LISTA - TOP 5 - Caos do Oscar 2022
Imagem - Myung Chun/Los Angeles Times
Eu costumo dizer que o Oscar é a minha final do campeonato.
É uma premiação que tem caído muito em qualidade, valores de entretenimento e em razões para levar a sério. Mas ainda é o Oscar.
Com uma revolução de representatividade e mídias novas tirando a atenção da juventude, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas dos Estados Unidos é pega de surpresa. Ano após ano, tenta reinventar um dos poucos momentos do ano o qual tem de fato uma relevância global.
Às vezes, o resultado é glorioso (como em 2020).
Em outros momentos temos o descarrilhamento cósmico que foi a cerimônia do dia 27 de março de 2022. Fizemos uma pequena lista tentando colocar em ordem a sucessão de maluquices que foi a noite mais glamurosa de Hollywood.
5 - Duração do evento
Com muita reclamação por conta da longa duração, a Academia decidiu pré-gravar a entrega de oito de seus prêmios. A ideia é que com uma cerimônia que não acaba às 2h da manhã (horário de Brasília), mais pessoas verão o evento.
O resultado foi que a comunidade cinematográfica sentiu-se muito desrespeitada. Curta-Metragem Documentário, Maquiagem, Trilha Sonora, Design de Produção, Curta-Metragem Animação, Curta-Metragem e Som foram gravadas antes da cerimônia.
Só que como a decisão foi muito criticada, a produção tentou re-inserir as premiações na transmissão, levando a momentos descontínuos e esquisitos.
4 - Cortar o microfone do Hamaguchi
Um dos filmes mais celebrados do ano, Drive My Car, é um drama pesado e profundo. E também é um filme feito pelo cineasta japonês Ryūsuke Hamaguchi em sua língua materna. Foi o vencedor da categoria de Melhor Filme Estrangeiro, apesar de também concorrer ao principal prêmio da noite.
Mas ao chegar no palco para agradecer por seu prêmio, Hamaguchi e sua intérprete só tiveram alguns segundos antes da produção do Oscar aumentar o volume da música, avisando que “é hora de dar o fora”.
Porém… longe de ser o maior vexame da noite.
3 - Escolhas musicais pouco ortodoxas
Transformar o maior sucesso musical do cinema em 2021, We Don’t Talk About Bruno de Encanto, em um hip hop autorreferencial na voz de… Megan Thee Stalion…É questionável.
Colocar hip hop por cima de uma montagem de O Poderoso Chefão, para celebrar os 50 anos da trilogia, logo antes do diretor Francis Ford Coppola, e mais Al Pacino e Robert DeNiro entrarem no palco… também é questionável.
Trazer um coral gospel, numa música animada e cheia de coreografia, para o momento de In Memorian, onde a Academia lembra os profissionais que nos deixaram recentemente… é mais ainda.
Nomes como Peter Bogdanovich, Betty White, Sidnei Poitier, William Hurt foram lembrados no meio de uma dança.
Nós não falamos sobre esta apresentação. Imagem - Myung Chun/Los Angeles Times
2 - Os prêmios
Ninguém nunca vai concordar com as premiações do Oscar. Sempre há quem fale de “acertos” e “erros”. Há anos em que, pelo menos, a maioria dos cinéfilos caseiros fica satisfeita (como em 2020, com Parasita passando o rodo), e anos como 2019, quando Greenbook inexplicavelmente tirou o Oscar das mãos de Infiltrado na Klann (ou até de Roma!).
E a safra de 2022 de fato teve seus acertos. Troy Kotsur é o primeiro ator surdo a receber um Oscar, e de fato, é a alma de No Ritmo do Coração. Ariana DeBose domina cada quadro em que aparece no musical Amor, Sublime Amor. E Jane Campion leva uma merecidíssima estatueta pela direção de Ataque dos Cães. Sem falar de Duna levando o que podia e mais um pouco.
Mas o prêmio máximo da noite trouxe muita controvérsia. No Ritmo do Coração, embora seja um filme bonito e sincero, está longe de ser o ponto alto do cinema de 2021. Numa noite que já estava com um clima esquisito, a vitória ficou com um sabor amargo e confuso.
Além disso, depois de um momento inesquecível (pelos motivos errados; mais abaixo), Will Smith também leva um Oscar num ano em que quase todos os outros indicados estavam bem à frente. Tanto Benedict Cumberbatch como Andrew Garfield tiveram entregas sensacionais. Fica a ideia de que deviam um prêmio a Will já há algum tempo.
Troy Kotsur, vencedor na categoria de melhor ator coadjuvante por No Ritmo do Coração, uma das melhores premiações da noite, e Youn Yuh-jung, vencedora na categoria de atriz coadjuvante no ano passado por Minari. Imagem - Myung Chun/Los Angeles Times
1 - Will Smith Estabelecendo “Os Limites do Humor”
E é claro, sua premiação foi eclipsada pela maior concorrente à Treta do ano.
Chris Rock fez uma piada de péssimo gosto sobre a aparência da esposa de Smith, Jada Pinkett Smith. Ela sofre de alopecia, uma doença autoimune que afeta os pêlos do corpo, motivo pelo qual ela optou por raspar os cabelos.
A reação você sabe qual foi, e as futuras gerações saberão também.
Uma noite a qual tudo o que podia dar errado deu, e o que não podia achou um jeito de dar.
E olha que eu nem reclamei de não ver A Lenda do Cavaleiro Verde em lugar algum!
Divulgação - ABC