Nem toda inovação é progresso
IA que reconstrói, IA que vigia, telas que exaurem... a tecnologia precisa voltar a servir quem importa: as pessoas
Três dimensões da transformação digital colocam a tecnologia sob lentes diferentes e complementares. Na Prensa Tech de hoje analisamos um dos grandes dilemas da tecnologia.
De um lado, a pressão por reinventar produtos com IA desde a base. Do outro, o desafio urgente de equilibrar o uso de telas e preservar o bem-estar. E, no meio desse caminho, o varejo testa os limites da personalização sem comprometer a confiança do consumidor. São movimentos que mostram que inovar não é só fazer melhor, é refletir sobre por que e para quem se inova.
Quando o produto nasce AI-first, o legado é reconstruído
Em vez de adaptar o que já existe, empresas que adotam o modelo AI-first estão redesenhando sua forma de construir produtos digitais. A proposta não é apenas incorporar recursos com inteligência artificial, mas colocar a IA como eixo central do pensamento de produto — desde a concepção até a experiência final.
Essa mudança exige mais do que tecnologia: implica repensar processos, fluxos de trabalho, cultura organizacional e sistemas herdados. Startups naturalmente já nascem com esse modelo mental. Mas e as empresas maduras? Elas carregam legados valiosos — técnicos, humanos e simbólicos — que não podem simplesmente ser descartados. O desafio está em realinhar esse acervo para que funcione a favor da nova arquitetura de produto.
A reflexão ganha peso num cenário em que soluções baseadas em IA não são mais diferenciais, mas expectativas básicas do mercado. Em novo artigo, o Canaltech propõe: é hora de construir produtos que não apenas usem IA, mas que só façam sentido por causa dela.
As telas nos dominam — e a resposta pode vir da própria tecnologia
Crianças que dormem mal. Adolescentes com crises de ansiedade. Adultos improdutivos, dispersos, esgotados. O excesso de exposição às telas é um problema de saúde pública que atravessa gerações — e o paradoxo é que a solução pode estar no próprio digital.
O Projeto Draft mostra como a tecnologia pode ajudar a monitorar, modular e educar o uso das telas. Aplicativos com controle parental, definição de horários e pausas programadas são ferramentas que auxiliam no estabelecimento de limites. Mais do que isso, podem gerar consciência de uso em famílias e organizações.
A matéria também traz dados preocupantes: o brasileiro passa, em média, 9 horas por dia conectado — e a Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda no máximo 2 a 3 horas para crianças e adolescentes. Não se trata de proibir, mas de equilibrar — e esse equilíbrio só é possível com protagonismo de pais, escolas e empresas de tecnologia.
IA no varejo: personalização sim, manipulação não
No varejo, a inteligência artificial está no centro de uma revolução silenciosa. Ferramentas de IA permitem capturar dados comportamentais em tempo real, gerar recomendações instantâneas e ajustar ofertas com base em microvariáveis. A promessa é clara: transformar a jornada de compra em algo fluido, pessoal e eficiente.
Mas toda promessa vem com um risco. E, nesse caso, o risco é cruzar a tênue linha entre personalizar e manipular. Até que ponto o consumidor está ciente do quanto seus dados estão sendo usados? Como garantir que decisões algorítmicas não reforcem vieses, invadam a privacidade ou coloquem interesses comerciais acima da transparência?
O desafio, portanto, não está apenas na adoção da IA, mas na construção de um ecossistema de confiança. O artigo propõe uma reflexão urgente: enquanto o varejo avança rumo à personalização radical, é preciso colocar a ética no mesmo ritmo da tecnologia.
Essa é a sua Prensa Tech de hoje! Até segunda que vem! 😎🧑💻