The Last of Us 2 e a sua lição
Um dos maiores sucessos dos últimos anos e, eu diria, de todos os tempos, é o jogo The Last of Us, exclusivo da Playstation e desenvolvido pela Naughty Dog.
O primeiro jogo nos mostra que invariavelmente, por mais que tentemos, nunca iremos ter uma vida sem criar laços com outras pessoas e, por consequência, nos importarmos com elas. Mas queria trazer um ponto interessante para o leitor(a) acerca do segundo título dessa obra prima, lançado em 2020, e que dividiu opiniões entre os fãs e conquistou a crítica especializada.
Por trás de todo o sangue e sofrimento que se passa nas pouco mais de 25 horas de jogo, nos envolvemos com as histórias e suas narrativas, nos fazendo enxergar todo o contexto sem apontarmos vilões ou mocinhos.
Mas, mesmo com toda a violência que o game contém, e inclusive o ódio, The Last of Us 2 é sem dúvida nenhuma um jogo que prega, a paz.
Sim, eu consegui enxergar a paz em um jogo que tem um personagem sendo golpeado por uma mulher com um taco de golfe até a morte, e uma mulher grávida assassinada. O ponto não é a análise em cima das imagens explícitas de membros decepados e cabeças explodindo, mas sim o que a vingança e a resposta de violência contra violência pode acarretar.
Quando Abby nos é apresentada, logo no início do jogo, fica claro que ela está em busca de vingança pelo acontecido a um ente querido, morto anos atrás (no caso o seu pai). Após poucas horas, ela tem sua vingança obtida, quando assassina Joel (com o taco de golfe mencionado logo acima), um dos mais queridos personagens dos games, e o protagonista do primeiro jogo ao lado de Ellie.
Ellie, aliás, assiste a tudo, e tem sua vida poupada por Abby e seu bando. Não demora muito para que ela tenha o mesmo desejo que fez a antagonista percorrer quilômetros de distância para obter, vingança.
A cada hora que passa, Ellie se aproxima mais de seu objetivo, assassina praticamente todos os amigos de Abby, com a também ajuda de seus amigos, e no desenrolar do game tem, novamente, sua vida poupada por sua adversária.
Não sem antes, Abby tirar a vida de mais uma pessoa próxima da protagonista, Jesse. É esse circulo vicioso de violência e morte, que o jogo mostra ao player o seu maior ensinamento. Vingança, pode ser obtida, responder violência com violência, pode ser o caminho. Mas, o ponto é, esse caminho tem que ser seguido com a certeza de que no meio desse “percurso”, você poderá perder tudo, ou quase tudo.
O final do game demonstra esse sentimento, quando Ellie finalmente “retribuí” Abby, ao poupar sua vida (mesmo depois da própria decepar um dedo da personagem), e também a vida de Lev, que é a única família que restou de sua “Nêmesis”.
Parece piegas, mas no fim é isso, violência gera violência, morte gera morte, e vingança gera vingança.
Colhemos aquilo que plantamos e plantamos o que queremos colher, cabe a nós decidirmos o que queremos semear.
Este artigo foi escrito por Patrick Gulart e publicado originalmente em Prensa.li.