Kate Bush volta às paradas musicais graças a Stranger Things
Stranger Things é hoje a série de língua inglesa mais assistida no mundo, e sua influência ultrapassa os streamings de vídeo. É inegável o impacto cultural da produção original da gigante Netflix.
Foi preciso apenas um único episódio para levar o clássico “Running Up That Hill”, de Kate Bush, para o topo das maiores plataformas digitais, superando o sucesso nos anos 80. A música está marcando presença, até agora, no disputadíssimo Top Global do Spotify.
No episódio em si, Max Mayfield chega ao colégio de cara amarrada e fones de ouvidos estrategicamente posicionados para evitar conversa. Enquanto transita pelos corredores da escola, a ruiva escuta o sucesso da cantora britânica no último volume.
A letra da canção conta sobre um acordo que a artista faria com Deus para trocar de lugar com seu amado que a feriu. Max, que perdeu seu irmão na temporada passada, consegue se identificar com a letra e por essa questão os fãs deduzem que esse seja o motivo do clássico ser sua música favorita.
Fora dos corredores repleto de adolescentes, “Running Up That Hill” atravessa as dimensões e chega até o mundo invertido, desempenhando um papel fundamental na trama em uma cena de tirar o fôlego.
Além disso, a criação de Kate Bush se tornou o hit da nova fase do seriado, se tornando a nova paixão da geração Z. Assim como já foram “Should I Stay or Should I Go”, da banda The Clash, e “Never Ending Story”, do inglês Limahl, nas temporadas anteriores.
Kate Bush (Foto: RB/Redferns)
Conheça a cantora britânica Kate Bush
A londrina, nascida em 1958, é conhecida por ser pioneira do experimentalismo e se tornou referência ao pop alternativo para artistas como Bjork, Florence e Rosalía. Como em Stranger Things, a artista brinca muito com lendas, personagens e contos fictícios.
Considerada um nome inovador, Bush foi uma das primeiras mulheres no ramo a usar sintetizadores, adicionando um toque eletrônico às suas músicas de pegada gótica, que transportam os ouvintes a um tipo de universo sonoro paralelo.
Início de carreira e ascensão
A cantora começou a compor desde muito nova, e aos 16 já possuía um catálogo de composições de dar inveja até aos maiores artistas, porém rejeitado pelas gravadoras.
Felizmente, Kate Bush foi descoberta por um dos integrantes da banda Pink Floyd, David Gilmour, através de um amigo em comum. O guitarrista ficou encantado pela adolescente e lhe deu o impulso que faltava para finalmente inseri-la na indústria musical.
Seu repertório foi marcado por referências históricas, literárias e místicas. No final dos anos 70, Bush entrou com tudo na cena musical britânica. Sua canção “Wuthering Heights”, inspirado no clássico “O Morro dos Ventos Uivantes”, fez tanto sucesso que a tornou a primeira mulher a alcançar o topo das paradas do Reino Unido com uma canção autoral. Desde então, Kate Bush já lançou dez álbuns de estúdio.
Bush era uma artista muito peculiar. Enquanto que, na época, a Inglaterra se rendia ao punk e à new wave, sua música era voltada em parte no canto lírico e outra no rock progressivo.
Seu estilo não agradava muito os jovens daquela década. No entanto, nos anos 2000, com a volta dos covers de artistas do rock e também eletrônicos, o culto a Kate Bush foi resgatado.
A cantora, apesar de seus sucessos, não gostava muito dos palcos. Desde de que se lançou profissionalmente realizou apenas duas turnês: a “Tour of Life”, em 1979, e “Before The Dawn”, 35 anos depois.
Bush, mesmo tendo tido uma experiência agradável nas duas vezes que saiu em turnê, costumava dizer que fazer shows era um processo exaustivo e preferia se dedicar a concepção dos álbuns. Por essa razão, seu retorno aos palcos em 2014 veio cheio de expectativas, esgotando todas as datas.
O segundo volume da 4ª temporada de Stranger Things, estreia dia 1º de Julho somente na Netflix, com os episódios restantes totalizando quatro horas de duração.
Este artigo foi escrito por Bruna da Cruz Souza e publicado originalmente em Prensa.li.