Monólogo com a tristeza
Ela olháva-me de longe... Acabrunhada... E envergonhada... Eu já a conhecia... De tempos idos.... Longinquos demais... Para que eu lembrasse... De algo mais...
- Venha e aproxime-se!
Disse eu...
- Não posso...
Algo poderoso...
Afasta-me...
Imediatamente!
Disse ela...
Tudo bem...
Fique de longe então...
E diga-me de onde vens...
- "De rodear o mundo e passear por ele"
Disse-me ela...
- O que contas?
Pareces muito aborrecida...
E chateada demais...
Para um dia tão lindo...
Com uma brisa tão gostosa...
E abençoada!
- Sim estou aborrecidíssima...
Antes tudo que eu precisava era...
- Baixar a auto estima...
- tirar a auto confiança...
- Aumentar o tédio e pronto!
A alegria e o bom humor iam embora...
E eu chegava...
Deitava e rolava...
E a criatura ficava...
Uma tristeza só...
- HA HA HA HA HA HA!
Rí alto e histéricamente...
Que cheguei a soluçar...
- Não é pra rir...
É pra chorar!
Enfezou-se ela...
E qual a razão da sua tristeza...
Ha ha ha ha ha...
Insisti eu...
- Seu louco varrido...
Agora as criaturas...
Ficam tristes sozinhas...
Não precisam de mim pra nada...
Já estou gorda...
Velha e reumática...
Por falta de exercícios...
Assim não dá pra continuar!
- Por que você não fica aqui comigo...
Um tempinho...
E se exercita...
- Você está louco?
Eu já disse...
Ele...
Simplesmente não deixa...
E eu já vou indo...
Antes que Ele...
Me veja....
- Então vá com Deus!
Disse eu...
- Nãããoooooooo !
Não fale o nome Dele...
Se Ele...
Me encontrar aqui...
Me manda para aquele lugar...
Infernal...
- E ela se foi...
Em disparada...
Correndo enlouquecida...
E como sempre...
Nem se despediu...
Fazer o quê!
Néh?!??
Este artigo foi escrito por Erald Bast e publicado originalmente em Prensa.li.