Guerra da Ucrânia – uma análise sobre o conflito
O governo russo mantém a tentativa de invasão à Ucrânia mesmo depois de seis meses de conflito. Segundo o G1, as tropas de Vladimír Putin demonstram cansaço e começam a ter dificuldades de avançar, o que demonstra que os russos não contavam com uma resistência tão intensa como a ucraniana. A questão gira, mais ou menos, em torno da questão da herança soviética que Putin carrega (como ex-agente da KGB), ele acha, ou achava, que seria uma invasão no máximo de dois dias. E já faz 6 meses.
Tudo começou no dia 24 de fevereiro deste ano, aquilo que Kremlin chamou de “operação especial” na Ucrânia, mas o mundo chamou de guerra ou invasão por causa das atitudes das tropas russas. Quem se lembra sabe que as tropas ficaram nas fronteiras da Ucrânia muito tempo e estavam fazendo exercícios militares – com Putin afirmando que não iria invadir nada. Com isso, o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pedia socorro porque previa a invasão.
O Kremlin sempre alegou que a operação tinha uma natureza “nobre” de “desnazificar” o território ucraniano e, nessa invasão, bombardeou tanto alvos militares como alvos civis. Pois, diante da comunidade internacional, isso não seria nenhuma surpresa.
Por outro lado, esta fica perplexa com a amplitude da ação. A questão é: quanto tempo as topas russas irão aguentar essa invasão? Será que a própria Rússia vai aguentar embargos comerciais de muitas potências? Então, numa analise bastante complexa, há afirmações que não só o povo ucraniano está refém de Putin, mas o próprio povo russo.
Muitos países não quiseram confrontar a Rússia – alguns especialistas disseram que o motivo seria o arsenal nuclear russo – mas, depois que Zelensky recebeu ajuda, veio um longo tempo de estagnação que se mantém até o momento. Depois de tentarem conquistar a capital Kiev e Kharliv, as tropas russas se concentraram em levar a batalha ao leste da Ucrânia e não mudaram muito o mapa das conquistas russas.
Fica mais do que claro – nesse panorama – que Putin achava que iria conquistar a Ucrânia em, no máximo, dois dias. Hoje, o chefe do Kremlin não tem como recuar e dizer que errou. Como um dirigente de uma das potências nucleares, poderia recuar numa guerra territorial como esta?
Por outro lado, como já se disse, Putin é uma herança direta da política soviética, mesmo que seu governo não seja diretamente socialista. Porém, algumas questões do ocidente ficaram nele, como também existem questões geográficas que qualquer mapa pode mostrar.
Primeiro, existe uma desconfiança dentro do ocidente herdada das políticas socialistas dos soviéticos. Há uma herança cultural russa de invasões europeias e asiáticas e, talvez por isso mesmo, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) tenha conquistado nações aos arredores da Rússia.
O território russo é plano. Não há montanhas – fronteiras naturais – e se pode ir para a Rússia muito fácil. Não é a toa que Hitler com suas tropas nazistas chegou tão perto do Kremlin (só não chegaram por causa do frio).
Depois, tem a questão que, sim, há um partido nazista ucraniano dentro do parlamento, o que faz com que se tenha uma certa “desculpa”. Mas a real intenção de Putin, além de ter um porto para escoar sua produção (leia-se da Rússia), era não deixar a Ucrânia entrar na OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte). Ali ficaria bases norte-americanas que eram, na visão do governo russo, uma estratégia de uma invasão ocidental.
Por outro lado, o povo russo e ucraniano tem a mesma origem, pois Kiev era uma cidade onde povos eslavos formaram os “rus”. Os mongóis conquistaram a cidade e uma parte foi o que hoje é Moscou e reconquistaram Kiev, então, se costuma dizer que tiveram a mesma origem.
Putin tem duas opções: se render às exigências do ocidente ou continuar com essa guerra que pode se transformar em uma crise na própria Rússia. O que vai fazer o poderoso chefe do Kremlin?
Este artigo foi escrito por Amauri Nolasco Sanches Junior e publicado originalmente em Prensa.li.