Jesus, meu caminho, meu chão – Devocional para vida.
Foto: Brasil com S
Certa vez um discípulo perguntou a Jesus: como saberemos o caminho se não sabemos para onde vamos? Uma reflexão devocional para vida. Texto: João 14: 1-6.
Vira e mexe a pergunta se repete: qual o caminho a seguir? Não saber para onde vai complica quem pretende responder a pergunta. Não saber onde está, também. Uma pergunta justa, mas, será que a resposta está tão distante?
“E vós conheceis o caminho para onde vou. Disse-lhe Tomé: Senhor, não sabemos para onde vais. Como podemos saber o caminho? Jesus lhe respondeu: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém chega ao Pai, a não ser por mim.” João 14. 4-6
O diálogo se dá no contexto da despedida. Jesus, após cear com seus amigos, decide encerrar a noite e deixar ela perfeita: fala de traição e de partida. Amigo que se preze não faz isso. Mas, Jesus o fez. Estranho esse Jesus, não?
Amizade sincera não se faz só de momentos bons, compartilha-se a vida inteira com amigo, todas as nuances, altos e baixos.
Jesus sabia que a sua hora se aproximava. Não era surpresa, era o tempo dele. Foi para isso que veio. Ele sabia que aqui era apenas o lugar necessário para sua missão encarnada na história humana ser revelada. E mais, era necessário à sua natureza divina ser um de nós. E ele foi.
Jesus sabia quem era e a quem pertencia e, naquela hora, o caminho da cruz chegava. A angústia batia à porta, mas não o desespero. Jesus não ficou frustrado rumo a cruz porque tudo deu errado. Ele foi pleno até em sua angústia.
Ele sempre soube o caminho. Naquele momento, no entanto, os discípulos não imaginavam a cruz, mas sabiam que ele partiria. Chegou, então, um momento que Jesus falou, eles ouviram, mas não entenderam. Porque parece que não queremos entender o assunto quando ele não nos agrada? Porque parece que ficamos cegos frente às respostas das nossas dores?
Primeiro, nós não queremos o sofrimento, fazemos coisas estranhas para fugir dele. Segundo, não gostamos do caminho que não escolhemos, queremos o controle. Terceiro, só fazemos o que nos agrada, somos birrentos, habitamos no meio da casa rebelde, conforme profeta Ezequiel “que tem olhos para ver e não vê, e tem ouvidos para ouvir e não ouve; porque eles são casa rebelde.”
A verdade é que o caminho de Jesus nos constrange. Então não aceitamos, e, repetidamente, fugimos. Em fuga, para longe do caminho estranho da cruz, perguntamos a nós mesmos: “Qual é o caminho?” “Poxa, se pelo menos eu soubesse no que isso daria, qual seria o fim disso tudo.” Contudo, antes das perguntas, Jesus antecipa as respostas e afirma: “vocês conhecem o caminho”.
Ele se apresenta como a resposta: “Eu sou o Caminho”.
O Evangelho apresenta uma pessoa como resposta quando estamos perdidos. Não é um lugar sagrado — a igreja, não é a religião, não são rituais, ou uma série de exercícios espirituais. É fé nele.
Fé em alguém que amamos, mas não compreendemos seus propósitos. Precisamos nos converter àquele que é o Caminho e não nos deixa sós. Nos submeter àquele que sabe mais sobre nós do que nós mesmos.
“Crede em Deus, crede também em mim”. Por meio deles sabemos que somos filhos de Deus. Nele sabemos para onde vamos e não ficamos mais desesperados pelo mundo, como um cão sem dono, vivendo atrás de migalhas de afeto. Temos um lugar de descanso, um acolhimento eterno no meio das nossas dúvidas sinceras, nascidas das incertezas que Ele sabe que temos.
Em Jesus, encontramos o Caminho atrás de todos os sofrimentos que tivemos, temos ou teremos. Nele encontramos a Verdade do amor absoluto como guia de toda existência humana. Nele encontramos a Vida que venceu a morte dentro de nós.
Este artigo foi escrito por Luis Vieira e publicado originalmente em Prensa.li.