As Insurtechs na trilha do empreendedorismo
Quando o assunto é empreendedorismo, é quase impossível não se ouvir falar em Startups. Constantemente presentes nos trend topics midiáticos, essas empresas emergentes vieram para desenvolver e aprimorar a forma de se fazer negócio.
Comumente relacionadas à tecnologia, elas se infiltraram em diversos setores do mercado, surgindo assim as tão conhecidas Tech Companies: FinTechs, AgroTechs e HealthTechs. No entanto, nenhum mercado está salvo deste tsunami e a bola da vez está com as seguradoras.
InsurTech é uma junção de Insurance (seguro) e Technology (tecnologia), e tornou-se o termo mais utilizado na caracterização de empreendimentos tecnológicos voltados para a área de seguros.
Como funciona uma InsurTech
De acordo com o 23rd Annual Global CEO Survey, estudo realizado pela PwC (PricewaterhouseCoopers), apenas 10% das empresas mundiais não fizeram nenhuma forma de avanço para implementar programas que ajudassem no desenvolvimento e melhora de habilidades técnicas e digitais.
Os setores industriais de maior sucesso, acompanharam o crescente aumento do uso de tecnologias, e compreenderam que a sociedade está em constante transformação. Com isso, entender o impacto destas mudanças e o comportamento do consumidor, tornou-se a chave para o sucesso à longo prazo.
A área de seguros sempre possuiu pacotes e serviços padronizados, que pouco levavam em consideração o perfil do consumidor. Com o passar dos anos, as exigências consumeristas cresceram e melhoras como, acessibilidade financeira, redução de burocracia e transparência passaram a ser cobradas.
Assim sendo, as InsurTechs não são apenas um elo, mas uma ponte entre os empreendimentos e as seguradoras, atuando através da criação de plataformas digitais que não só automatizam o processo, mas melhoram a qualidade do serviço como um todo. Desta forma, a contratação de um produto passa a ser personalizada e de acordo com o perfil de cada cliente. Com isso, melhorar, estimular, atrair e inovar são uma ótima forma de se descrever o início de uma nova era para o setor de seguros.
O impacto das APIs
Atualmente aposentado, Stephen O’Hearn, antigo líder global de seguros pela PwC, em uma press release do ano de 2016, comentou: “As InsurTechs serão um grande divisor de águas para aqueles que resolverem abraçá-las. Seguradoras possuem acesso ilimitado a dados dos consumidores e fazer uso de tecnologia de ponta para analisá-los, poderá ser uma mudança significativamente benéfica para os dois lados, tanto para a empresa como para o consumidor”.
É fácil perceber que Stephen estava certo, fazer uso de aplicações para análise de dados consumeristas e, consequentemente, melhorar a qualidade do serviço é, realmente, a grande “sacada” desse jogo.
As APIs permitem essa troca de informações entre aplicações de diferentes linguagens, promovendo a conectividade entre empresas, InsurTechs e usuários. Figurativamente falando, elas atuam como grandes tradutores-intérpretes, possibilitando que as empresas exponham seus dados de forma transparente à sociedade, agregando mais valor aos serviços apresentados ao consumidor.
A evolução tecnológica das APIs abertas, aplicações disponibilizadas para o uso de diferentes empresas e desenvolvedores, é a grande responsável por tornar essa comunicação entre diferentes setores da sociedade possível.
APIs e InsurTechs ao redor do mundo
As InsurTechs estão conquistando o mundo e um grande exemplo deste avanço é o mercado online de seguros na África do Sul. A Briisk, startup do ramo de seguros, em parceria com a CompareGuru, plataforma online de seguros, implementaram um mecanismo de comparação de cotações online, onde os usuários podem comparar, lado a lado, o preço e ofertas de diferentes seguradoras.
A solução apresentada pelas empresas, utiliza APIs públicas, também conhecidas como APIs abertas. Atuando como uma “agregadora de APIs”, assim, os usuários podem comprar as taxas de seguro e, portanto, usar plataformas como a CompareGuru para realizar essa comparação.
A Fintech Global, promove a realização de uma lista anual que contém as 100 mais inovadoras InsurTechs do mundo, chamada InsurTech100. Esta lista possui empresas de toda a parte do mundo, e em 2019 o Brasil apareceu com duas Companhias nesta lista, sendo uma delas a ThinkSeg.
A Thinkseg foi criada em 2016 e de acordo com o relatório a Insurtech100, revolucionou a indústria de seguros ao oferecer uma experiência de consumo 100% digital. Além disso, a empresa oferece produtos customizados de seguradoras líderes de mercado, pensando não só no perfil do cliente, mas também em seus hábitos de consumo. A startup possui parcerias com grandes seguradoras brasileiras, entre elas Bradesco, SulAmérica, Mafre, Allianz e Porto Seguro.
Brasil: APIs na prática de InsurTechs
A APIX, API Experience, evento sediado pela Sensedia no primeiro trimestre de 2020, contou com a participação da SulAmérica, empresa do ramo de seguros a mais de 120 anos. No evento, o CIO, Cristiano Barbiere, conta sobre a criação de uma garagem de inovação, que possui como maior objetivo aprender a fazer projetos com a mesma rapidez e eficiência que uma Startup.
Cristiano comenta que a iniciativa foi essencial para a empresa adentrar o ramo da inovação. Hoje, acredita em um centro de TI (Tecnologia e Inovação) transformado, inovador e que usa experimentação em escala, entregando, no geral, projetos com maior rapidez.
Assim, a criação desse laboratório de inovação obrigou a SulAmérica revisar todo o setor de gestão de projetos e criou um novo método de trabalho, que, atualmente, busca sempre trazer a inovação para a entrega de planejamentos em ciclos mais rápidos e através de plataformas mais ágeis.
Neste mesmo evento, diretor de transformação digital da SulAmérica, Alexandre Putini, contou sobre a plataforma de APIs da empresa e que esta é elemento essencial para a garantia de um padrão de qualidade e serviço, além de escalabilidade, segurança e time-to-market. A esse respeito, ele explica: “sem dúvida alguma, se a gente pensa em integração para esse mundo conectado, a minha maneira de ver isso é fazendo essa conexão por APIs Abertas”.