Novo Kindle Amazon, e o que há de novo?
Imagem: Sunrise King / Unsplash
A Amazon revolucionou a leitura investindo no formato digital, e hoje é dona de nada mais nada menos do que a maior plataforma de autopublicação do mundo! E não só isso, investiu também em dispositivos próprios. A princípio, com uma tecnologia muito inferior à dos smartphones e tablets da época e usando uma tela monocromática, se tornou a referência no setor, o que fica evidente quando você diz que deseja adquirir um Kindle e não um E-reader!
A história
Longe de ter sido o 1º E-reader da história, o Kindle, que significa "ascender'' no sentido de “colocar fogo”, nasceu com a ideia de incentivar a leitura, como uma faísca. O projeto teve início em 2004 e tinha o nome de “Fiona”, mas só foi lançado em 2007. Por influências do design dos aparelhos da Blackberry da época, ele contava com um teclado semelhante.
Essa 1ª versão parecia muito com o que realmente popularizou os E-readers, o Sony Librie, lançado no mesmo ano que Jeff Bezos iniciou o seu projeto. A Sony foi a 1ª empresa a produzir E-readers em massa e com preços acessíveis. A Sony lançou novas versões do Librie que posteriormente foi substituído pelo Sony Reader.
Imagem: Amazon / divulgação
O lançamento da Amazon contava com uma memória de 256Mb para armazenamento, onde cabiam cerca de 200 livros, o que é uma verdadeira biblioteca pessoal. E apesar de não ser o mais tecnológico do mercado, o novato Kindle, tinha um grande diferencial, pois os livros poderiam ser comprados e baixados direto da plataforma Kindle store, pela internet, enquanto que os concorrentes tinham que fazer manobras com computadores e cabos!
A plataforma tinha mais de 88 mil livros disponíveis, mas esse número explodiu de vez impulsionado pelo sucesso de vendas dos aparelhos, que assim como hoje não eram baratos, mas no início o preço era bem mais salgado para falar a verdade. Para fins de comparação, hoje o modelo mais básico, está custando menos de 400 reais, já em sua 1ª aparição, custava cerca de 400 dólares! Lembrando que só era vendido nos Estados Unidos.
O Kindle só recebeu o “touch” na versão Kindle Touch, que pode se chamar de 5ª geração, em 2011. O teclado já havia sido dispensado na versão anterior, porém essa versão além de trazer o touch, tão aguardado na época, trouxe também inovações de softwares, com app’s do Kindle para várias plataformas já consagradas como Apple, Android e Windows, possibilitando o usuário acessar a loja e ler os livros em outros dispositivos.
Em 2012, foi lançada a linha mais eficiente: o Kindle Paperwhite. A evolução era nítida, todos os botões haviam finalmente desaparecido de vez, e o processamento teve um ganho de capacidade satisfatório. A tela era muito mais tecnológica, contando com regulagens de iluminação. O software passou a oferecer a projeção de tempo para finalizar a leitura, que é um recurso muito elogiado entre os usuários.
Esse também foi o 1º dispositivo da Amazon no Brasil, que chegou 1º como loja de e-books e depois introduziu o seu E-reader. No ano seguinte chegou o serviço Kindle Unlimited, que oferece um grande acervo de livros por uma assinatura mensal.
A Concorrência
A Amazon não está sozinha no mercado como pode parecer, a Sony, o Kobo e o Nook, continuam firmes e dando muito trabalho, mas isso só no exterior, no mercado nacional ela reina absoluta mesmo.
A gigante chinesa Xiaomi, entrou de vez nessa briga e vem para competir em todos os 3 níveis, com aparelhos básicos, intermediários e premium. E espera-se que o Brasil receba ao menos o modelo básico. Outra chinesa que não quis ficar de fora desse mercado é a Huawei, que lançou no início de 2022 o MatePad Paper, que é uma junção de tablet e E-reader, um verdadeiro monstro, mas o preço é igualmente assustador, acima dos 2 mil reais.
Por que usar um E-reader?
O objetivo dos E-readers, é simular a leitura no papel, por isso as telas são monocromáticas (preto e branco). Essa tecnologia é chamada de E-Ink, ou seja, tinta eletrônica. Ela é eficiente por não cansar as vistas, já que não emite luz azul.
As telas usam sistema similar ao binário que funciona com “pixel preenchido ou não” para mostrar o conteúdo, similar aos primeiros celulares, relógios e painéis digitais que conhecemos.
