Lixão, Moda, NFTs...Como associá-los?
Por que as grandes marcas do mundo da moda estão desenvolvendo e promovendo novos métodos para se adequarem aos princípios que norteiam a preservação do meio ambiente?
A indústria têxtil, de confecção e calçados têm relevante peso na economia mundial. Por isso, devem buscar os meios para se adequarem aos padrões de engajamento determinados pelo ESG - Environmental, Social and Governance. Conforme prevê a ONU - Organização das Nações Unidas.
No Brasil a Riachuelo, uma marca famosa no mundo da moda estruturou um centro de inovação para desenvolver estratégias voltadas ao reaproveitamento de roupas usadas.
Segundo Valesca Magalhães gerente executiva de sustentabilidade da companhia: “A ideia é pensar em soluções, de fato, para a reciclagem têxtil em circuito fechado de vida do produto e contribuir com soluções que chegam mais assertivas e em escala.”
Muito se divulga sobre ESG, mas qual o significado e a abrangência desta sigla tão importante no atual contexto empresarial?
O acrônimo de Environmental, Social and Governance quer dizer: Estar engajado às melhores práticas ambientais, sociais e corporativas. Para que uma empresa receba o selo ESG deve se preocupar com as relações sociais e todas as suas conexões. Conforme os 17 Objetivos Sustentáveis da ONU – Organização das Nações Unidas.
Neste artigo o leitor saberá que existe uma inter-relação entre as preocupações mundiais com o meio ambiente e os setores envolvidos com a indústria da moda. Primeiro discorre-se quanto a importância de se ofertar estratégias industriais que causem o menor impacto negativo às questões socioambientais.
Uma breve história sobre a trajetória da indústria da moda no contexto econômico social no mundo, esclarece o porquê da existência dos lixões de roupas usadas, ao redor do mundo.
E por fim, instiga-se a pensar: Como será o mundo da moda, quando ocorrer a maior aplicação das novas e futuras tecnologias inovadoras no setor? Como as tendências da moda no mundo digital e seus aspectos virtuais irão interferir no setor?
A preocupação com o meio ambiente, ao que se refere à indústria da moda, foi foco de atenção global, quando a mídia divulgou as imagens de toneladas de roupas em um depósito de lixo a céu aberto, no Chile.
Daquelas imagens, podemos entender uma das vertentes da origem do problema ambiental no setor, através das seguintes informações:
No final do século XX a indústria da moda sofreu um grande impacto dentro da economia mundial. Os países asiáticos abalaram as estruturas produtivas das economias dominantes, tais como EUA e Europa Ocidental.
Os países em desenvolvimento industrial baseado em mercados nacionais, assim como Brasil, Chile e outros também foram afetados.
A China, Coreia do Sul, Singapura e outros países que dispunham de grande capacidade produtiva e mão de obra barata adotaram uma nova dinâmica de inovação. E atingiram o aumento significativo no desenvolvimento industrial estruturado nas tecnologias de informação e comunicação (TIC).
Os novos padrões industriais estabeleceram novos padrões de consumo que ganharam proporção global. Surgem as grandes redes varejistas, e as estruturas de marketing e canais de distribuição.
Estes varejistas titulares de direitos de propriedade intelectual sobre suas marcas e outros ativos, focaram no acesso às redes de produção dos países exportadores. Isso gerou uma nova dinâmica competitiva que barateou o produto importado em meio a crises econômicas e políticas.
No Brasil as indústrias e empresas ligadas o mundo da moda, por estarem mal estruturadas tecnologicamente e sem instrumento de proteção em propriedade intelectual, ficaram estáticas diante das estratégias competitivas que os novos padrões exigiam no mercado globalizado.
Assim, passaram a ser meros fornecedores por encomenda daqueles que eram os titulares das marcas e desenho industrial, e dos vendedores da internet apoiados pelas tecnologias da informação e comunicação. E pelas estruturas de vendas, assistência técnica e distribuição, também.
Roupas quase que descartáveis, ganharam mercados significativos, ao redor do mundo.
Na atualidade, ao se prospectar novos mercados, as grandes marcas estudam as tendências para a indústria da moda. Eles preveem que a tecnologia transformará, de novo, os canais de vendas para que o consumidor tenha acesso em larga escala à experiencias ativas com o produto, através dos meios digitais.
Para a editora de inovação da Business Vogue, Maghan MCdowall, a pandemia exigiu que o setor da moda possibilitasse que as pessoas pudessem provar as peças dentro das suas próprias casas.
Criou-se o Design digital 3D. Ela explica: “Desta necessidade nasceu a produção de roupas 3D, que além de moldar virtualmente no corpo das pessoas e mostrar combinações, também é sustentável. Afinal, a produção da peça só começa após a sua compra.”
Até aqui reportou-se às roupas experimentadas via online, àquelas que se tornam roupas físicas palpáveis ao toque humano. Mas quando se fala em tendências da indústria da moda, não se pode deixar de prospectar as inovações no setor do varejo da moda digital.
Dentre as inovações tem-se os NFTs. Os “tolkiens não-fungíveis”, bens virtuais compráveis e usáveis somente dentro de ambientes virtuais. A Gucci lançou em março de 2021 o Tênis Virtual 25.
O Metaverso é a tecnologia que cria a realidade aumentada. Ela auxilia na experiência de comunicação com o consumidor colocando-o em um ambiente virtual, onde pode vivenciar suas escolhas de compra.
O Grupo Soma criou um ambiente virtual onde o cliente anda pela loja como se estive no Google Street View.
As grandes indústrias do mundo da moda perceberam que devem estar ativas, atentas e conscientes de que a indústria têxtil, confecções e calçados serão fortemente impactadas de forma negativas, se estas indústrias não estiverem engajadas às melhores práticas ambientais, sociais e corporativas.
E que através das futuras tecnologias o meio ambiente, será fortemente impactado, porque deixará de ser poluído pelas toneladas de roupas usadas jogadas nos lixões, ao redor do mundo.
Portanto, pode-se concluir que as futuras gerações, na sua maioria, frequentarão ambientes sociais, culturais e desportivos por meio das plataformas e aplicativos de acessos virtuais.
E que a tendência é de que em algumas décadas o mundo da moda esteja restrito ao uso massivo de tecnologias, como os dispositivos de acesso à realidade aumentada, ao Design digital 3D, os NFTs e outros que estão por vir.
Você já parou para pensar nisso?
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60144656
Propriedade Industrial na Indústria da Moda — Português (Brasil) (www.gov.br)
Este artigo foi escrito por Jurema Cavalheiro T. de Faria e publicado originalmente em Prensa.li.