Homo Adultus
Depois de um breve diálogo sobre “coisas de adolescente” versus “coisas de adulto” dei asas à minha mente para refletir ainda mais sobre essa etapa transformadora da vida que é a chegada da vida adulta.
A fase adulta parece ter mudado ao longo das civilizações; talvez até tenha sido adiada. Acredito que com o crescimento da expectativa de vida e a menor necessidade de correr para garantir a sobrevivência, essa fase infantil e púbere se alongou já que os pais mais facilmente dão conta de manter o sustento familiar e o filho pode se acomodar por mais tempo carregado pelas finanças e responsabilidades que não se apressa para assumir. Mas afinal o que seria ser adulto então? A idade? A busca por uma carreira? O dinheiro?
Conversei com um amigo há tempos e perguntei:
“Com que idade você acha que o cara é adulto? 18..19?”
“Não sei... Acho que depende. Uns 21 eu acho”
Eu achei o papo cômico. De “depende” em “depende” nós chegamos à conclusão de que depende do que a pessoa faz nessa idade. Se um cara, de 18 anos trabalha, faz faculdade e ajuda a sustentar a casa, dificilmente não será um adulto aos olhos alheios. Mas se alguém aos 20 não se preocupa em assumir as rédeas do seu presente; se não faz nada para buscar um progresso pessoal, com certeza não será visto como pessoa adulta.
Depois de tantas reflexões entre diálogos e solilóquios, percebi que o ponto comum do “título” de adulto estava na responsabilidade assumida. Um dos divisores de águas do cidadão é a maioridade justamente porque ele pode ser responsabilizado pelos seus atos; pode assumir a responsabilidade de assinar e honrar contratos; deve conhecer e respeitar as leis sob condição de pena caso não o faça. E saindo do campo legal e retornando para o moral (?) ou social, mais uma vez é possível dizer que o adulto, muito mais do que idade, precisa de responsabilidade para ser reconhecido como tal.
Quantos homens e mulheres “barbadas” nós conhecemos e que de adultos só carregam as marcas do tempo? É... A vida adulta é uma etapa que muitos envelhecem sem atingir.
Imagem de capa - Gregor Meier - Unsplash
Este artigo foi escrito por Cainan Silva Anunciação e publicado originalmente em Prensa.li.