Homem Aranha vs Batman: por quê?
Desde que os super heróis caíram no gosto popular, milhares de fãs entram na grande briga do milênio: Marvel ou DC, quem é melhor?
Aficionados rebatem argumentos, tentando sufocar o ponto de vista do outro para mostrar seu amor por sua empresa bilionária favorita.
A grande briga dos nerds de plantão é para decidir qual o grande filme do momento: The Batman ou Homem Aranha Sem Volta Pra Casa. Afinal, existe uma resposta para essa pergunta?
A fórmula Marvel.
Logo: Marvel Studios
A Marvel tomou o desafio de renovar suas histórias e transformá-las em filmes, elevando seu nível e criando um universo cinematográfico totalmente conectado entre uma história e outra, fazendo cada narrativa se conversar, de um jeito inovador.
A empresa foi visionária e conseguiu trazer ao cinema um público que não consumiria suas histórias em quadrinhos, criando fãs fiéis e, principalmente, gerando lucros exorbitantes.
Porém, alguns espectadores que anseiam por enredos mais densos, dizem que os filmes da Marvel acabam se tornando muito iguais e pouco inovadores, sendo até infantis, devido a fórmula que sempre seguem.
Uma preocupação recente sobre o assunto foi a compra da Fox, que detém os direitos dos X-Men e do Deadpool, filmes que não eram feitos no circuito UCM (Universo Cinematográfico da Marvel).
Os fãs de Deadpool demonstraram apreensão sobre como a saga do anti-herói seria abordada dentro do modelo “family friendly” usual da Marvel, com medo que a essência ácida, sarcástica e boca suja do personagem fosse apagada.
O Fenômeno Homem Aranha.Os três aranhas - divulgação/Sony Pictures
A Marvel, além de ter inovado com seus filmes de milhões de espectadores e dólares, tem o seu grande trunfo. Afinal, não se pode negar, o Homem Aranha sempre foi um dos heróis mais populares do mundo.
Ele é abraçado por gerações e consegue, sozinho, lotar cinemas e vender quadrinhos e histórias que muitos heróis não conseguiram em grupos.
A primeira adaptação para longa-metragem interpretada por Tobey Maguire. Foi um dos primeiros filmes de super herói a ter importância no cinema e é admirada por muitos até hoje, virando um clássico do cinema.
Até mesmo versões menos bem vistas (e eu diria que até injustiçadas) como os filmes do Espetacular Homem Aranha de Andrew Garfield, conquistou uma legião de adoradores pouco vista para com outro super herói.
O amigão da vizinhança conquista até fora dos cinemas. Jogos de console e computador são muito bem colocados na indústria, carregando histórias apenas do universo do personagem.
Outro destaque é a animação do Aranhaverso, que coloca Miles Morales como protagonista, provando que o Homem Aranha vai além de Peter Parker. O filme ganha sequência esse ano de 2022.
A última versão do cinema é vivida por Tom Holland, que teve boa aceitação inicialmente em Guerra Civil e novamente nos últimos filmes da saga do Infinito, e vem vivendo nuances de popularidade após os enredos de seus últimos dois filmes.
Sempre espera-se demais do aracnídeo e de seu universo. E, ao anunciarem o terceiro filme de Tom Holland, com a especulação de um dos crossover mais esperados pelos fãs, a expectativa se tornou absurda.
Porém, a expectativa foi cumprida. Todos puderam se emocionar ao ver Tobey Maguire e Andrew Garfield se juntarem à Tom Holland em um filme que é uma carta de amor tanto para o público quanto para o cabeça de teia.
E a resposta financeira veio muito rápido também. Atualmente, o filme arrecadou 1,88 bilhões de dólares e se tornou a sexta maior arrecadação da história do cinema.
O filme foi tudo que todos queriam e esperavam. Até recentemente. Um tempo após a euforia da estreia, alguns “críticos de internet” decidiram que o filme caía na grande fórmula Marvel e só era querido pela nostalgia e fan service que apresenta. O que trouxe os fãs da concorrente para o debate.
Entre altos e baixos, a DC permanece.
Logo DC Comics
A DC vive em uma montanha russa de emoções. Ataca para muitos lados, obtém sucesso mas logo se perde. E isso custa muito para seus fãs prontos para um debate acalorado.
Enquanto a Marvel está em sua zona de conforto difícil de sair, a DC continua procurando. Com séries de TV, jogos e filmes, a empresa investe, mas parece não ter achado o certo ainda.
A DC é excelente em construir histórias complexas e cheias de profundidade como mostrado dentro dos jogos da série Arkham do Batman, que já foram premiados e são aclamados por todo o mundo.
