Lições de amor na infância
Recentemente, li o livro “Tudo sobre o amor” da bell hooks. Um dos capítulos que mais gostei foi o que trata da infância. Neste capítulo, a autora critica veementemente formas de criação baseadas em métodos de punição/recompensa. Neste contexto, as crianças reconhecem o amor nos momentos em que são recompensadas pelos pais (seja com carinho, presentes, palavras de afirmação); porém vivenciam violência diante de algum erro, como forma de punição para aquilo. Esse tipo de relação confunde a visão que essas crianças terão sobre o amor, pois em seu ambiente de convívio o amor está presente mesmo em situações de constante violência.
“Nada cria mais confusão em relação ao amor no coração e na mente de crianças do que punições duras e/ou cruéis aplicadas pelos mesmos adultos que elas foram ensinadas a amar e respeitar”.
Para bell hooks, o método de criação que constrói relações saudáveis e amorosas, é aquele que se baseia no apoio, no acolhimento e no respeito mútuo. Neste sentido, ela faz a defesa da garantia de direitos civis básicos para as crianças, que impeça qualquer tipo de violência sobre elas e mude a lógica de que a criação é um espaço privado onde ninguém deve se meter.
Uma forma de criação apresentada pela autora, como alternativa à prática punitivista, foi a disciplina amorosa. Ela explica que estabelecer limites e ensinar a criança como estabelecer limites por conta própria, antes de se comportarem mal, é parte essencial de uma criação amorosa. “O foco é ensinar às crianças como serem autodisciplinadas e como assumir responsabilidades por seus atos”.
Assim, as crianças identificam que assumir responsabilidades também faz parte do ato de amar, e que violência e afeto são coisas que não se confundem. No todo, este livro me ensinou muito sobre formas mais saudáveis e solidárias de viver em comunidade. Aprendi bastante. Leiam Bell Hooks!
Imagem de capa - Pexels
Este artigo foi escrito por Pâmela Lins e publicado originalmente em Prensa.li.