Adeus fundo verde? Série "The Mandalorian" inova em efeitos visuais
O serviço de streaming, Disney+, ainda é bem recente, mas já chama atenção. Não apenas por contar com mais de 73 milhões de assinantes no mundo, mas pelos aspectos técnicos em uma de suas produções, "The Mandalorian".
A série do universo Star Wars vem utilizando uma técnica que revoluciona a interação de atores com os cenários digitais.
A inovação tem nome e atende por “The Volume”, desenvolvida pela empresa de efeitos especiais Industrial Light & Magic(ILM). A criação funciona como uma arena na qual vários monitores de LED renderizam todo o cenário fictício em tempo real, o que invalida a necessidade do famoso fundo verde (ou azul), o Chroma Key.
Para um ator pode ser complicado entrar em seu personagem e imaginar o cenário quando a sua volta só vê paredes verdes, blocos de espuma indicando obstáculos e outros personagens da trama com pontos de Motion Capture (Captura de Movimento) em seu rosto.
É disso que se trata o Chroma Key. Nele os cenários são inseridos digitalmente no fundo verde, substituindo essa cor por qualquer ambiente desejado.
Por décadas, a tela verde foi a solução ideal para reunir atores e ambientes fantásticos na tela. Porém, há casos em que personagens usam roupas altamente reflexivas, como Mando (Pedro Pascal), personagem principal em "The Mandalorian”. O reflexo da tela verde em sua vestimenta causava problemas no pós-produção.
O que "The Mandalorian” traz é uma tecnologia que possibilita aos atores visualizar o cenário no momento de sua atuação, ou seja, sua interação com o ambiente e suas ações podem ser mais naturais. Além disso, os ajustes finais passam a durar algumas horas em vez de dias.
Embarcando em “The Volume”
Divulgação | Disney + | Star Wars
Formalmente chamado de Stagecraft, "The Volume” é um palco circular com 6 metros de altura, 270 graus ao redor, 25 metros de largura e composto por 1.326 telas de LED individuais com uma distância de pixel de 2,84 mm. Este é o maior e mais sofisticado ambiente de cinema virtual já feito.
Para funcionar foi preciso o uso de um software projetado inicialmente para videogames. Em parceria com a Epic Games, empresa americana de jogos eletrônico, a ILM usou o Unreal Engine, programa de computador que auxilia no design de games e se tornou a peça-chave para o desenvolvimento de conteúdos 3D em outras plataformas.
Antes de ser utilizado na série da Disney+, o programa Unreal Engine ajudou na criação dos cenários de games como Street Fighter V e Tekken 7.
Uma das inovações provenientes do Stagecraft não se encontra somente no fato da imagem ser gerada ao vivo em 3D fotorrealista, mas na sua paralexe de projeção que muda de acordo com os movimentos e configurações na câmera. Dessa forma, o cenário na tela se comporta tal qual um ambiente 3D real.
"The Volume" provavelmente é um dos ambientes de produção mais caros e complexos já utilizados. Entretanto o que ele adiciona de sobrecarga tecnológica, ele compensar em outros aspectos.
Filmagens em diferentes localidades que podem custar tempo e dinheiro. Com "The Volume" é possível trazer vários ambientes diferentes sob o mesmo teto.
Outro ponto já apresentado é a renderização. O fato de efeitos e planos de fundo poderem ser renderizados em tempo real economiza muito tempo. Também acelera o processo criativo, com decisões que podem ser tomadas na hora pelos cineastas e atores.
O processo de produção de "The Mandalorian" é completamente inovador, o que aumenta as chances de outras produções passarem a utilizar “The Volume” daqui para frente.
Vale lembrar que a 3ª temporada já foi confirmada e tem estreia prevista para 25 de dezembro de 2021.
Este artigo foi escrito por Luana Brigo e publicado originalmente em Prensa.li.