Meditação
MEDITAÇÃO
Sento ereto na almofada rente ao chão
Meus pensamentos fluem como água de um riacho
Os ombros relaxam, as costelas se expandem, sou respiração
É na madrugada serena e na mudez do mundo que me acho
Os pássaros calados, a lua sorrindo e lá fora ainda reina a escuridão
A narina inala, a narina exala e a espinha incandesce como facho
O ar fresco entra, o ar cálido sai, já bate calmo o coração
A dor no joelho, o inseto na pele e a brisa no rosto, advertem o tato
O vento zunindo, o suspiro do gato e a buzina do carro, dançam na audição
O perfume da vizinha, o café coando e a chuva caindo, beijam-me o olfato
A pálpebra aberta, a brancura da parede e o leve ardil nos olhos, fixam minha visão
A papila doce, a saliva viçosa, transbordam em todo palato
Enraizado nos meus sentidos, o presente é dono da minha atenção
Pois é no silêncio do agora que eu e Deus mantemos contato
Nesta frequência tácita que oro minha meditação
Sinto muito, me perdoe, te amo, está feito. Sou grato.
Este artigo foi escrito por Mauro Buffalo e publicado originalmente em Prensa.li.