O Legado dos Árabes e Muçulmanos para Humanidade
Imagem: Avicena, grande polímata muçulmano
Quando assistimos aos noticiários jornalísticos da grande mídia hegemônica, só vemos o Oriente Médio e os muçulmanos serem reduzidos a meros terroristas, bárbaros, fanáticos religiosos e violentos.
No entanto, aquela região já foi berço de grandes conquistas civilizatórias para a humanidade. Foi o grande centro cultural, intelectual e científico do mundo, algo muito parecido com o que o Ocidente é hoje.
Lembrando que árabe não é sinônimo de muçulmano e vice-versa. O Irã, país cuja população é de maioria muçulmana, todavia, a maior parte dos iranianos é de origem persa, não árabe.
Poucos sabem, mas a Indonésia - localizada no Extremo Oriente - tem a maior população muçulmana do mundo. O país é um balaio de etnias que nada têm a ver com o árabe. Na China há cerca de 23 milhões de muçulmanos das mais diversas etnias.
A Era de Ouro da Civilização Muçulmana
Comecemos pela Antiguidade do Oriente Médio, a cidade mais antiga de que temos conhecimento, Jericó, surge na Palestina por volta de 10.000 a.C. A escrita surgiu na Suméria (região do atual Iraque) por volta de 3500 a.C.
Na Babilônia (contemporâneo Iraque), os babilônios desenvolveram um sistema matemático mais sofisticado do que o dos egípcios, além de conhecimentos acerca de astronomia.
Na Fenícia (região do atual Líbano), os fenícios desenvolveram o primeiro alfabeto fonético composto por 22 letras, que fora adaptado pelos gregos.
Durante o período que ficou conhecido como Idade Média, é quando temos a Era de Ouro da Civilização Muçulmana. Eles descobriram inúmeros sais e ácidos no campo da química. Na matemática, desenvolveram a álgebra.
O físico e matemático persa, Alhazen, elaborou leis de óptica. Com o advento da biblioteca Casa da Sabedoria no século IX, na região do contemporâneo Iraque, o filósofo Averróis traduziu obras do grego para o árabe com enorme precisão. Maior do que a dos próprios europeus.
Grandes intelectuais muçulmanos traduziram obras do mundo inteiro em inúmeros idiomas, a língua do saber e da ciência era o árabe como o inglês é hoje.
Na medicina, o médico Rásis descobriu o caráter contagioso da varíola. Avicena, médico persa muçulmano, descobriu doenças como a tuberculose e pleurisia. Além de outras doenças contagiosas, como também descobriu a natureza contagiosa delas.
A magnum opus da carreira de Avicena, o livro Canon, tornou-se manual obrigatório de medicina nas universidades europeias. Somado a isso, os árabes muçulmanos desenvolveram antídotos, a higiene médica e hospitalar.
Reiterando, esses avanços científicos protagonizados pelos muçulmanos ocorreram durante a chamada Idade Média na Europa. Período em que quase inexistia cuidados sanitários e proliferavam-se doenças como a peste bubônica, conhecida como “peste negra”.
Os árabes muçulmanos também ensinaram técnicas de construção naval e náutica aos ibéricos, que foram fundamentais para o advento das Grandes Navegações do século XV.
Enfim, os árabes e os muçulmanos foram grandes responsáveis pelo desenvolvimento civilizatório da humanidade. Hoje, após séculos de exploração e ingerência do neocolonialismo e imperialismo, o Oriente Médio e os muçulmanos padecem como todo o Terceiro Mundo.
No entanto, ainda tenhamos esperança que esta civilização ainda volte a ter condições materiais de oferecer ao mundo toda sua potencialidade cultural, intelectual e científica.
Este artigo foi escrito por Célio Roberto e publicado originalmente em Prensa.li.