Moda cibernética
Pode-se dizer que a moda virtual se popularizou durante a pandemia de covid-19. Por conta do isolamento social, que se instalou globalmente desde o ano passado, inúmeras marcas do mundo da moda pausaram seus desfiles presenciais e migraram para a internet, apresentando seus produtos em exposições virtuais ou curtas-metragens.
Se antes as pessoas gastavam rios de dinheiro em bolsas e calçados de marcas de grife, hoje esse dinheiro tem sido usado em roupas virtuais na internet. Um tipo de acessório exclusivo para os consumidores cibernéticos e intransferível para o mundo real.
Muitos criadores de conteúdo viram vantagem na nova passarela virtual. Os influenciadores começaram a aceitar a ideia da possibilidade de gastar dinheiro com roupas “fake”, que só poderiam ser vistas pelas lentes das câmeras. Ou seja, os famosos filtros do Instagram, compondo hoje quase uma realidade paralela.
Futuro da moda
As opiniões se dividem quando o assunto é moda digital. Cada lado pensa de forma diferente sobre o futuro da nova tendência. Os conservadores não são atraídos o suficiente pelos guarda-roupas digitais e vêem pouca utilidade neles.
A grande maioria acredita que os painéis cibernéticos chegarão ao fim com a volta das atividades sociais após a pandemia. Por outro lado, os mais jovens defendem que a nova moda é uma oportunidade para que cada vez mais os estilistas criem suas artes.
Segundo os mais otimistas, as plataformas digitais oferecem opções ilimitadas de tecidos na hora de elaborar uma criação. Dessa forma, as plataformas digitais podem ser de grande serventia para os profissionais que trabalham com a internet.
Pessoas pagarem por roupas que serão usadas apenas no meio virtual não é uma novidade. Para os fanáticos em video games esse conceito é antigo.
A personalização de vestimentas no mundo dos jogos costuma ser chamada de “skins”, ou seja “peles”. Muito utilizado em jogos famosos como Grand Theft Auto V e League of Legends.
Outro exemplo é nos jogos de aplicativo como o Covet Fashion, onde os usuários vestem seus avatares com roupas de grife renderizadas digitalmente.
A Glu Mobile, a desenvolvedora de jogos responsável pelo aplicativo de moda, faturou US$54 milhões com o game somente em 2018.
Batalha contra o fast fashion
O termo “fast fashion” se refere ao modo de impulsionar o consumismo produzindo roupas de baixa qualidade.
Um outro argumento dos defensores da moda digital, é que a tendência poderia ser usada como uma medida para combater essa realidade pouco sustentável.
De acordo com um relatório produzido pela Global Fashion Agenda, inúmeras peças de produção em massa são usadas menos de cinco vezes e geram 400% mais emissões de carbono do que a moda tradicional, que tem uso médio de 50 vezes.
E não é só isso, esse tipo de confecção envolve o aumento do desmatamento, uso de fertilizantes e agrotóxicos, além de impulsionar o trabalho escravo.
Por essas razões, a moda digital, ou “digital fashion”, é considerada por muitos como uma opção mais sustentável. E segundo seus defensores, é também completamente viável quando aplicada para o público certo.
Este artigo foi escrito por Bruna da Cruz Souza e publicado originalmente em Prensa.li.