Inteligência Artificial | Simbiontes
Mecanismos Replicantes
O que entendemos até agora sobre inteligência?
Sabemos que é a faculdade intelectual de conhecer, compreender e aprender.
Também entendemos algo importante da escala evolutiva da Inteligência:
Fase Amórfica: o Ser conhece o ambiente. Hardware e Software são equivalentes e evoluem geração após geração.
Fase Estruturada: o Ser passa a compreender o ambiente, mas mantém as mesmas características, evoluindo apenas de uma geração para outra.
Fase Complexa: o Ser também aprende com o ambiente, além de conhecer e compreender. Durante este processo tem seu software modificado em razão do aprendizado. Além disso, o hardware pode receber atualizações, mas continua evoluindo ao longo de gerações.
Assim como as criaturas, as máquinas também seguem este padrão evolutivo. Se fizermos uma observação bastante profunda, perceberemos que o homem está simplesmente repetindo o que observa na natureza.
Qual foi a primeira tarefa humana realizada por uma máquina?
Chama-se Algoritmo de Lovelace, construído por uma mulher!
Sim, uma mulher: Augusta Ada Byron King, filha do famoso poeta Lord Byron, a condessa de Lovelace. Por influência de sua mãe, ela se formou na universidade da Inglaterra, a primeira a permitir a graduação de mulheres.
Durante seus estudos acadêmicos, Lovelace teve como seu mentor por muitos anos, o cientista matemático Augustus de Morgan. Ele a apresentou a Charles Babbage, quando participou do projeto da Máquina Diferencial, criada por ele para executar cálculos matemáticos.
A máquina de Babbage foi o primeiro equipamento criado pelo homem para executar comandos e instruções, mas a jovem Lovelace percebeu que a Máquina Analítica, como realmente ficou conhecida, era capaz de fazer muito mais do que havia sido originalmente concebida.
Ela escreveu um artigo sobre os estudos do matemático Luigi Menabrea, ao qual incluiu cerca de 40 páginas, contendo suas próprias observações, além do primeiro Algoritmo do mundo, recém instalado no Hardware construído por Babbage. Ela conseguiu computar os números de Bernoulli, método matemático para sintetizar somas finitas ou infinitas usando-os em sequência ou em série.
O cerne do Algoritmo de Lovelace consistia em uma sequência de operação a serem realizadas em grupo, que podiam ser repetidos, o que hoje é conhecido como loop, que são agrupamentos de instruções a serem repetidas enquanto determinada condição não é alcançada.
Seres executam loops todos os dias, pois, muitos dos Algoritmos são executados determinados número de vezes, até que determinada condição seja alcançada, ou seja, dentro de um loop.
Podemos compreender melhor este conceito, analisando o Algoritmo de resposta ao sensor de carícia. Vamos revê-lo para entender melhor esse grupo de instruções.
Ligar o Neurotransmissor de Dopamina
Início do grupo de instruções (início do loop)
Realizar leitura do Sensor do Bem-estar
Se o Sensor do Bem-estar estiver abaixo do nível médio
Injetar Dopamina na corrente sanguínea
Se o Sensor do Bem-estar estiver no nível médio
Reiniciar instruções do grupo (retornar ao início do loop)
Fim do grupo de instruçoes (fim do loop)
Desligar o Neurotransmissor de Dopamina
Note que a instrução: Realizar leitura do Sensor do Bem-estar está no coração do loop, onde se está conhecendo o ambiente. Após isso, faz-se uma verificação no estado do nível do de bem-estar para compreender e, dependendo do nível, deve ser ou não interrompido o fluxo de do hormônio dopamina na corrente sanguínea.
Se isso lhe pareceu complicado, imagine-se você bebendo água. Para isso você se aproxima do bebedouro, pega um copo e:
Posicionar o copo sob a torneira
Abrir a torneira
Início do grupo de instruções (início do loop)
Realizar a leitura do nível do copo
Se o nível de água no copo não atingiu dois terços
Reiniciar instruções do grupo (retornar ao início do loop)
Fim do grupo de instruções (fim do loop)
Fechar a torneira
Quanto tempo você levou para aprender isso na sua infância? Na época pareceu pouco tempo, mas apenas aos 3 ou 4 anos, dependendo de quanta liberdade sua mãe lhe dava.
Por que você demorou tanto tempo? Porque havia uma série de outros requisitos que você precisava aprender antes. Quando aprendeu a “programar” o seu software, vendo os adultos repetirem esse ato dezenas e dezenas de vezes, percebeu que a torneira tinha um registro que liberava água, o resto foi fácil.
Voltemos a Lovelace. Quando ela percebeu o poder da Máquina Analítica de Babbage, certamente não pensou apenas nos números de Bernoulli. Ela vislumbrou que a máquina não estava limitada somente àquele universo, viu também a possibilidade de usá-la para atuar sobre qualquer objeto suscetível de ser adaptado à notação e escreveu isso no seu artigo e o mais interessante foi uma de suas afirmações:
“Pode-se criar música de qualquer grau de complexidade ou extensão a partir desse conceito”.
A história de Lovelace nos serviu para entendermos melhor a associação entre os Algoritmos Biológicos e os Algoritmos Eletrônicos.
Vejamos a síntese disso tudo:
O Ser replica seu Algoritmo contido no RNA por meio do DNA.
A Máquina replica seu Algoritmo contido na Memória por meio do Código.
Memória é um repositório, uma unidade de armazenamento do computador, do celular, do relógio, do refrigerador, do microondas, enfim, de qualquer máquina que contenha um algoritmo.
Código é uma sequência de instruções, construída usando linguagem de programação.
Notem a semelhança entre os dois processos. Ambos possuem um repositório e um meio de transmissão.
Esta associação de ideias nos permite entender como o processo de replicação dos Algoritmos é semelhante entre Seres e Máquinas.
Agora você é capaz de apontar a diferença da replicação dos Seres e das Máquinas?
Esta resposta e muito mais, saberemos no próximo capítulo.
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Este artigo foi escrito por Marcelino Costa e publicado originalmente em Prensa.li.