Notícias Falsas
As notícias falsas ou fake news, são o mal da era digital, com repercussão em sites, portais, blogs e redes sociais, notadamente no Whatsapp e no Facebook. Os bots (Internet bot ou web robot) - programa de computador criado para automatizar procedimentos - estão sendo amplamente utilizados para disparar fake news. São o mal com o qual se tem de lidar, com estratégia e argúcia, identificando sua presença viral em torno dos fatos, e contrapondo a sua ação perversa e destrutiva com informação verdadeira, comunicação direta com os públicos envolvidos e, em casos extremos, ação judicial.
A internet, que traz tantos benefícios, não pode sucumbir à ação nociva de robôs virtuais e agentes de carne e osso, esses últimos personificados por caluniadores, porta-vozes de retóricas reacionárias, que se comportam como júris, promotores e juízes de tribunais virtuais, julgando e proferindo sentenças, e também como carrascos e linchadores propagando ódio e violência. Os usuários éticos, assim como os parceiros comerciais da Web - investidores e anunciantes - terão de se familiarizar com o fenômeno e entrar na briga para identificar notícias falsas e depurar o ambiente virtual. Há pesquisas que indicam que a credibilidade da internet como fonte de informação já é duvidosa, e essa ameaça à sua reputação está diretamente ligada à contaminação da rede pelas fake news. Outras pesquisas apontam que num universo de 100% de internautas impactados por notícias falsas apenas 30% chegam à verdade dos fatos.
Recentes rastreamentos feitos nas redes sociais, autorizados judicialmente em razão de processos contra a difamação da imagem de artistas brasileiros identificou a ação de robôs disparando em poucas horas milhares de postagens falsas, repercutidas de forma vil e sensacionalista por oportunistas midiáticos.
A sociedade mundial merece o advento da internet, que torna-se cada vez mais um canal indispensável para a comunicação, a informação, a aquisição de serviços e entretenimento. Cabe, no entanto, o cuidado de observar que, se por um lado ela reflete a expressão de diferentes opiniões e até mesmo o confronto de narrativas, que são direitos legitimados numa democracia, por outro abre um enorme flanco para a ação encomendada a hackers e empresas com o objetivo de utilizar expedientes covardes nos ataques virtuais, com divulgação de mentiras e difamação sistemática. E a quem, por ventura, relativiza os ataques dirigidos aos seus desafetos, achando-os bem-vindos, saiba que isso é grave, e tem que ser repudiado e criminalizado.
Este artigo foi escrito por Octavio Perelló e publicado originalmente em Prensa.li.