Gokushufodo — Tatsu Imortal: resenha da 2ª temporada
Gokushufudo está de volta! A segunda temporada, ou segunda parte da primeira temporada, de acordo com a Netflix, chegou trazendo mais do que já gostamos e ampliando o universo da animação.
Antes de mais nada, já existe uma review da primeira temporada de Gokushufudo na Prensa, vale a pena lê-la se tiver acabado de começar o anime. Agora, vamos falar das inovações trazidas para a segunda temporada.
Por um lado, não existe uma quebra da continuidade ou evento marcante que determine se é ou não uma parte dois de um mesmo arco narrativo. Por outro, enquanto continuarem fazendo ótimos episódios, pouco importa como numerem.
A queda da máfia
Tatsu Imortal aborda com leveza um assunto muito real, o declínio da outrora famosa Yakuza, a máfia japonesa. Há mais de 15 anos consecutivos o número de gangsters vem caindo no país (#inveja). O início das medidas de repressão que levaram a isso pode até ser assistido na série O Diretor Nu (também na Netflix), mas o que isso importa para Gokushufudo?
As dificuldades em cuidar de um supermercado de rede, provavelmente superam a da vida de crimes que esse clã levava, (Divulgação/Netflix)
Nos primeiros episódios conhecemos alguns outros ex-yakuzas: do capanga que já serviu a Tatsu, ao clã que agora trabalha em um supermercado para viver. Esse pessoal volta e parece estar ainda mais inserido na comunidade, afinal quem decidiu (por bem ou por mal) levar uma vida honesta, precisa de um emprego para se sustentar e buscar uma reinserção na sociedade.
A comicidade de Tatsu Imortal tem mais potencial para melhorar a imagem pública dessas pessoas que um drama sobre o passado de alguém que viveu na ilegalidade.
Ver como as senhoras da região interagem com o protagonista sem medo, é um ótimo exemplo sobre dar uma segunda chance para os que buscam redenção, um modelo que deveríamos, inclusive, seguir por aqui com ex-detentos que pagaram suas dívidas e tentam viver de forma honesta.
Tatsu sensei
Tatsu dando aula é uma coisa que eu definitivamente não esperava ver, quer dizer, ele já nos ensinou muito enquanto telespectadores sobre ser um macho moderno que cuida da casa. Agora, Tatsu sendo professor é outro nível…
Eu já vi professores mafiosos antes, Gokusen é protagonizado por uma neta de chefe de clã que decide ser professora de matemática, essa história famosa rendeu mangá, anime e série com atores. Já em Seto no Hanayome, temos todo um clã de mafiosos / criaturas aquáticas dando aulas como um elemento secundário ao romance dos protagonistas.
A surpresa com o Tatsu sensei (professor em japonês) é que dar aulas não é sua vocação, nem seu disfarce como nos outros casos citados. Vê-lo passando os ensinamos em uma aula de economia doméstica e fazendo com que até o mais bruto dos estudantes tivesse algum interesse em aprender é desbravar um lado inteiramente novo do nosso ex-mafioso predileto. Espero ver mais disso em episódios futuros.
Episódios fora da casinha
A maioria dos primeiros episódios nos colocam dentro do lar de Tatsu e Miku. Agora já é possível notar que o anime está explorando mais, indo mais longe. Tatsu vai à praia, passeia no campo, frequenta restaurantes etc. etc. etc.
A história ficou mais confortável em variar sua fórmula. Isso é algo muito positivo para que o público não se canse e abandone o desenho. Também é bom que projetem a expansão desse universo tão gostoso de se acompanhar, consigo até imaginar um futuro onde pequenas cenas sejam apenas dos discípulos de Tatsu seguindo seus ensinamentos.
Por fim, não poderia escrever esse elogio à série sem falar do episódio do concurso de fantasias. Não sei se é a inflação que vivemos, mas ele consegue dialogar diretamente com o “sou mesmo um adulto” que habita cada um de nós, melhor que qualquer piada com boletos.
Não é por nada não, mas eles mereciam ganhar algum prêmio nesse dia, olha que beleza de abóboras... (Divulgação/Netflix)
A premissa de assistir diversos personagens querendo derrotar seus oponentes e, ao mesmo tempo, torcendo para ficar em segundo lugar no concurso com a premiação de “um ano de arroz grátis”, é ótima. Concordar com a lógica de desistir de uma grande viagem pela garantia de comida na mesa, é algo que apela fortemente ao nosso lado mais racional entre uma risada e outra.
Então vamos limpar a casa, colocar as roupas na máquina de lavar, cozinhar o jantar e assistir aos novos e divertidos episódios de Gokushufudo.
Este artigo foi escrito por Gustavo Borges e publicado originalmente em Prensa.li.