O contemporâneo precisa das mulheres
Zina Aita, Sem Título. Disponível aqui.
No dia 8 de março comemora-se o Dia Internacional da Mulher. Para amenizar o tom áspero das motivações relacionadas à data, acredita-se que flores e bombons resolvam a questão.
O debate em torno da data vai mais além. Lutas por direitos ainda não conquistados e por espaços de trabalho mais igualitários e menos discriminatórios e a ocupação, por direito, de locais legítimos para exercitar a voz e exercer a atividade escolhida constituem a pauta da reunião feminina contemporânea. Durante muito tempo, o papel das mulheres foi reduzido a tarefas do lar e atividades ligadas à criação dos filhos e filhas, como se a plenitude de ser mulher começasse e terminasse aí.
Os dias atuais vêm mostrando o significado do papel social das mulheres, sempre exercido e nem sempre legitimado ou reconhecido. A palavra legitimação talvez nos leve ao impulso de perguntar: a quem é atribuído o poder de legitimar o papel social da mulher? A ela própria? Ao gênero masculino? A sequência de provocações parece interminável.
Em todos os campos de atuação social, a mulher ainda encontra resistência e a inserção no campo das artes, na ciência, na política e outros espaços de atuação ainda parece cheia de obstáculos. Visibilidade tornou-se palavra de luta em tempos onde as mulheres ainda precisam de pleno reconhecimento, acima de tudo no campo profissional, e tudo começa dentro de casa.
A segunda pele que habitam é o local onde as meninas precisam ser entendidas como sujeitos humanos e políticos em formação. A educação feminina não necessita prepará-las somente para a geração de outras vidas. Há dentro das mulheres um inventário de características que as instituições podem aproveitar para o crescimento de todos e todas em uma sociedade globalizada.
A globalização, quando pretende relações de reciprocidade, parece excluir a exclusão. Neste contexto, as mulheres podem ter um lugar reservado para expandir ideias e projetos onde existem tantos outros. Sabe-se que a globalização não tem sido modelo de coerência e, nesse contexto, a desigualdade aparece também entre os homens, mas tratarei deste item em outro artigo.
Fiz tal afirmação somente para lembrar da desigualdade como uma questão a ser cuidadosamente discutida quando se pretende a igualdade de gêneros, guardadas as devidas proporções. Ao fazer um balanço da situação da mulher no cenário mundial, observo a importância de pensar, para o feminino, uma trajetória por menos flores e mais respeito para o alcance de objetivos e resultados a médio e longo prazos.
Zina Aita, Sem Título. Disponível aqui.
Este artigo foi escrito por Rosa Acassia Luizari e publicado originalmente em Prensa.li.