Maid e a condição feminina em pauta
O seriado Maid estreou há poucos dias no serviço de streaming da Netflix sem muito alarde. Uma pena. Afinal, a obra debate temas importantes como a emancipação feminina, a dificuldade de acesso a benefícios do governo, os traumas vividos por pessoas que sofreram algum tipo de abuso na infância e o principal, a violência contra a mulher.
Na história, vemos a trajetória de Alex (Margaret Qualley), personagem que luta para sair de um relacionamento abusivo ao lado da filha de dois anos. Com riqueza de detalhes, assistimos a cenas emocionantes que mostram os desafios de Alex para conseguir apoio do governo e da família a fim de buscar um trabalho e uma moradia que possa chamar de lar. Curioso que a personagem sonha em ser escritora e, traçando linhas em seu caderno, projeta cenários mais amenos em sua mente para fugir da aridez do cotidiano. São momentos em que vemos a jovem sonhando em cursar uma universidade e se mudando para outra cidade em prol de um futuro melhor.
A história de Alex chama a atenção por retratar a de tantas outras mulheres no Brasil e no mundo, vítimas de uma violência silenciosa, mas não menos problemática em suas vidas. Na obra, inspirada em uma história real, vemos a personagem vivenciar ameaças do companheiro, que mina sua autoestima, além de ficar isolada das outras pessoas. Alex chega ao fundo do poço, metáfora que transcende a imaginação e a subjetividade dos produtores e é mostrada em uma das muitas cenas capazes de entristecer o público e fazer refletir.
Outra personagem que merece a sua atenção nesse drama é Paula, a mãe de Alex, interpretada por Andie McDowell. Artista e feminista, Paula vive em seu próprio universo idílico, sem querer vislumbrar os problemas que perpassam a sua vida e a violência patrimonial da qual é vítima em um dos seus breves relacionamentos. É por meio da relação de Paula e Alex que assistimos aos momentos mais intensos e delicados do seriado. Uma lembrança de que, quando estão juntas, as mulheres podem ter mais força para vencer as dores, lutando por justiça e por seus sonhos.
Imagem: Netflix.
Este artigo foi escrito por Caroline Brito e publicado originalmente em Prensa.li.