Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, a estrela de Tom Holland brilha
“Com grandes poderes vêm grandes responsabilidades”
Dessa vez, mais do que nunca, o princípio de Peter Parker foi levado ao extremo e eu vou te explicar o porquê.
Na última quinta-feira, 16, chegou aos cinemas “Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, para fechar o arco da trilogia estrelada por Tom Holland.
Antes de saber mais sobre esse filme, tenho algumas dicas muito importantes:
Se você ainda não viu o filme, talvez essa review não seja a mais indicada. De qualquer forma, vou avisar quando os trechos com spoilers chegarem, então pode ficar tranquilo;
Se você viu o filme, nada mais justo do que continuar o texto;
Agora se você é aquela pessoa que não se importa com spoilers, fique aqui e acompanhe o fio.
Pela primeira vez na história cinematográfica do Homem-Aranha, a identidade do nosso simpático herói da vizinhança é revelada ao mundo, colocando suas responsabilidades de herói em conflito com sua vida pessoal e todos que ama em perigo.
O jovem e inocente Peter Parker (Tom Holland) decide pedir ajuda para o querido Doutor Estranho (Benedict Cumberbatch) para restaurar seu segredo.
O que acontece é que o feitiço abre um buraco em seu mundo, liberando os vilões mais poderosos, que já lutaram contra um Homem-Aranha em qualquer universo.
Agora, Peter terá que superar seu maior desafio, que não apenas alterará para sempre seu próprio futuro, mas o futuro do Multiverso.
E é aí que a magia acontece.
O trailer já tinha confirmado que a série liderada por Tom Holland apresentaria o retorno dos vilões das duas franquias anteriores do "Homem-Aranha".
A dirigida por Sam Raimi e protagonizada por Tobey Maguire dos anos 2000, e "O espetacular Homem-Aranha", série dirigida por Marc Webb e estrelada por Andrew Garfield, da década de 2010.
Isso significa que muito de sua empolgação e emoção vem diretamente da nostalgia de ver 20 anos de narrativas live-action do Homem-Aranha revisitados na tela.
Então, se você é o tipo de pessoa que gritou de alegria quando o trailer do filme revelou Doc Ock de Alfred Molina entrando em cena e dizendo: "Olá, Peter", você terá um deleite. Se não, você pode ficar um pouco confuso.
“Sem Volta para Casa” é verdadeiramente de Tom Holland
A ideia é que falar demais, como insiste a polícia de spoiler, arruinaria a diversão aqui. Não é esse o caso. O trailer e a publicidade antecipada já espalharam bastante, e os filmes da Marvel atendem a seus fãs com tanta insistência que raramente há espaço para surpresas reais.
Portanto, alerta de spoiler: o Homem-Aranha vence.
E, dessa vez, Tom Holland, se consagra na pele do amigo da vizinhança como o melhor Homem-Aranha já visto (te respeito se pensa diferente, mas isso está tão claro quanto as águas de Maldivas).
Com seu tamanho compacto e sorriso fácil e brilhante, Holland ainda parece e soa mais como uma criança do que como um adulto, e ele irradia a mesma decência doce e sincera que ajudou a fazer de Peter e do Homem-Aranha um ato duradouro nos quadrinhos e no cinema.
Pela primeira vez em toda a trilogia estrelada pelo jovem ator, ele é o personagem principal e tudo gira em torno do grande coração que o Peter de Tom expressa com tanta facilidade.
Mesmo com o Doutor Estranho ocupando um papel fundamental em todas as travessuras que dobram o reino do multiverso, Peter é libertado da bagagem de tentar ser o herói na sombra dos Vingadores e de seu eterno mentor, Tony Stark.
É como se houvesse um “restart” na história dessa trilogia, que agora entrega na mão de Holland tudo aquilo que já sabemos que faz parte da vida de Peter Parker: alegria, tristeza, crescimento, perdas e superações.
Toda essa mudança e “libertação” ocorre quando Peter entende que cada um dos vilões, Willem Dafoe (Norman Osborne/Duende Verde), Alfred Molina (Dr. Otto Octavius/Doc Ock), Jamie Foxx (Max Dillon/Electro), assim que voltarem para o seu mundo, morrerão (novamente) enquanto lutam contra o Homem-Aranha de seus universos.
A insistência de Parker em seguir seus princípios e deixar de “obedecer” a uma figura mais madura é interessante.
Existem algumas falhas de roteiro e na inserção das outras personagens, mas o que não erraram foi fazer de uma vez por todas Peter entender o que é ser um super-herói.
Ele é forçado a pesar as coisas de uma maneira que nunca fez antes, centralizando o personagem de volta em sua própria história e permitindo que ele finalmente se torne amigo da vizinhança que os leitores e o público do Homem-Aranha adoram.
Eu poderia falar muito mais sobre Tom Holland e seu ápice como Peter Parker, mas aí seria spoiler. E nada melhor do que ver com seus próprios olhos o jovem ator exalando todas as emoções.
[ATENÇÃO: CONTÉM SPOILERS À PARTIR DESSE PONTO]
Nada muito profundo para não dar spoilers
Se você continuou e chegou a esse trecho, eu já posso dizer com todas as palavras que a Marvel não é boa em esconder segredos, afinal, mostrar os principais vilões das outras franquias do teioso e não trazer de volta Tobey Maguire e Andrew Garfield seria um desrespeito.
Confirmando de uma vez por todas: sim, nossos amados e antigos “Homens” - Aranha estão de volta as telas. Vou te dar um segundo para gritar.
Preciso dizer que foi uma jogada e tanto da produção trazer as outras duas gerações do herói para a franquia atual. Isso poderia dar terrivelmente errado caso não tivessem construído o Peter de Tom de forma mais concisa desde o primeiro minuto de “Sem Volta Para Casa”.
