Instalação Marítima retira 9.000 kg de lixo do oceano
O Oceano Pacífico abriga uma enorme coleção de lixo chamada de “Great Pacific Garbage Patch” ou, em tradução livre, Grande Mancha de Lixo do Pacífico.
A mancha cobre cerca de 1,6 milhão de quilômetros quadrados, quase três vezes o tamanho da França e, atualmente, flutua entre o Havaí e a Califórnia.
A maior parte da Grande Mancha não é uma “ilha flutuante de lixo”, ela é, na verdade, um “amontoado” de pequenos pedações.
A maior parte desses detritos são plásticos que variam de garrafas a pedaços menores que um grão de arroz.
Esse "amontoado” de lixo é invisível para os satélites e pode até passar despercebida por velejadores ou mergulhadores casuais.
O acúmulo cada vez maior de lixo e detritos preocupa todos os cientistas ao redor do mundo.
Felizmente, uma nova abordagem da organização sem fins lucrativos, The Ocean Cleanup, está mostrando resultados promissores na limpeza do oceano.
Durante o teste realizado esse ano, a organização relatou que a instalação retirou impressionantes 9.000 kg de plástico do oceano.
Projeto piloto recolhe lixo do Oceano Pacífico
A Ocean Cleanup, que tem como meta remover 90% do plástico flutuante do oceano até 2040, vem desenvolvendo e testando vários protótipos de limpeza há anos. Infelizmente, muitos desses fracassaram.
O modelo de 2018 quebrou na água e sua versão de 2019 não tinha a eficiência de coleta necessária para fazer uma diferença significativa.
Seu mais novo sistema de rede em forma de U, apelidado de “Jenny”, é o projeto de maior sucesso até então.
Guiado por dois barcos, a instalação de 800 metros de comprimento recolhe detritos grandes e pequenos da água em uma rede em forma de funil.
Quando Jenny está cheia, os funcionários que guiam a embarcação recolhem o lixo para o barco e depois levam para a reciclagem.
No entanto, a técnica é bastante semelhante à pesca de arrasto. Uma preocupação que os cientistas tinham sobre a instalação era o risco de acidentalmente capturar peixes ou outra vida marinha na rede de coleta.
Mas a The Ocean Cleanup diz que Jenny, que se move lentamente, é amiga dos animais.
Os barcos rebocam Jenny a cerca de 1,5 nós, uma velocidade na qual a maioria da vida marinha pode nadar para longe, e o sistema conta com rotas de fuga e luzes para guiar os animais desorientados para fora da rede.
Os cientistas também observaram que o barco que guia Jenny, chamado de Maersk, também é um grande emissor de carbono.
Novamente, a The Ocean Cleanup publicou uma nota dizendo que planeja comprar compensações de carbono para corrigir essa preocupação.
Remover 9.000 kg de lixo é uma grande façanha, mas alivia somente uma pequena parte do problema. Um estudo de 2018 estimou que o Great Pacific Garbage Patch contém aproximadamente 79.000 toneladas de plástico.
A instalação de limpeza mostrou resultados promissores, mas a maioria dos pesquisadores concorda que esforços também devem ser feitos para evitar que o plástico entre no oceano.
Um estudo de 2020 descobriu que mais de 10 bilhões de kilos de plástico estão sendo despejados nos oceanos a cada ano no mundo todo, um número que pode quase triplicar até 2040.
Instalações como Jenny também fazem pouco para lidar com o acúmulo substancial de plásticos no fundo do oceano, visto que a rede só alcança ilhas de lixo flutuantes.
Apesar da escala do problema, o fundador da organização, o inventor holandês Boyan Slat, diz que precisariam de cerca de dez Jennys para limpar metade da Grande Mancha de Lixo do Pacífico em cinco anos.
Mesmo que o projeto não possa garantir resultados estrondosos, é de grande valia contar com instituições que tentam ao menos converter um pouco da irresponsabilidade humana.