Lições de empatia com O Senhor estagiário
O Senhor Estagiário é um filme de 2015 estrelado por Anne Hathaway e Robert De Niro. Um filme que retrata o choque cultural causado pelo encontro de um nativo da Geração Silenciosa com a Geração Y.
Em O Senhor Estagiário o Ben Whittaker, Robert De Niro, volta a trabalhar como estagiário depois de um tempo aposentado e da morte da esposa. Este Senhor pertence a geração que entrava no mercado de trabalho muito cedo, para ajudar no sustento da família e o próprio. Numa época onde não existiam horários de trabalho, sendo que as pessoas só voltavam para casa depois que o trabalho estivesse terminado.
Já a Geração Y é considerada a primeira geração que pode escolher a carreira que deseja seguir, também escolhem o trabalho que traga mais satisfação pessoal. Que, muitas vezes, é mais importante que o retorno financeiro. Isso era visível no comportamento de ambos dentro da empresa.
Enquanto Ben era organizando, cumpria horários e sempre se mostrava solícito. Os seus colegas de trabalho eram apressados, ansiosos e estavam sempre tentando provar algo. A secretária de Jules é um ótimo exemplo da pressão que a Geração Y sofre por causa das exigências do mercado de trabalho moderno. Aos 24 anos já tinha uma graduação e um MBA, ainda acumulava tarefas, pois acredita que precisa mostrar que é capaz. No caso, se mostrou apta a ser neurótica, exausta e incapaz de dividir tarefas.
Jules Ostin, Anne Hathaway, a fundadora do Sob Medida, construí um império do e-commerce do zero. Por causa do sucesso de sua empresa está sendo forçada a contratar um CEO para ajudar a administrar a companhia. Dito isso, Jules é a típica empresária de sucesso que se culpa por não ter tempo para a família. Em função disso, começa a considerar a ideia de ter um CEO administrando seu negócio.
Depois de tamanha introdução como a empatia aparece nesse filme?
Através da figura de Robert De Niro.
Por ser de uma geração anterior ele tem uma cultura muito diferente dos demais, portanto seus colegas de trabalho tiveram que ensinar a rotina moderna de um escritório. Para isso eles precisaram entender que Robert não cresceu na era digital. Em virtude disso não tinha nenhuma intimidade com a tecnologia. Afinal, ele trabalhou 40 anos na mesma empresa, produzindo listas telefônicas que hoje são peças de museu. Assim como, muitos de seus colegas nem chegaram a ter contato com uma.
No decorrer do filme a empatia é utilizada para humanizar as relações entre os personagens, uma vez que o ambiente de trabalho pode se tornar competitivo e estressante. Por causa das cobranças que a modernidade impõe, já que precisamos estar atualizados para não sermos passados para trás.
Como a satisfação pessoal é mais importante que um salário que pague as contas, os nativos da geração Y trabalham tanto quanto a geração anterior, porém ganham bem menos, além de estudarem muito mais. Por esse motivo levam mais tempo para sair de casa. O personagem Davis, Zack Pearlman, é um ótimo exemplo dessa realidade, num determinado momento após receber um ultimato dos pais ele é despejado de casa. Em mais um exemplo de empatia Robert, que mora sozinho desde a morte da esposa, permite que o rapaz more com ele até encontrar um lugar decente para viver. Assim ele ficaria mais perto do trabalho e, gastaria menos tempo com deslocamentos. Não é um amor?
O que podemos aprender com esse filme?
Que o ambiente de trabalho não precisa ser uma arena onde Gladiadores competem até o último que ficar de pé. Além de mostrar que é possível juntar gerações, desde que exista empatia para entender a necessidade do outro e construir um ambiente mais colaborativo.
Precisamos reconhecer que dentro de uma empresa somos órgãos de um mesmo corpo, quando um não funciona perfeitamente prejudica o desempenho do outro.
Então, como trabalhar as diferenças no ambiente corporativo?
Em O Senhor Estagiário Ben Wittaker é designado como estagiário pessoal de Jules, em função disso fica a disposição da empresária para realizar tarefas. Por acreditar que não precisa de ajuda Jules, no início, não se sente confortável com a presença de Ben. Desse modo o estagiário fica dias sem fazer nada. Diante disso, para passar o tempo o Senhor Estagiário ajuda seus colegas de trabalho.
Já Jules tenta transferir o estagiário para outros departamentos. Mas, são tantas reviravoltas que no meio do processo a empreendedora percebe que precisa de ajuda, pois está exausta. Do mesmo modo, Ben percebe que Jules está perdida e precisa de apoio. Uma demonstração de empatia que faz toda a diferença na relação dos dois.
Então ele espera pacientemente pelo dia que vai ser útil. Não fica reclamando de como a empresa é isso ou aquilo, ou de como não é valorizado. Acorda cedo, cumpri seu horário e é legal com os companheiros de equipe, criando no processo um ambiente de trabalho mais leve e colaborativo.
Enfim, empatia é isso se colocar no lugar do outro e intuir suas dificuldades. Perceber que no começo a pessoa pode se mostrar incomodado com novidades. Contudo, não criticar e descobrir como pode cooperar para melhorar as relações no trabalho.
Qual é o papel do RH?
Os profissionais de RH podem trabalhar melhor os talentos disponíveis nas equipes, encontrando uma posição que mais se encaixa com as habilidades dos colaboradores. Afinal, somos seres mutáveis e capazes de aprender novas funções.
Ainda, não tenha preguiça de investir em capacitação para atingir melhores resultados. Uma vez que, aquele profissional contratado para atendimento pode ser transferido para outro departamento, em virtude de seu desempenho.
Enfim, esse filme mostra que a empatia pode mudar as relações de trabalho, pois possibilita oportunidades de troca de conhecimento e aprendizado. Além de permitir o crescimento como indivíduo dentro e fora do ambiente corporativo.
Este artigo foi escrito por Kika Ernane e publicado originalmente em Prensa.li.