Eu não irei falar sobre como as outras personagens são inseridas nesse universo, pelo menos isso acho que vale a pena você sentir e vibrar como todos.
O destaque das versões anteriores vai para o amado pelo povo, odiado pelos críticos, Andrew Garfield. Esse Peter tem o ponto certo do humor, não tem como não rir quando pouco antes de irem para a luta, o “Homem-Aranha 3” segura o ombro de seus dois colegas e diz “eu amo vocês”.
Ou então não se emocionar quando ele salva a MJ (Zendaya) de Tom como forma de rendição para “aquela cena” (não vou falar, você sabe o que estou dizendo, é muito sofrimento reviver).
Seus olhos cheios de lágrimas e o sorriso vitorioso só comprovam o quanto Andrew amou e ama ser o Homem-Aranha. Não existe possibilidade de não pensar como esse Peter deve estar se sentindo sozinho no seu universo.
Tobey Maguire é o abraço nostálgico para aqueles que eram jovens nos anos 2000 e viram o ator se consagrar como Peter Parker (veja bem, Peter Parker, não Homem-Aranha).
Sua feição não é das mais jovens, de verdade, não está nada jovem, mas sua maturidade e sua “lição” de vida são de dar orgulho. O Peter mais velho do grupo é aquele que ensina ao Peter de Tom que nem sempre a vingança é um prato que deve comer.
Aqueles olhos azuis continuam brilhantes e seu físico já sente os efeitos dos anos, mas nada que Andrew não possa estralar e dar uma ajudinha.
De certa forma, abrir um buraco no multiverso e trazer esses dois para essa trilogia no momento certo foi a melhor escolha.
Foi como se cada um deles tivesse aquilo que faltava para o mais jovem Peter Parker, e eles ensinaram de forma tão natural, que você só vai perceber assim que sair do cinema.
O Peter de Tobey ensinou que com o tempo tudo passa e se ajeita. O Peter de Andrew é aquele que lida com o sofrimento e se encontra no manto do herói.
Se juntarmos isso, chegamos à estrela desse filme, Tom Holland. Que aprendeu direitinho com seus colegas como ser jovem e herói é legal, mas é difícil. O “restart” fica por conta da vida solitária e complicada que ele terá que lidar daqui para frente.
Olá queridos vilões e amigos
Um ponto muito óbvio de “Sem Volta para Casa” são as atuações de Willem Dafoe e Alfred Molina.
O Duende Verde está mais assustador do que nunca, suas feições dão medo e sua motivação é a que mais se assemelha a um vilão com propósitos válidos.
Doctor Octopus continua grandioso e brilhante, mas senti que transformá-lo em algo “bom” tirou um pouco do “charme” do senhor “muitos tentáculos de ferro”.
Em contrapartida, isso faz total sentido com a direção que o filme nos leva, a salvação de vilões e a redenção dos homens-aranha.
Queria ter palavras para descrever como esses dois atores foram incríveis e pareciam estar se divertindo em cena. Mas essa é outra situação em que você, que não viu o filme e está lendo, precisa ver com seus próprios olhos.
Infelizmente, provando que a franquia de Andrew Garfield tinha vários problemas, os vilões escolhidos não agregaram nada muito substancioso ao filme, principalmente o Lagarto (Rhys Ifans).
O vilão quase não aparece e não consigo me recordar de nenhum momento que tenha feito algo minimamente “vilanesco”.
Jamie Foxx no papel de Electro ainda teve um momento de brilho quando interage com o “seu” Homem-Aranha e levanta mais uma questão em relação ao multiverso dizendo que imaginava que o herói fosse negro (Olá Miles Morales). Confesso que essa cena me abriu um sorriso.
Saindo um pouco dos vilões, temos nossa dupla cômica, MJ e Ned (Jacob Batalon). Os dois são extremamente divertidos quando contracenam e promovem bons momentos, vale destaque para o Ned quando tenta fechar o portal que liga a escola e a estátua da liberdade.
Sem sombra de dúvidas a MJ de Zendaya é a mais “girl power” de todas, sua presença é marcante, não é baseada na inocência e fragilidade feminina e ainda consegue enfrentar o Doutor Estranho com muita ironia.
Sua química com Tom Holland é encantadora e os dois elevam a meta de casal a níveis inimagináveis. Se a intenção era passar que os jovens se amam e ainda são grandes amigos, deu certo.
“Homem-Aranha: Sem Volta para Casa”, é o início e não o fim
Apesar de alguns pequenos erros e furos de roteiro, como por exemplo, a facada que Tobey leva e não tem sentido algum, o filme entregou tudo o que os fãs mais duvidosos diziam sobre Tom e alegrou os mais velhos em uma sessão nostalgia.
O diretor Jon Watts e companhia finalmente reivindicam tornar o Homem-Aranha de Tom Holland o melhor de todos. O ator nunca pareceu mais confortável vestindo o spandex vermelho e azul.
Se ele pode ter mais aventuras solo tão boas como esta, eu admito que estou curiosa para ver onde esta versão do amigo da vizinhança vai chegar.
O Homem-Aranha sempre foi um estranho entre os super-heróis da Marvel, e no bom sentido. Ele é compreensível como nenhum dos outros, é humano, suscetível à erros, jovem, imaturo e ainda assim toma atitudes de heróis adultos quando necessário.
"Sem Volta para Casa" parece mais o início de uma nova era para Peter. Um dos principais temas do filme são as segundas chances - algo que ele oferece aos performers que nunca tiveram o que mereciam nas franquias anteriores do Homem-Aranha.
E é o início ao herói que agora pega em suas mãos o destino do personagem mais querido de todos.