Inclusive, o Kindle, famoso pela durabilidade da bateria, deve essa glória a essa tecnologia, que tem baixa resolução e baixo consumo de energia. Lembra quanto tempo durava a bateria dos celulares antigamente? Em grande parte graças à tecnologia usada na época.
O mais novo queridinho dos E-readers
A Amazon acaba de lançar o seu novo Kindle, a 11ª Geração do Paperwhite. Mas ele tem várias atualizações e não está sendo chamado pelo número da geração como estava acontecendo desde a 7ª. A empresa escolheu anunciar o dispositivo como Novo Kindle Paperwhite. Isso se deu pelos grandes upgrades que a versão recebeu, inclusive no preço. Agora só a versão básica segue com a nomenclatura de gerações.
Duas grandes novidades são percebidas de imediato: a tela, que agora é de 6,8” e a tão aguardada conexão USB do tipo C! A empresa foi por muito tempo criticada, por ainda fazer uso do padrão Micro USB em seus dispositivos. O que é não por acaso, já que o padrão USB-C, lançado em 2014 foi “abraçado” pela maioria das grandes empresas de tecnologia, porém ao adquirir um Kindle, havia a decepção pela ausência do novo padrão.
Esse novo padrão, que de novo não tem nada, é extremamente superior aos seus antecessores, tanto em taxa de transferência de dados como no volume de energia entregue no carregamento da bateria.
No mais, a tela não teve um simples aumento de tamanho, a iluminação foi totalmente remodelada, pulando de 4 para 17 leds! Ainda usa 2 tipos de leds, o que lhe permite uma configuração diferenciada, semelhante ao do modelo premium, com controle de temperatura. Perfeito para ler, inclusive à noite. A qualidade da tela aumentou de 167 ppi para 300 ppi! A sigla PPI refere-se ao número de Pixels por Polegada de uma Imagem.
Os elogios de sempre
A bateria do Kindle é alvo de muitos elogios para a Amazon, e neste modelo não é diferente. A empresa garante a duração de aproximadamente 100 horas ou 10 semanas com uso de 1 hora e meia por dia.
Outra fonte de elogios é o fato do aparelho ser à prova d’água com classificação IPX8, que lhe protege de acidentes, e permite que você o leve para todo canto, que julgue possível usá-lo.
Reclamações novas e velhas
O preço com certeza é uma reclamação recorrente, e para essa nova versão, não faltou motivos, já que teve um salto de R$499 pagos pela versão da 10ª geração, para R$699,00! O modelo anterior do Paperwhite foi eliminado da plataforma da Amazon, e agora entre o básico e o intermediário a diferença de preço ficou mais clara, pois o modelo de entrada está custando quase a metade do preço: R$369,55, assim como o Novo Kindle Paperwhite está custando quase a metade do dispositivo premium.
Como ninguém agrada a todo mundo, há uma versão do novo dispositivo, chamada Signature Edition, que traz apenas 3 diferenças para o Paperwhite normal, que são o armazenamento de 32Gb, que em se tratando de E-books, não faz sentido, pois como vimos no início, a memória de 256Mb do 1º Kindle, comportavam cerca de 200 livros, 8Gb já é um espaço monstruoso, o que fazer com 32Gb? Sinceramente é desnecessário.
A 2ª diferença é o controle automático de iluminação da tela. Algo que realmente não é mexido com frequência, portanto não justifica a aquisição de um E-reader mais caro para obter tal função. E por último, a versão traz o suporte a carregamento sem fio. Novamente, algo que não se faz necessário, uma vez que a bateria dura meses literalmente, essa opção se faz um tanto quanto dispensável. E tudo isso custa exatos R$200 a mais!
Qual a melhor opção?
Para quem está chegando agora nesse mundo dos livros digitais, o conselho é começar no básico. O modelo atende perfeitamente às suas necessidades e traz consigo uma experiência que lhe fará amar ou odiar a leitura digital.
Se já está habituado(a) com E-readers, o Novo Kindle Paperwhite é a melhor pedida, pois tem características que saberá aproveitar, e que quem é iniciante pode deixar passar em branco. Ou seja, é o melhor custo benefício.
Já se o dinheiro está sobrando, a Ferrari dos E-readers se chama Oasis! Seu maior apelo é a ergonomia, pois seu design anatômico se ajusta facilmente à mão e permite um conforto maior durante a leitura. Ele é o mais bonito dentre os Kindles, com acabamento em alumínio, mas se prepare, como falamos, o valor é praticamente o dobro do Paperwhite, custando R$ 1.349,00.
Este artigo foi escrito por Reinaldo Coelho e publicado originalmente em Prensa.li.