Imóveis Físicos e NFTs, uma junção peculiar
Meus primeiros textos aqui na comunidade da Prensa foram sobre NFTs. Com certeza, vocês se lembram do “hype” econômico sobre esses tokens digitais. Contudo, como um tsunami, ele veio gigantesco, inundou tudo, devastou a economia, e voltou para seu refúgio natural.
Ciclo das estações
Nesse artigo daqui, eu falo sobre; assim como cada estação tem seu fim, o “boom” dos NFTs também. Só que a partir de inovações mais sociais, esses tokens não fungíveis podem voltar “à ativa”.
Token? o que é isso?
Para quem ainda não sabe, token é uma representação digital de algum ativo dentro de uma blockchain. Ou seja, esse item pode ser uma criptomoeda, como um contrato digital, ou os NFTs (produções de itens de arte que utilizam tokens de identificação no mundo virtual).
Vários famosos e artistas aderiram a este hype, pagando fortunas por estes itens colecionáveis. Só que os NFTs deixaram de ser somente ilustrações bonitinhas (ou nem tanto rsrs) para serem aplicadas a serviços também, incluindo os físicos. Ainda neste texto, eu já preceituava que a única saída para os NFTs se manterem “vivos no mercado” era se tornando homens comuns e, bem, parece que aconteceu, não é mesmo?
Comprando terreno real com blockchain, sim senhor
Não, não é nada de terreno virtual, terreno no metaverso, ou coisa que você nunca vai poder ver. É coisa física mesmo. A construtora Sudoeste (brasileira) lançou um primeiro empreendimento 100% tokenizado, em Minas Gerais. Esse imóvel possui 148 unidades disponíveis para venda, e para a compra dos apartamentos, tem primeiro a parte cartorária, em que se firma os contratos, e depois eles são incluídos em uma blockchain da plataforma Ethereum, sendo o valor do imóvel pago pelo comprador transformado em criptomoeda.
O objetivo inicial da Sudoeste é que as unidades desse empreendimento sejam compradas por pessoas com interesse em realizar investimentos “mais digitais”, mas sem a enganação ou flutuação dos preços dos “itens 100% virtuais”. Isso é bem interessante já que as criptomoedas estão se saindo melhor do que até mesmo o ouro, um ativo secular que era ligado à instabilidade.
E tem como dividir?
A maior parte da população brasileira utiliza o cartão de crédito, e normalmente, não possui dinheiro guardado. Pensando nisso, a grande novidade no empreendimento da Sudoeste (e o ponto nodal na questão de tokenização) é que eles permitiram aos compradores que paguem em criptomoeda e recebam os dividendos após o seu aluguel.
Ou seja, eles possibilitaram uma pessoa a comprar a partir de 10% de uma unidade, com valor mínimo de investimento de R$ 55 mil. Para quem não sabe, isso se chama fração de imóveis, e é permitido por lei no Brasil. Sendo bem comum para empreendimentos mais antigos, chegou fortemente ao Nordeste a partir de 2020, com a GAV, o qual revende quotas de apartamentos de resorts (Porto de Galinhas, Muro Alto, e todas aquelas praias paradisíacas) para quem almeja ter uma renda anual fixa.
Essa é uma boa saída para quem busca investir em propriedades, porém, ainda não dinheiro suficiente para adquirir um segundo imóvel (completo). No empreendimento em questão, os apartamentos disponíveis têm entre 1 e 2 quartos, com tamanhos que variam de 35,54 m² a 110,54 m².
Full HD?
Ainda que esse seja um único projeto, já demonstra que minha tese traçada no artigo anterior é verdadeira. A saída para os NFTs realmente é a sua utilização e inserção no mercado financeiro para a grande massa, e não somente com itens colecionáveis de luxo.
Não se pode esquecer que a compra via token pode gerar benefícios em médio e longo prazo, principalmente dada a flutuação da economia e da moeda.
É mister relembrar que foi assinada em 2021 pelo Presidente da República a lei que dá aos cartórios a possibilidade de fazer suas ações de forma virtual. Em resumo, quem compra por token, muito provavelmente irá firmar o contrato num cartório virtual, sem a necessidade de sair de casa, e a segurança da transação aumenta, por ser com blockchain (cair em golpe do boleto falso é fácil mas, pelo menos, os criminosos ainda não têm uma tecnologia de ponta em relação a blockchain). Logo, fica muito mais fácil a compra e venda de imóveis - ou só de uma fração deles.
Claro que isso poderia impactar no papel do corretor, e tenho até textos falando sobre a possibilidade de “perda” de trabalho pela inclusão do digital. Todavia, isso também poderia diversificar seu trabalho, ao passo que ele buscaria por “cotas” de imóveis adequadas para diferentes perfis de investidores e, claro, ele necessitaria se enquadrar ao digital. (Mas quem não quer receber sua comissão em bitcoin? rsrs)
Banco Central de olho
Em uns artigos atrás falei como os bancos físicos já estavam “de olho” nos tokens, e não foi diferente com o Banco Central. O presidente do Banco Central do Brasil disse durante um evento que o mundo deve caminhar para uma economia "tokenizada", e o uso deles será inserido no cotidiano da maioria. Ele também desejou que o Brasil pudesse ser um dos pioneiros nessa estruturação.
Será que no futuro compraremos um apartamento do Minha casa verde e amarela com tokens?
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Este artigo foi escrito por Maria Renata Gois e publicado originalmente em Prensa.li.