Guerra na Ucrânia: Os constantes ataques aos civis e às suas estruturas
Desde o início do conflito em 24 de fevereiro, foram registrados vários ataques aos civis e às suas estruturas básicas de sobrevivência, governo russo alega estar atacando somente alvos militares.
Os noticiários mundiais estão sendo tomados diariamente por notícias da guerra na Ucrânia, que começou no início de 2022, quando a Rússia atacou territórios do país, motivado pelo avanço da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) no Leste Europeu e por questões geopolíticas entre os dois países.
No entanto o exército russo não está atacando somente alvos militares, os civis também estão sendo vítimas do conflito, como mostra os jornais locais, no dia 14 de julho, em Vinnitsa, segundo a polícia nacional, três misseis russos atingiram um prédio residencial matando 23 pessoas e deixando mais de 80 feridos.
Outro ataque que virou manchete mundialmente, também ocorreu na mesma cidade, no Shopping Kremenchug, quando em pleno horário de funcionamento foi bombardeado e pegou fogo, segundo o governo, matando 20 pessoas e deixando 60 feridos. Para ambos os ataques, as forças russas alegaram que estavam visando alvos militares na cidade.
Foram realizados também ataques as estruturas de escolas e hospitais, no dia 4 de julho, o governador de Sumy, Dmitry Zhivitsky, anunciou que russos lançaram misseis contra a comunidade de Esman, deixando 6 pessoas feridas, os foguetes atingiram uma escola local, danificando sua estrutura. Já na cidade de Nikolaev, no dia 12 de julho, o prefeito Alexander Senkevich, anunciou que tropas russas dispararam contra duas instituições médicas e em prédios residenciais, 12 pessoas ficaram feridas no bombardeio.
Em uma pesquisa realizada pelo Grupo Sociológico "Rating" de 13 a 23 de maio, em grandes cidades da região de Lviv, entre residentes permanentes e imigrantes, mostraram que ambos têm mais medo de ataques de foguetes a alvos militares (avaliados como uma grande ameaça: moradores - 46% e imigrantes - 40%).
Eles também têm medo de sabotagem contra objetos de infraestrutura e ataques de foguetes a alvos civis (avaliados como uma alta ameaça: moradores - 24% e imigrantes - 26%). Outro estudo realizado pelo mesmo grupo, entre os dias 18 e 19 de junho, em toda a Ucrânia, apontou que a população sofre mais com fadiga (apenas 36% não sentem) e falta de sono adequado (apenas 44% dormem adequadamente).
As convenções internacionais garantem que ''Quando você protege civis, você também deve proteger seus bens”. Ou seja, é necessário que além de garantir a proteção dos civis, também proteger as suas casas, escolas, hospitais, bens culturais e sociais sejam eles de uso individual ou coletivo.
Em 1949, após as grandes guerras mundiais, foi realizado as Convenções de Genebra e seus Protocolos Adicionais, entre os países do mundo, são tratados internacionais que contêm as normas mais relevantes que limitam as barbáries da guerra.
Elas protegem pessoas que não participam dos combates (civis, pessoal de saúde, profissionais humanitários) e as que deixaram de combater (militares feridos, enfermos e náufragos, prisioneiros de guerra). Ratificado por 194 países, entre eles Ucrânia e Federação Russa.
As Convenções de Genebra adotadas antes de 1949, diziam apenas sobre os combatentes, não garantiam direitos aos civis, realizando assim a convenção IV que é relativa à proteção das pessoas civis em tempo de guerra, validando ainda mais o Direito Internacional Humanitário (DIH), protegendo todas as partes envolvidas em um conflito armado, inclusive os civis e suas estruturas básicas de sobrevivência. Com base nestes dispositivos que a comunidade internacional cobra um posicionamento e justiça contra os ataques russos.
No dia 23 de maio, a justiça ucraniana realizou o primeiro julgamento por crime de guerra, o sargento russo Vadim Shishimarin, de 21 anos, foi condenado à prisão perpétua por ter executado, no dia 28 de fevereiro, um civil de 62 anos, no vilarejo de Chupakhivka, próximo a capital Kiev.
Este artigo foi escrito por Lucas Gomes e publicado originalmente em Prensa.li.