Outra vertente bem sucedida por um tempo, foram as séries originais como Arrow e Flash. Porém, as histórias foram se perdendo nas temporadas, principalmente em novas produções como Supergirl.
Mas, quando o assunto é filmes e seus universos compartilhados, a DC não encontrou seu jeito de fazer as coisas. Grandes expectativas foram geradas e, quase todas, não cumpridas.
Todos se lembram da tragédia de Batman vs Superman. A audiência estava pronta para um show e recebeu migalhas. Um dos maiores fiascos em crítica e aceitação do público.
A decepção foi maior ainda com Esquadrão Suicida. Particularmente, Esquadrão Suicida é um "guilty pleasure” pra mim, muito por conta da Arlequina, que é uma das poucas coisas boas do filme, junto com a interpretação de Viola Davis como Amanda Waller. Mas, não se pode negar, o filme é um fracasso.
Mulher Maravilha e Aves de Rapina são alguns títulos que tem uma breve salvação, mas estão longe de serem algo para carregar todo o universo da DC.
Entretanto, uma coisa é certa, a DC prevalece. Mesmo com todos os fracassos. Todos conhecem seus heróis e suas narrativas, as pessoas vão ao cinema ver os filmes, mesmo sabendo que podem se decepcionar.
E nem tudo é ruim. Ano passado foi lançada a sequência de Esquadrão Suicida, que foi muito bem avaliada e teve um bom desempenho, fazendo que até um de seus personagens, o Pacificador, interpretado por John Cena, ganhasse uma série no HBO Max.
Outro ponto muito importante, foi a mobilização dos fã pelo lançamento de Liga da Justiça na versão do diretor original, Zack Snyder, que após a estreia do longa no cinema ter sido mais um problema, os admiradores levantaram hashtags na internet, fazendo com que a versão original de Snyder fosse lançada também no HBO Max.
Novos lançamentos estão por vir, causando esperança, como The Flash, que vai trazer de volta Ezra Miller no papel do personagem, que atiça adaptar o arco do Flashpoint, que pode arrumar a “bagunça” do universo cinematográfico da DC, usando o conceito dos multiversos.
The Batman, a salvação The Batman - divulgação/Warner Bros.
The Batman veio com muitas críticas antes mesmo de estrear por um único motivo: Robert Pattinson. O intérprete de um dos maiores vampiros da cultura pop foi extremamente julgado pelos fãs do morcego. Mas, após o lançamento, qualquer um que utilize Pattinson como argumento de fracasso só está amargurado.
Ele entrega uma interpretação muito similar ao início do Batman nos quadrinhos, que demonstra um Bruce Wayne depressivo, perturbado por seu passado e pela realidade de Gotham, transformando seu Batman em violento, pouco paciente e que divide a opinião das pessoas que ele protege. Ele também adapta um lado pouco explorado do personagem no cinema, que é a vertente de detetive.
Sua história é envolvente, adulta e violenta como deve ser. O elenco é brilhante, não somente por Robert Pattinson, mas por Zoe Kravitz como Selina Kyle, a Mulher Gato, que cria uma química impressionante com o morcego e tem um passado intenso, ficando nas nuances entre justiceira e vilã. Outros destaques são Jeffrey Wright como o justo e cansado detetive Gordon e Paul Dano, o vilão psicopata e intenso, Charada.
O filme é o primeiro em bastante tempo a receber grandes revisões da crítica, aceitação do público e competir em audiência de forma direta com, não somente os filmes da Marvel, mas também com outros lançamentos, sendo a maior bilheteria no seu final de semana de estreia.
The Batman é uma luz forte no fim do túnel da DC, que trouxe um de seus filmes para os grandes números de bilheteria, boas revisões da crítica e para os corações dos fãs desacreditados.
Mas e aí, quem é melhor?
Pouco inteligente é aquele que quer escolher. Por mais que tratem do mesmo gênero filmográfico e tenham diversas semelhanças, as empresas abordam suas narrativas de formas bem distintas em suas escolhas de roteiro, direção e composição de imagem.
Além das diferenças trazidas pelos campos técnicos, é possível apreciar as histórias de ambas sem criar uma guerra com os outros e consigo mesmo. Não, amigo nerd, o mundo não vai desabar porque você se divertiu com Homem Formiga e ficou tenso com o Cavaleiro das Trevas.
E, ao que cabe a Sem Volta Pra Casa e The Batman, a comparação beira a idiotice. São narrativas construídas distintamentes, pensadas para causar emoções quase opostas. E tudo bem gostar mais de um do que do outro, o problema é a discussão sem fim e sem sentido, que poderia ser solucionada com um balde de pipoca e uma sessão dupla de Tom, Andrew e Tobey seguida de Robert
Este artigo foi escrito por Giovana Ribeiro e publicado originalmente em Prensa.li.