Imperialismo 2.0 e as consequências para a África
Imagem: joaquincorbalan / Envato Elements
No século XIX, as principais nações europeias iniciaram uma enorme e duradoura expansão territorial no continente Asiático e, principalmente, no Africano, com os objetivos de obter recursos naturais para alimentar as suas respectivas economias, bem como levar a “civilização” para os povos.
O evento em questão se tornou conhecido mundialmente como neocolonialismo ou imperialismo e trouxe fome, destruição, problemas territoriais até hoje não sanados, corrupção, doenças entre outros.
Os responsáveis por tais atos nunca foram punidos e continuam a consumir as riquezas do continente sem um escrutínio da opinião pública ao redor do mundo.
A mídia ocidental não aborda sobre isso de forma clara, mas desde que o conflito entre Russos e Ucranianos eclodiu no final de fevereiro deste ano, os preços do petróleo e do gás subiram a níveis estratosféricos. Isso fez com que a inflação em todas as partes do mundo subisse de forma abrupta tornando o poder de compra do consumidor ínfimo.
A Europa que é altamente dependente do petróleo e gás russo iniciou uma série de sanções com intuito de prejudicar uma das fontes mais lucrativas de Moscou, porém ela não imaginava o efeito reverso dessas ações uma vez que os estoques de gás, por exemplo, diminuem a passos largos e a perspectiva é de total colapso econômico.
Diante deste cenário, a União Europeia começou estudos para que o continente não se torne mais dependente do fornecimento russo e sondou países como o Qatar — que é o segundo maior fornecedor de gás do mundo e o continente africano. — Este possui significativas reservas de gás, petróleo, minérios que são fundamentais para a indústria e tecnologia.
Diante da procura, era perceptível que os países africanos aceitariam de bom grado as ofertas para tais fornecimentos, mas aconteceu justamente o oposto. Argélia, Nigéria entre outras nações, enxergaram a oportunidade ideal para obter vantagens políticas e econômicas frente aos seus algozes, e estes, percebendo a dificuldade de negociar, retrocederam e desistiram do negócio.
Esse movimento mostra como a África, no cenário geopolítico global, está tendo o seu papel de destaque impondo os seus interesses para que as nações não sofram como no passado.
Os riscos de novas intervenções ao continente aos moldes do passado podem acontecer, porém, a resistência do povo seria o primeiro fator a atrapalhar as investidas europeias.
Um outro ponto importante que não é citado são os investimentos da China no continente Africano. Nos últimos anos a superpotência já investiu 9,3 bilhões de dólares para a melhoria das estradas, ferrovias, energia, além dos negócios com as nações na compra de gás, petróleo , minérios etc.
Com essa ajuda, o fortalecimento entre China e África torna o tabuleiro geopolítico global cada vez mais dinâmico e tira a centralidade da Europa e dos Estados Unidos em relação ao destino do continente. Por fim, vale ressaltar que a África do Sul, nação africana mais desenvolvida, faz parte junto ao Brasil, Rússia, China e Índia dos BRICS — bloco econômico que tem a chance de romper com a hegemonia da Europa e Estados Unidos. A África é bela, poderosa, histórica e possui um potencial gigantesco para o futuro.
Este artigo foi escrito por Jones Júnior e publicado originalmente em Prensa.li.