O futuro chegou e junto a ele uma nova geração permeada de inovações, fintechs e tecnologias. Os empreendedores que surgiram nesse novo milênio e atuantes em grandes cidades como São Paulo, nascem, em sua maioria, digitalizados e inteirados das mudanças que ocorrem dentro do mercado.
No entanto, esse universo digitalizado, ainda não é a realidade de todo empreendedor. Dependendo de sua localidade, possuir um celular de última geração ou um computador para gerir seu negócio são metas inalcançáveis para alguém que ainda utiliza pacotes pré-pagos de internet. Assim sendo, trabalhar na inclusão e universalização do sistema financeiro, passa a ser não só um dos grandes desafios a serem enfrentados no Brasil, mas também uma necessidade.
Inclusão e inovação do sistema financeiro
Wilson Poit, Diretor e superintendente no SEBRAE-SP, conta que em uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva (setembro/2019), o país possuía cerca de 45 milhões de brasileiros desbancarizados, ou seja, pessoas que não possuem qualquer acesso ao sistema financeiro ou conta bancária.
Diante desses números alarmantes, fica evidente a necessidade de inclusão desses cidadãos no sistema bancário, permitindo que inovações cheguem, de fato, aos pequenos e microempreendedores, bem como as comunidades mais remotas. “Essas inovações precisam atingir essas pessoas da mesma forma que ocorreu com a universalização das máquinas de cartão de crédito, com mudanças que permitiram qualquer empreendedor informal aceitar cartão de crédito para fazer uma venda”, explica Wilson Poit.
Assim como qualquer grande inovação, o Open Banking precisará ser apresentado e implementado de forma gradual e sistemática. A chegada desse novo sistema financeiro, transfere para o usuário o poder e domínio sobre seus dados, mas, além disso, institui um ecossistema financeiro aberto, mostrando ao usuário final uma gama de opções e onde este poderá buscar melhores condições financeiras e propostas que se adequem ao seu momento de vida.
“Por isso, acho importante estimular essa inovação e que facilite a vida de quem quer vender, aumentando as opções de recebimento e de transferência de recurso e deixando os custos mais baratos”, explica o diretor do SEBRAE-SP. Além disso, ele explica que, quando tratamos a respeito de micro e pequenos empreendedores, pagar R$10,00 em um TED, pode fazer muita diferença no momento de remunerar um empregador ou quitar taxas e tarifas do dia-a-dia.
Open Banking e o acesso ao crédito
Com o advento da pandemia de coronavírus, o Governo criou e disponibilizou linhas de crédito com o intuito de ajudar pequenos e microempreendedores que estavam com seus negócios parados em detrimento do isolamento social. No entanto, as burocracias e dificuldades impostas pelas instituições financeiras eram tantas que, ficou evidente a dificuldade de acesso a financiamentos por esses empreendimentos.
Cerca de 86% dos pequenos negócios que solicitaram crédito em abril, tiveram a sua solicitação negada, comenta Wilson.
Diante desse cenário, o SEBRAE desenvolveu programas de crédito, para o Estado de São Paulo, de forma independente ou através de parcerias com o Governo do Estado, sendo um deles o ‘Retomada’. O programa oferece, dentro das condições proposta pelo regulamento, crédito orientado para MEI, ME e Produtores Rurais de forma 100% digital.
Com a chegada do Open Banking, programas de auxílio financeiro a empreendedores, como o ‘Retomada’, tendem a se expandir. Este novo sistema financeiro, possui potencial para promover a inclusão financeira e fomentar o surgimento de produtos financeiros com custos mais baixos.
Além disso, o aumento da concorrência dentro do setor financeiro, torna-se essencial para apoiar os micros e pequenos empreendedores e aumentar suas taxas de sobrevivência dentro do mercado. No mais, também estimula a formalização dos empreendedores informais e não bancarizados.
“Esse movimento do Open Banking, certamente irá empoderar milhões de empreendedores, que terão mais liberdade para escolher seu agente financeiro, podendo negociar melhor com as instituições de mercado, podendo comparar os produtos e serviços, elegendo, inclusive, aquele que melhor lhe atende”, conta Wilson.
Democratização financeira
Na opinião do Direitor e Superintendente do SEBRAE-SP, as tecnologias e inovações financeiras podem agregar muito se forem simples, deixando a gestão das finanças mais práticas e com menor custo. No entanto, o grande desafio é permitir que essa tecnologia sirva como ferramente democrática de acesso ao serviço financeiro.
De acordo com Wilson, “com o Open Banking, surge a facilitação da portabilidade entre instituições financeiras, ocorrendo uma fomentação à competitividade no setor e assim, micro e pequenas empresas devem acessar produtos bancários mais facilitados e com taxas acessíveis, bem pensados para elas.
No entanto, em sua opinião profissional, para que seja possível viver em um ambiente de crescimento, precisamos lembrar desses empreendedores emergentes, garantindo que estes tenham acesso as inovações que surgirem e que possam ingressar no ambiente competitivo, tirando proveito das facilidades ofertadas por esse novo ecossistema financeiro.
Este artigo foi escrito por Wilson Poit e publicado originalmente em Prensa.li.