A importância da representatividade na cultura pop
De uns tempos para cá, muitos estão questionando a importância da representatividade nos cinemas, desenhos, brinquedos e na internet. Outras, tentando mostrar às pessoas que isso pode ser importante na formação de muitas crianças e jovens.
Mas afinal, qual é a importância da representatividade para as crianças e os jovens? São muitos os questionamentos que começaram a ser feitos nos últimos anos e há vários motivos. Como sabemos, o cinema, os desenhos, as músicas e outras plataformas vêm sofrendo várias mudanças e adaptações com o passar dos anos e décadas, mas e a representatividade? Quando falamos de representatividade, estamos falando de grupos sociais que têm a sua imagem representada nas telas, desenhos, novelas e na internet, e que podem se identificar.
Mas isso, infelizmente, não é muito comum. Muitos grupos, como a sociedade LGBTQI+, a população negra, pessoas obesas, os portadores de necessidades especiais e, às vezes, até mulheres, geralmente são vistos como “fora do padrão” e são ignorados ou excluídos porque a sociedade vê que uma pessoa branca, heterossexual e que possui uma família tradicional é digna de tal atenção. Por isso, muito pedem pela representatividade nas telas e nas redes sociais. Já se sabe que a representação pode ajudar no crescimento da personalidade da criança, do jovem e até mesmo do adulto. Por exemplo, se uma criança negra vê um herói negro lutando e sendo um rei, para ela isso pode representar que pode ser muito mais do que se imagina – e isso significa ser muito mais do que o papel determinado socialmente, que é o de faxineiro ou mordomo.
Mas você deve estar pensando que já viu esses grupos “fora do padrão” nas telas. Mas foi de uma forma positiva? Porque se for ver mais de perto, geralmente, quando esses grupos aparecem sempre são de uma forma negativa.Não são em todos os filmes, séries e desenhos que isso acontece, mas se prejudicou alguém, uma única vez já basta. Vemos isso no caso das pessoas obesas: quando aparecem nos filmes, sempre são apontadas como pessoas que comem descontroladamente, que não se exercitam, são vítimas de piadas e sua aparência sempre é vista como algo feio, fora do padrão. Isso não é representar alguém, mas deixar-lhe mais inseguro consigo mesmo, desconfortável. Esse estereótipo é um desserviço.
E também temos as pessoas com necessidades especiais, que são sempre representadas de forma negativa, pois quando se tem personagens com necessidades especiais, sempre são retratados como incapazes, como frágeis e que não têm ou não podem ter uma vida normal, como outras pessoas teriam.
Se depois deste texto você entendeu a importância da representatividade na formação de muitas pessoas, parabéns! Caso contrário, explico de outra forma: a representatividade pode ajudar na formação da personalidade das pessoas, mas isso vai muito além. Pode gerar, também, autoestima, empoderamento e a confiança em si mesmo.
Devemos reconhecer os nossos privilégios de alguém que não precisa lutar contra os padrões estéticos, mas que também nunca me senti representado por nenhum guerreiro musculoso de cabelos loiros e olhos azuis, por exemplo.
Por isso, filmes e séries como ‘’Pantera Negra’’, ‘’Atypical’’, ‘’Sex education’’, “Mulher Maravilha” acabam sendo uma conquista. Este último, embora a personagem principal seja bastante sexualizada na trama, seu empoderamento é destacado. Assim como ela, é urgente que outras personagens sejam heroínas de suas próprias histórias e que os personagens masculinos possam ser mostrados como sensíveis e frágeis. As pessoas não são iguais. Agora você entendeu a importância da representatividade?
Este artigo foi escrito por Marco Santana e publicado originalmente em Prensa.li.