Na natureza selvagem: análise da obra
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Na Natureza Selvagem surgiu primeiramente com o livro-reportagem de 1996 do autor Jon Krakauer que veio para nos inspirar e nos questionar. Após alguns anos — em 2007, o filme apareceu nas telinhas para conhecermos ou revisitarmos a história de Chris, ou como posteriormente ele mesmo se apelidou: Alex Supertramp. Ambas obras narram a história real de um rapaz que se aventurou nas estradas dos EUA, até chegar ao seu ponto de destino: O Alasca.
A adaptação é fiel ao livro, narrando a jornada do jovem de classe média que planejava jogar tudo para o ar e viver na natureza, se tornando assim um andarilho.
Supertramp: uma história inspiradora
A sociedade em que vivemos e que Chris-Alex vivia já na década de 80/90 é marcada pelo capitalismo, não temos como fugir disso. Mas Chris não se contentava com a ideia e queria reverter a situação de homem quase corrompido, com sua angústia que sentia há anos por decorrência de uma adolescência conturbada (que é outro tópico para analisar psicologicamente).
Então após sua graduação da faculdade colocou vida aos seus planos, decidindo que se libertaria de todas as amarras que a sociedade coloca em nós em busca do seu autoconhecimento e verdade.
Os pensamentos e críticas de Chris são mostrados no filme nos fazendo imergir dentro de sua cabeça para compreendermos suas reais motivações, suas inspirações (autores como Tolstoi, Jack London e Thoreau fizeram parte do seu repertório) e sentimos na pele (se você for empático também) as emoções dele no decorrer dessa jornada de aventura e liberdade.
A famosa frase “A felicidade só é real quando compartilhada” gruda em nossas cabeças, no entanto, percebemos que apesar de nômade e às vezes solitário, Chris conheceu muitas pessoas de bons corações. Mas ele nunca se apegava profundamente mesmo em situações que a relação entre os envolvidos era parecida com a parental ou quando houve um pequeno romance, ele sempre visava a próxima parada, a próxima aventura.
Dessa forma desapegada e aproveitando os breves momentos de felicidades com as pessoas que cruzaram seu caminho com seu espírito livre Chris foi feliz e com certeza viveu de verdade!
Nessa jornada descobrimos o verdadeiro sentido da vida, a conexão com a essência humana e os princípios básicos esquecidos. Christopher McCandless com certeza viveu corajosamente em busca da sua verdade, deixando um legado que nunca será esquecido.
"Tanta gente vive em circunstâncias infelizes, contudo, não toma a iniciativa de mudar sua situação porque está condicionada a uma vida de segurança, conformismo e conservadorismo, tudo isso parece dar paz de espírito, mas na realidade nada é mais maléfico para o espírito do homem que um futuro seguro.
A coisa mais essencial do espírito vivo de um homem é sua paixão pela aventura. A alegria da vida vem de nossos encontros com novas experiências […]”
Final trágico…
Eu não vou mencionar como acaba o livro, nem o filme, mas estejam preparados para se emocionarem ainda mais. Mesmo a felicidade e aventura chega a um final e às vezes não esperado, porém, eu não deixo de honrar sua memória ou deixar que esse fator trágico corrompa toda uma história de vida belíssima.
Curiosidades:
Muitos fãs da obra se aventuraram ao longo dos anos pelo mesmo caminho que Chris trilhou, alguns com sucesso e outros tiveram o mesmo destino.
O emblemático “ônibus mágico” da obra foi visitado por muitos fãs, também pela verdadeira família de Chris. Porém, o ponto de referência localizado em uma floresta do Alasca não se encontra mais lá, a guarda nacional do Alasca teve que retirar de seu local original por questões de segurança.
Cinematograficamente falando…
Por fim, devo mencionar que a fotografia do filme com sua paleta de cores sempre destacando o verde — a natureza, com efeitos visuais simples e cenas longas é o que torna ainda mais único e especial para cada pessoa que foi tocada por esse enredo.
Somos tocados também pela trilha sonora IMPECÁVEL composta exclusivamente pelo cantor Eddie Vedder que combina perfeitamente com tudo pela caracterização das letras com o enredo e personalidade do protagonista.
Considerações pessoais
Na natureza selvagem são obras completas, tanto o filme e o livro temos essa imersão que nos marca mesmo após anos que lemos ou assistimos.
Como para Chris para mim também criar raízes é algo excruciante, por outro lado, criar asas para voar longe é mais fascinante.
Carrego no coração todas as “lições” e o desejo enraizado no meu coração desde então é o mesmo que ele carregava… o de LIBERDADE. De encontrar a verdade, o real sentido para estarmos vivos e ter as experiências que tornam nossa existência em algo belo para podermos dizer no final de tudo “eu vivi”.
Espero que você se emocione quando assistir e tenho certeza que irá! Conheça também a obra de Jon Krakauer.
Essa análise foi feita com todo meu coração, derramei algumas lágrimas e me arrepiei toda de emoção com minhas reflexões, também na busca de referências de artigos que deixarei logo abaixo.
Espero que tenham gostado e que de alguma forma tenham sido tocados e vivam! Busquem sua verdade, sua liberdade, sua felicidade!
Até mais,
Isabela S.
Este artigo foi escrito por Isabela Santin e publicado originalmente em Prensa.li.