Mais um filme do Predador vem aí. Devemos ficar animados?

Imagem divulgação - Disney / Café com Nerd

Sempre que se fala em lançamento de algum filme do Predador, todo fã da franquia e talvez do cinema espera algo tão bom quanto o original de 1987, estrelado por Arnold Schwarzenegger.

Mas desde O Predador 2, lançado em 1990 e ambientado na Los Angeles de 1997, a franquia tem frustrado mais que tentativas de voltar com a ex: na teoria, tem tudo pra dar certo, mas…

Até mesmo um dos embates mais promissores do século, o crossover Alien vs Predador ficou aquém de tudo o que poderia proporcionar, mesmo com 2 filmes.

Alien vs Predador 2 aliás, além de toda a problemática de roteiro e personagens caricatos, precisa ser assistido com uma lanterna, tamanha é a estética excessivamente sombria do filme.

É de causar inveja até em Zack Snyder…

Nesta semana, foi lançado o primeiro trailer de Prey (Presa, em português), um prequel da franquia, que pretende contar a primeira aparição do caçador mais temido das galáxias no planeta Terra.

Ao que tudo indica, essa primeira aparição teria acontecido por volta do ano 1800, no território ocupado pelos Comanches, uma tribo nativa americana. Isso podemos observar pela protagonista da trama: Naru, uma guerreira nativa, vivida por Amber Midthunder.

Ao mesmo tempo que a nova produção faz uma tentativa de trazer de volta toda a ambientação do primeiro filme, ou seja: a história se passando num ambiente de selva, há também um plot “novo:” o embate entre o Predador e uma tribo guerreira da mata.

Apesar de já termos visto o protagonista do primeiro filme (Schwarzenegger) usando os aspectos do terreno, armas e armadilhas feitas à mão para enfrentar o alienígena (recursos que, obviamente, serão os mesmos que a tribo Comanche terá a sua disposição), será a primeira vez que o algoz será um ser super evoluído e o único a usar armas tecnológicas.

Só este aspecto já é suficiente pra tornar o filme muito interessante.

Pelo que o primeiro trailer exibiu, vários aspectos do primeiro filme estão lá. Fora a já citada ambientação na selva, o clima de tensão à flor da pele e o suspense denso parece que também estarão de volta, como foi no primeiro filme. 

Enquanto lá os soldados mais “casca-grossa” do exército americano, cheios de músculos e armas até os dentes, das mais sofisticadas, não foram páreo para o caçador interplanetário, como será que uma índia jovem e franzina, armada com um arco e flechas se sairá?

Se a direção, que será assinada por Dan Trachtenberg não tomar um viés ideológico barato e colocar tudo a perder, este embate, se tratado de forma honesta ao que se propõe, tem tudo pra ser o ponto forte de toda a franquia até agora, superando até mesmo o original!

Seria um embate tipo Darkseid vs Pocahontas. Mas quem disse que a Pocahontas não poderia vencer?

Obviamente, quando o primeiro filme foi lançado, não se pensava numa franquia para ele. A indústria do cinema não pensava dessa forma naquele tempo. Talvez por isso a franquia tenha se tornado a colcha de retalhos que conhecemos hoje.

Boas ideias foram mal desenvolvidas, como o próprio spin off Alien vs Predador e Predadores (2010), de Robert Rodriguez, onde a história se passa novamente na selva, mas agora, no próprio planeta dos Predadores.

Já que a história se passou lá, seria interessante trazer alguns aspectos das origens desta raça tão amedrontadora: A que raça pertencem? Qual o nome do planeta? Como os personagens foram parar lá? etc. 

São perguntas pertinentes, que poderiam ter sido ao menos introduzidas no contexto da história, mas que sequer foram mencionadas e ficaram pelo caminho, pois mesmo com o gancho no final para uma sequência, ela nunca aconteceu e dificilmente acontecerá.

E já que temos que falar dele…

O ano era 2018. A Fox ainda não tinha sido comprada pela Disney, mas parece que as ideias da Marvel, que já pertencia a ela, já inspiravam as idéias dos produtores de Predador. Tanto que o escolhido para escrever o roteiro e dirigir o filme foi Shane Black, um dos atores do primeiro filme do Predador e roteirista / diretor de Homem de Ferro 3. O que poderia dar errado, não é mesmo?

Bem, o diretor que já tinha flopado com a franquia solo do responsável pelo sucesso da Marvel nos cinemas resolveu implantar um humor à lá Marvel num filme do Predador…

Humor… Num filme do Predador…

Nada contra a Marvel. Pelo contrário! Sou fã assumido! Mas pera lá: cada coisa no seu lugar! Predador é filme pra fazer o pai tremer, a mãe chorar e causar trauma na criança!

Eu lembro que, depois de assistir ao primeiro filme, por alguns anos eu não ficava sozinho no mato nem que me pagassem! Mas alguém achou que dar uma "suavizada" com humor seria uma boa…

Lá vamos nós, mais uma vez, dar mais uma chance para "a ex…" Porque apesar de ainda carregarmos as marcas das decepções anteriores, a gente ainda nutre aquelas lembranças que as emoções dos primeiros dias causaram, e foram tão boas que a gente quer revivê-las!

Mas assim como na vida pessoal, é preciso seguir em frente. Talvez o grande erro de Predador até aqui seja justamente ainda estar apegado ao passado. Talvez, se reinventar seja a única alternativa pra salvar a franquia.

Este artigo foi escrito por Eliezer J. Santos e publicado originalmente em Prensa.li.