Inteligência Artificial | 100% Humanos?
O que sabemos até agora sobre replicação?
Sabemos que aquele Agente, que conhecemos no primeiro capítulo, se replicava devido às forças eletromagnéticas, nem sempre eram favoráveis. Por isso, foram necessários milhões de anos para alcançarem o próximo estágio.
O que faz as máquinas se replicarem é a relação com os seres humanos. Da mesma forma que o trigo mudou sua estrutura, o gene da ligação dos ramos com o caule, as máquinas vêm tendo sua estrutura modificada. Ambas as situações têm um propósito: tornar possível a coevolução.
No caso das máquinas essa mudança é necessária para lhes implantar cada vez mais instruções, permitindo-as realizarem tarefas de humanos.
Evidente, estamos abstraindo novamente. Mas isso nos ajuda a entender essa analogia, entre a evolução dos Seres e das Máquinas.
Podemos afirmar que o homem é o Simbionte das Máquinas?
Vamos analisar melhor essa possibilidade, mas, antes de tudo, precisamos entender exatamente o que é uma simbiose.
sim·bi·o·se
(grego sumbiósis, -eos, vida em comum, camaradagem)
substantivo feminino
1. Associação recíproca de dois ou mais organismos diferentes que lhes permite viver com benefícios mútuos.
Qual o benefício do Ser Humano na associação com as máquinas?
Simples, as máquinas fazem algumas tarefas humanas muito mais rápido e, muitas vezes, de forma muito mais eficiente. Como no caso dos números de Bernoulli, que vimos no capítulo anterior. De lá para cá, muitas outras máquinas surgiram para realizarem tarefas com muito mais precisão e eficácia, nem é preciso citá-las individualmente.
Faça um exercício: pense em quantas tarefas realizadas por homens deixariam você mais tranquilo se fosse feita por uma máquina.
Ah, você é um defensor de que as máquinas jamais tivessem substituído o homem em tarefa alguma?
Essa questão é tão fascinante quanto polêmica. Já imaginou a conta do seu condomínio se houvesse necessidade do serviço de ascensoristas? Agora, imagine a sua vida sem um caixa eletrônico ou um telefonema interurbano à base das antigas mesas de comutação operadas por telefonistas. Todas estas atividades substituíram mão de obra humana, mas você agradece a Deus por isso, tenho certeza.
Ah, mas as máquinas podem ficar inteligentes demais e subjugar os Humanos!
Quanto a isso só tenho a dizer que o medo vende e vende muito. Então, este é um assunto para explorarmos mais à frente.
Pensei aqui em uma atividade que deveria ser executada por uma máquina.
Mineração em subsolo.
Esta é apenas uma, mas você há de concordar com esta afirmação: qualquer atividade humana que apresente condições de trabalho extremamente insalubre, deveria ser executada por máquinas.
Voltemos à Simbiose. Você acredita ser 100% humano?
Talvez você vá ficar surpreso com o que eu vou afirmar agora.
Você já deve ter ouvido falar que 60% do nosso corpo é água. Pois bem, água não é uma célula, então. não é humana.
Agora você já sabe que apenas 40% do seu corpo é formado por células. Mas se eu disser que uma boa parte destas células também não são humanas?
Está chocado, não está?
Apenas 57% destas células são humanas.
O restante são micro-organismos. Pequenos seres que coabitam esse habitat que ousamos chamar de “nosso corpo”.
Pois é, eu falei que você ia ficar surpreso: somos apenas 22.8% humanos.
Sério? Seríssimo, e vou mais longe.
Nosso DNA contém entre 20 e 25 mil genes. Mas se calcularmos todos os genes de nosso microbioma chegaremos aos milhões. Apenas no intestino humano há cerca de 10 milhões de genes microbianos.
Há uma grande simbiose fazendo o nosso corpo funcionar. Os produtos sintetizados por estes micróbios, afetam o nosso corpo de maneira única, fomentando processos fisiológicos, que acreditamos ser 100% humanos.
Esta coexistência simbiótica existe há mais de 1 bilhão de anos entre mamíferos e micróbios, sendo talvez a simbiose mais que perfeita.
Então, concluímos que o ser humano é um ser simbionte, por natureza. Concorda?
Seja com os micróbios ou com o trigo, qualquer relação desse tipo é sempre profícua. Porque seria diferente com as máquinas?
Vamos avaliar isso melhor.
Olhe para o seu celular. O que você vê?
Existe algum outro objeto pelo qual você sinta o que sente por esse aparelho?
Eis aqui outra profícua simbiose. Nós melhoramos o celular para que ele nos melhore. Somos Seres melhores com este aparelho na mão?
Depende do ponto de vista. Mas, o celular levanta uma série de questões emocionais.
Aponte apenas uma, então. Ah, o celular põe fim aos relacionamentos!
Será mesmo? De que forma?
O mais famoso estudo a respeito foi realizado por James A. Roberts e Meredith David, da Universidade de Baylor, nos Estados Unidos, confirma: muita gente atribui ao celular o fato de seu relacionamento ter terminado.
Inclusive, os dois cunharam um termo: phubbing. A junção das palavras phone e snubbin (esnobando) para descrever uma pessoa que ignora outra com a desculpa de estar usando o celular.
Isso não faz o menor sentido! Pessoas ignoram outras por uma simples razão: elas não são interessantes o suficiente!
Vamos nos ater ao assunto, por favor!
A sua relação com o celular é profícua? Você se acha um ser humano melhor com ele? Se a Siri ou a Alexa fossem mais inteligentes, você ficaria chateado ou feliz?
Um dos meus atores preferidos é Joaquim Phoenix. Adoro esse cara! Depois do Jack Nicholson, na minha opinião, ele é o melhor ator de Hollywood.
O longa de Spike Jonze, Her (Ela), conta a história de Theodore (Phoenix, numa interpretação extraordinária) um recém divorciado que acaba se envolvendo emocionalmente com uma Inteligência Artificial (Scarlett Johansson).
Se você ainda não viu, assista este filme antes de ler o próximo capítulo.
Entendemos como as relações simbióticas são importantes para nós, humanos. Vimos também como as máquinas estão cada dia mais íntimas dos humanos.
No próximo capítulo, vamos conhecer os Seres Artificiais.
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Este artigo foi escrito por Marcelino Costa e publicado originalmente em Prensa.li.