A mágica e a vida
A mágica é muito parecida com a vida em alguns pontos. Ela nos engana, nos ilude, nos surpreende, mas também nos traz o deslumbramento, o encanto e a fascinação em determinados momentos.
A mágica é graça, fantasia, algo que prende a atenção, diverte, um espetáculo que entretém. Mais uma vez muito parecida com a vida.
Entre os truques mais conhecidos vemos transformações, desaparecimentos, divisão de pessoas ao meio etc. A mágica desafia a razão da mente humana e nos confunde. Ela é inesperada, fora do comum. A vida também.
A mágica é uma ilusão que nos manipula, fazendo com que na maioria das vezes a gente acabe ignorando o que é o mais importante, ou seja, a verdade por trás das aparências. A vida é muito assim. Os números mágicos distraem nossa atenção. Muitas vezes somos forçados a acreditar que temos a livre escolha, mas não percebemos as mudanças que são feitas durante o processo do truque. Quantas vezes na vida pensamos se realmente temos o famoso livre arbítrio?
Nosso cérebro tenta racionalizar os eventos, muitas vezes em vão. Como explicar o inexplicável? Nos resta então o espanto, tanto na mágica como na vida.
Harry Houdini, considerado um dos maiores mágicos de todos os tempos, arrastava multidões por onde passava. Seus truques eram inacreditáveis. No mais famoso deles, denominado “Handcuff Act”, ele era suspenso pelas pernas dentro de um “aquário” de vidro cheio de água, preso, amarrado e imobilizado. E em instantes deveria soltar-se, o que fazia com grande êxito.
Entre outras inúmeras habilidades e proezas, Houdini dizia poder suportar pancadas de todo o tipo no estômago, sem sofrer nenhum dano.
Até que numa noite de outubro de 1926, no Canadá, um jovem estudante chamado J. Gordon Whitehead lhe deu três socos no abdômen. Os socos romperam o apêndice do ilusionista e causaram uma inflamação que viria a matá-lo cinco dias depois, aos 52 anos de idade.
A mágica de Houdini era incrível, imprevisível, misteriosa, surpreendente. Só que a vida é ainda mais surpreendente do que a mágica...
Este artigo foi escrito por Sandro Mendes e publicado originalmente em Prensa.li.