindas do paraíso
Entregues por Deus.
Trens desgovernados, rumos a luz no fim do túnel.
Pequenas criaturinhas de olhos brilhantes brincando no quintal.
Espíritos voadores!
Cordas de guitarras quebradas entrelaçando corações.
Fumadores, fadigados pelas fumaças que cegam.
Cheiradores de irradiações.
Caçadores de fantasmas perdidos
Cambaleando pelos buracos da grande Old Blue City.
Atrás das musas tristes da música indie.
Os foras da lei da literatura, das palavras censuradas, rabiscadas, modificadas, sujas, apagadas e amantes de livros velhos do tio Walt.
Janis joplins da poesia, Jimi hendrixs da escrita.
Todos loucos nadando no mar de absinto do inferno!
Roubando e sendo roubados por sanguessugas.
Anjos loiros brilhantes e cadáveres apagados e sujos.
Desolados e solitários perdidos em seus pesadelos.
Santos e pecadores, homens e heróis.
Soldados caídos com a fé abalada pelo espírito fadigado.
Olhos de cobras envenenadas se rastejando se
pelos seus quartos sujos e imundos.
Machucados e sangrando dores infinitas.
Tristezas amargas grudadas nas paredes da sua alma
Escritores que queimam livros para criar um novo futuro.
Poetas caídos dizendo tudo o que querem.
O grito dos loucos e vagabundos.
Aqueles que viveram para contar historias infinitas
e deixar uma herança para aqueles com suas mesmas almas
iguais,
Intensos em tudo, no modo de viver, eram como lobos descontrolados, animais casando suas presas.
Pelados dançando sobre o chão sujo escutando sons através da parede. Pianistas e olhos pretos.
O ícone, o poeta, o junkie e o rebelde.
Os que fizeram a história e os expoentes da geração mais ambiciosa, mais valente, mais legal, mais foda que já existiu!
Os desfigurados, desajustados como a sociedade dizia os garotos do submundo. Perdidos andarilhos carregando armas, carregadas injeções de morfina, flores de ópio.
As jaquetas de couro, os jeans rasgados e surrados. Os lugares barulhentos, os compulsivos, os loucos por adrenalina, o sangue escorrido e as lágrimas descendo.
Garotos Beats! Amantes das palavras, amantes da vida, inspirações para uma geração.Professores da nova juventude poética. Imortais, deuses da terra sagrada.
Este artigo foi escrito por Kaique Britto e publicado originalmente em Prensa.li.